27/02/2009
Uso de anorexígenos é abusivo
EUA, Brasil e Argentina são os maiores consumidores
Um novo relatório divulgado pelo International Narcotics Control Board (INCB), entidade ligada às Nações Unidas, mostra
que Estados Unidos, Argentina e Brasil lideram o consumo de drogas anorexígenas, os chamados inibidores de apetite. Segundo
o estudo, os três países responderam por 78% do consumo mundial desse tipo de estimulantes em 2007.
No período, os Estados Unidos apresentaram um consumo de 9,5 doses diárias de anorexígenos para cada mil habitantes (S-DDD,
na sigla em inglês). A Argentina e o Brasil, por sua vez, consumiram 7,7 doses por mil naquele ano.
A responsável pela Seção de Controle de Psicotrópicos do INCB, Margarethe Ehrenfeldner, considera que ainda falta informação
sobre os riscos do consumo inadequado de anorexígenos. "As pessoas precisam saber que não é chiclete", aponta Margarethe.
"Além de causar dependência, pode acarretar problemas renais, hepáticos e cardíacos graves."
A fentermina é o estimulante mais consumido no mundo, mas, no Brasil, o fenproporex ocupa o primeiro lugar, seguido pela
anfepramona, pela fendimetrazina e pelo mazindol. Todos são derivados da anfetamina. "Depois de seis ou oito semanas de uso,
os neurotransmissores estão esgotados e o medicamento já não inibe tão bem o apetite", explica a farmacêutica Mônica Gontijo,
pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "As pessoas aumentam então a dose sem prescrição médica."
Mônica, que trabalha também na Vigilância Sanitária de Belo Horizonte, realizou uma pesquisa sobre o consumo de anorexígenos
na capital mineira. Cada grupo de mil habitantes consome 19,75 mg de anorexígenos por dia, um valor 40 vezes maior do que
o observado na Europa.
A pesquisadora também sublinha a necessidade de melhorar a formação dos médicos. "Antes, era comum encontrar receitas
com doses maiores do que as necessárias", afirma Mônica, apontando que a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), de 2007, que estabelece critérios mais rígidos para prescrição e comercialização desse tipo de anorexígenos, tornou
mais racional o uso dos medicamentos.
Fonte: O Estado de São Paulo