18/08/2021

Um mês depois de vencer a Covid-19, cardiologista de Maringá inicia retomada da vida profissional

Dr. Athauer Nogueira Costa, agora ansioso para comemorar o 33º aniversário, passou pelo menos 20 dias na UTI, foi intubado, fez uso de ECMO e passou por traqueostomia. CRM-PR saudou o médico em sua volta

Praticamente um mês depois de “vencer” a Covid-19, numa batalha que incluiu jornada de UTI, intubação, uso da ECMO e traqueostomia, o cardiologista Athauer Nogueira Costa começou a retomar as suas atividades profissionais nesta semana, em Maringá, ainda que em ritmo bem comedido diante da rotina na linha de frente no enfrentamento da pandemia antes de ser alcançado pela doença. Ainda sofre com as sequelas do vírus, a começar pelo olfato e paladar prejudicados, passando pelo desgaste emocional e o físico, agora exigindo acompanhamento fisioterapêutico para restabelecer movimentos e peso.

clique para ampliarclique para ampliarDr. Athauer, ao deixar a UTI. (Foto: GMC)

O médico (CRM-PR 33.563) conta que nunca perdeu a esperança de que resistiria à doença, mesmo nos momentos mais difíceis de agravamento. De acordo com ele, essa crença começava pela dedicação dos profissionais de saúde que estiveram ao seu lado, num zelo extensivo aos demais pacientes, e também pelo apoio da família. Casado há menos de um ano com a psicóloga Thaiane, e tendo a única irmã vivendo o período de maternidade, Dr. Athauer diz que estes eram componentes ainda mais estimulantes em sua luta pela vida, somados à convicção de que precisava voltar logo para salvar outras tantas.

Natural de Naviraí (MS) e prestes a completar 33 anos (aniversaria em 28 de setembro), o jovem médico formado no final de 2014 pela Universidade Estadual de Maringá reuniu-se na sexta-feira passada, véspera do Dia do Cardiologista, com a diretora da Representação Regional do CRM-PR, em Maringá, Dra. Fabíola Menegoti Tasca, que lhe prestou solidariedade e fez votos de que a recuperação continue acelerada de modo a restabelecer a normalidade de vida pessoal e profissional.

“A história do Dr. Athauer nos emociona e enche de esperança! Como ele, muitos médicos contraíram o vírus trabalhando para cuidar de outras vidas, que neste caso teve um desfecho maravilhoso. Nossa representação aqui em Maringá tem ouvido vários colegas médicos nesta pandemia, com situações como esta e outras como estresse e dúvidas sobre o tema”, disse a Dra. Fabíola Tasca, ressaltando que o Conselho de Medicina tem realizado importantes ações voltadas à atualização de conhecimento, de orientação para a rotina de trabalho durante a pandemia e de cuidados para a saúde mental dos médicos.

Especialista em Clínica Médica e Cardiologia, o Dr. Athauer lembra que, tão logo recebeu alta hospitalar, recebeu ligação do presidente do CRM-PR, Roberto Yosida, que é nascido e atuou na região Noroeste do Estado. Reforça que os muitos apoios recebidos ajudaram a tornar mais amena esta transição. Cita, ainda, as inúmeras mensagens de incentivo recebidas pelas redes sociais, inclusive de jogadores e comissão técnica de seu time do coração, o Palmeiras, como o atacante Rafael Veiga, o goleiro Jaílson e o ex-atleta e agora diretor Edu Dracena. O médico faz questão de contar este detalhe porque, ao deixar a UTI, foi vestido com uma camisa do Verdão e a comemoração de familiares e profissionais da Santa Casa incluiu até balões com o distintivo do time.

clique para ampliarclique para ampliarDr, Athauer e Dra. Fabíola Tasca. (Foto: CRM-PR)

Dr. Athauer relata que esteve trabalhando na Santa Casa e no Hospital Universitário, antes de ser contaminado. Primeiro estava de sobreaviso na cardiologia e, depois, teve de se engajar no trabalho na UTI geral. Estava com as duas doses da vacina, mas sentiu os primeiros sintomas da doença em 10 de junho. No quinto dia a situação se agravou e teve de ir para o hospital, onde na segunda noite já necessitou de UTI (dia 17). Com o agravamento do quadro, foi intubado e pronado.

Em seguida, por orientação dos médicos assistentes, precisou ser submetido ao tratamento com ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), que funciona como um “pulmão artificial”. Em 29 de junho, teve que ser submetido à traqueostomia. Nesta etapa de tratamento, que durou 20 dias, exaltou a dedicação dos profissionais, incluindo o ex-professor, pneumologista Giancarlo Sanches, a chefe da UTI da Santa Casa, Dra. Ellen, e o responsável pela ECMO, intensivista Jair Biato, "todos com  destacado papel neste processo".

clique para ampliarclique para ampliarDr. Athauer, nesta quarta (18), feliz pela volta ao trabalho. (Foto: Divulgação)

O médico teve alta da UTI no dia 5 de julho, uma segunda-feira, passando para a enfermaria. Este ato foi bastante comemorado e teve ampla repercussão nos meios de comunicação. Cardiologista do corpo clínico e plantonista da UTI da Santa Casa de Maringá, em mais alguns dias ele deixou a instituição para prosseguir com os cuidados em seu domicílio. Nesta semana, depois de vários dias de preparo, recomeçou a vida profissional com ida ao consultório. Aos poucos, como diz, vai avaliar a nova rotina de trabalho. Nesta quarta-feira, 18, registrou feliz a sua volta à Cardioclínica Maringá.

Infectados, mortes e recuperados

De acordo com as estatísticas oficiais do Estado, ocorreram mais de 73 mil notificações de suspeita de contaminação pela Covid-19 entre profissionais de saúde, sendo 5,7 mil de médicos. Destes, mais de 2 mil testaram positivo, sendo que 75% deles já foram declarados recuperados. Contudo, a Sesa contabilizava pelo menos 77 mortes de médicos até o fim de junho, número que, atualizado, já chega a 85.

clique para ampliarclique para ampliarDr. Rodrigo de Faria (Foto: JN)

Do grupo de vencedores da Covid-19, a exemplo do que ocorreu com o Dr. Athauer, está o Dr. Rodrigo César de Faria (CRM-PR 21.541), de Arapongas e com 17 anos de atuação profissional. Em abril último, em depoimento ao jornal Tribuna do Norte, de Apucarana, ele descreveu:

“Eu fui uma das vítimas do Covid-19; tive a forma grave e graças a Deus eu venci. Foram 27 dias internado, sendo 15 desses em UTI. Ainda enfrento algumas sequelas dessa doença, como hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca, suspeita de TEP, o medo, a crise de pânico e de ansiedade. Faço fisioterapia motora e respiratória diariamente e estou tentando voltar ao normal, não é nada fácil. Mudei muito. Espero voltar ao que eu era antes”.

O Dr. Rodrigo trabalhava no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de Apucarana. Sua infecção ocorreu em dezembro de 2020 e ele também ficou internado em hospital de Maringá. Em seu relato, ele descrevia a sucessão de mortes que ocorria nos leitos próximos e disse temer que não sobrevivesse. Hoje ele está tentando retomar suas atividades, mas dependente ainda de sessões de fisioterapia e exercícios físicos.

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