08/10/2010

Um mês do médico para refletir e agir


Temos um segundo turno da eleição à frente. Espero ocorra o melhor para a saúde e a democracia no nosso país e que pessoas realmente comprometidas com os projetos sociais do Brasil sejam eleitas.

Todos sabemos dos avanços do país nos últimos anos, particularmente no campo econômico. Mas também são evidentes as nossas mazelas nas áreas sociais, como educação, segurança e, particularmente, a saúde, tanto no setor público como no privado.

Esperamos que a questão do subfinanciamento da saúde seja superada com a regulamentação da Emenda Constitucional 29 e uma proposta orçamentária no contexto federal mais consistente e efetiva, para que tenhamos uma gestão competente, inclusiva e humanizada.
Somente assim, proposições de suma importância como o Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos e a Carreira de Estado para os médicos e os outros profissionais da saúde poderão se concretizar.

Da mesma forma, é essencial uma revisão urgente da regulamentação dos planos de saúde, com a determinação de um árbitro eficaz para que os pacientes e os prestadores de serviço sejam tratados com respeito e possa ser quebrado esse desastroso círculo vicioso atualmente colocado, que gera mais custos apesar de desvalorizar os profissionais e os usuários.

Também entendemos como fundamental a aprovação dos projetos de lei que definem critérios eficientes para a existência das faculdades de medicina, assim como o controle social rigoroso na abertura de novos cursos. Finalmente, devemos conseguir avaliar o ensino médico no Brasil e interferir positivamente na sua qualificação.

Com essas providências, será possível, desde a escola até o exercício profissional, garantir a qualidade do atendimento que todos os profissionais e a população brasileira esperam: um Sistema Único de Saúde coerente com os seus princípios e uma saúde suplementar digna.

Muitos países no mundo desenvolvido e em desenvolvimento conseguiram, em um período de tempo relativamente curto, corrigir essas graves distorções, quando implantaram projetos dessa natureza, haja vista o sucesso de muitas nações no pós-guerra.

É imperativo que assumamos este posicionamento firme de transformação dos problemas crônicos e desafios da saúde. Sendo médicos e tendo escolhido esta prestigiosa profissão, não temos o direito de desanimar e baixar a autoestima. As lideranças e a classe médica devem amadurecer e aprender a jogar, com estratégia e coesão, o jogo político democrático. O país espera de nós esta maturidade.

Tenho certeza de que essa reforma urgente no sistema de saúde deverá contribuir e muito para a necessária consistência dos programas sociais no Brasil, servindo como exemplo para as outras áreas.

Muitos desses processos, na verdade, já se iniciaram. Projetos de lei existem. Faremos a nossa parte criando todas as possibilidades de manifestação, mobilização e implantação dessas políticas. As gerações futuras esperam isso de nós. Boa sorte para todos e que Deus nos ajude. Feliz Dia do Médico!


Jorge Carlos Machado Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina

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