A Faculdade Ingá (Uningá), de Maringá, queimou todas as provas dos alunos que fizeram o vestibular da instituição no mês passado.
Os documentos poderiam mostrar qual a verdadeira colocação dos candidatos no processo seletivo de Medicina e serviriam de
provas numa ação movida por dois alunos que contestam os resultados.
Segundo o advogado dos estudantes que movem ação na Justiça contra o vestibular da Uningá, Altair Ramos, a destruição
das provas lança ainda mais suspeitas sobre o processo seletivo. A confusão começou quando a faculdade divulgou uma lista
de espera (segunda chamada) em que nomes de pelo menos 14 candidatos a uma vaga no curso de Medicina apareciam em duplicidade.
A lista esteve no site da instituição por apenas alguns minutos e em seguida foi corrigida, mas foi copiada por alguns
alunos que suspeitaram que o erro pudesse esconder manipulação de resultados.
A faculdade informou que havia identificado o erro na publicação e descartou a hipótese de fraude. Mesmo assim, dois estudantes
que se sentiram prejudicados entraram com um mandado de segurança, na 2ª Vara Federal de Maringá, exigindo ver suas pontuações
e a pontuação do último colocado no concurso.
No dia 27 de setembro, o juiz da 2ª Vara, Marcos Cesar Romeira Moraes, determinou que a faculdade deveria pagar uma multa
diária de R$ 1,5 mil e deu prazo de 2 dias para o cumprimento da decisão.
Segundo o advogado Ramos, a faculdade não cumpriu o prazo e só na última quinta-feira informou à Justiça que não tinha
como apresentar as provas solicitadas porque tudo já havia sido incinerado.
"A surpresa nossa foi que, depois de passado o prazo legal para se manifestarem, informaram que não poderiam atender a
determinação do juiz porque no dia seguinte ao esgotamento do prazo de recursos, que era de 24h, tinham incinerado todo o
material. Faz 15 dias que foram intimados e nunca falaram que já haviam queimado tudo. É muito estranho", comentou.
Segundo Ramos, a situação jurídica da faculdade pode se complicar por causa da destruição das provas. "É uma situação
incomoda para eles e agora ficamos à espera da decisão do juiz." O advogado disse que vai aguardar a decisão para resolver
quais os próximos passos.
"Além disso, o Ministério Público vai ser intimado a se manifestar no mandado de segurança e deve tomar alguma atitude,
afinal fere o interesse de aproximadamente duas mil pessoas", completou.
Procurada pela reportagem de O Diário para falar sobre o assunto, a diretora de Comunicação e Marketing da Uningá, Magali
Roco, pediu que a solicitação de informações fosse enviada por e-mail. O jornal enviou os questionamentos, mas não recebeu
as respostas até o fechamento desta edição.
Para lembrar
O Conselho de Medicina do Paraná (CRM-PR) divulgou comunicado, no mês passado, alertando estudantes que a abertura de
vagas no curso de Medicina da Uningá está "sub judice" e que os alunos devem estar preparados para eventual decisão de encerramento
do curso. A instituição obteve autorização para funcionamento do curso em decisão proferida em caráter liminar do Tribunal
Regional Federal da Primeira Região.
Fonte: href="http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/500064/uninga-incinera-provas-de-vestibular-alvo-de-acao/" target="_blank">O
Diário
Publicado em 08/10/2011