22/02/2022
Cidade metropolitana, 14° lugar no ranking populacional do Estado, conta com 150 médicos residentes. Saiba um pouco sobre os pioneiros Drs. Attílio de Almeida Barbosa Júnior, Wilton Marcondes, Lino Ercole e Waldemar Monastier, que nomeia hospital
Campo Largo comemora seu 151° aniversário de emancipação política neste 23 de fevereiro. O município metropolitano, que aparece entre os 20 maiores PIB do Paraná, também é um dos mais populosos. Com aproximadamente 135 mil habitantes, está em 14° no ranking estadual. Conta com mais de 150 médicos ativos e residentes, além de outros com domicílios em cidades vizinhas, e dispõe de UPA 24h, 15 unidades de saúde e ainda estrutura hospitalar que inclui os hospitais São Lucas, Infantil Waldemar Monastier, Rocio Centro e Rocio, este uma das maiores instituições privadas do Estado.
O CRM-PR congratula-se com os médicos, demais profissionais de saúde, gestores e servidores públicos e todos os demais cidadãos campo-larguenses. Do mesmo modo, reverencia a memória de todos aqueles que ajudaram a construir esta história de progresso ao longo de século e meio, incluindo os que “ficaram pelo caminho” nestes tempos de pandemia. Foram mais de 500 mortes pelo novo coronavírus, incluindo o prefeito Marcelo Puppi, que cumpria mandato em reeleição e faleceu aos 61 anos em 7 de janeiro do ano passado (foi sucedido por Mauricio Rivabem), e a médica pediatra Marissol Bassil (CRM-PR 12.135), que faleceu aos 55 anos em 23 de setembro de 2020. Ela atuou no Hospital Waldemar Monastier, como diretora-geral, e integrava o corpo clínico do Hospital Rocio e do Pequeno Príncipe, na Capital.
A classe médica igualmente rende sua homenagem aos profissionais pioneiros da cidade e, assim, citamos alguns personagens como distinção a todos os demais envolvidos nessa trajetória de atenção à saúde e de grande contribuição ao desenvolvimento de Campo Campo Largo. Os Drs. Attílio de Almeida Barbosa Júnior (CRM-PR 677), Wilton Marcondes (832), Lino Ercole (2.175) e Waldemar Monastier (66). Filho de um dos pioneiros e prefeito de Campo Largo, o Dr. Attílio, ou Dr. Bito como era carinhosamente chamado, hoje nomeia Unidade de Saúde e a UPA anexa inaugurada em maio de 2020. O Dr. Monastier empresta seu nome ao hospital infantil. Os quatro atuaram na mesma época e mereceram, em anos diferentes, a homenagem pelos 50 anos de formados com histórico exemplar, recebendo do Conselho de Medicina o Diploma de Mérito Ético-Profissional.
Os personagens
» Dr. Attílio de Almeida Barbosa Júnior (CRM-PR 677).
Nascido em Campo Largo, em 1°de maio de 1927, faleceu em 2005, aos 78 anos de idade. Seu pai, Attilio, nascido em 1883 na Lapa e que faleceu em 1962 em Campo Largo, foi por três vezes prefeito e deputado estadual, com intensa atuação política, inclusive participando da Revolução de 1930, quando foi cassado. Foi farmacêutico e hoje nomeia a principal praça da cidade.
Formado em dezembro de 1950 pela Universidade Federal
do Paraná, Dr. Attílio Junior fez o seu registro no CRM-PR em janeiro de 1959. Concentrou sua carreira de médico
na cidade natal, onde inclusive chegou a ser eleito vereador por mais de uma gestão e presidiu a Câmara, no final
dos anos 1950 e início dos 1960. Atuando como generalista e gineco-obstetra, fundou a primeira maternidade de Campo
Largo, a Nossa Senhora do Rocio, onde conduziu várias centenas de nascimentos.
Montou seu consultório em prédio central em 1953, onde quase 30 anos depois viria acolher a filha, que seguiu seus passos na Medicina (o filho é engenheiro eletrônico). A Dra. Gelcia de Almeida Barbosa (CRM-PR 6.805), formada no final de 1979, foi trabalhar no mesmo consultório do pai em 1982, logo após concluir residência médica em urologia no Hospital de Clínicas da UFPR. Em 2001, na passagem do Dia do Médico, o Dr. Attílio recebeu o Diploma de Mérito Ético pelos 50 anos de exercício profissional cumpridos de forma exemplar. Dentre os colegas homenageados na ocasião estavam os Drs. Carlos Felipe de Sio, Duilton de Paola, Darley Antonio Parolin, Jaber Farah, Ehrenfried Othmar Wittig, Luiz Carlos Sobânia e Emilio Salvador Granato.
"Meu pai era um pessoa inteligente, bondosa, estudiosa, de vanguarda, profundamente interessada na população de Campo Largo. Era um homem que sempre gostou das pessoas e um médico que sempre gostou de compreender e tratar as pessoas doentes, as adultas e as pequenininhas. Nos seus 55 anos de prática médica atendeu grande parte da população". Quem relata é a Dra. Gelcia, que acrescenta: "Após a formatura, ele permaneceu em Curitiba por alguns anos, especializando-se em Ginecologia e Obstetrícia na Maternidade Victor do Amaral e Hospital Infantil César Pernetta, atualmente parte do complexo Pequeno Príncipe".
Ainda de acordo com a filha, na sequência o Dr. Attílio estabeleceu-se de vez na cidade natal, abrindo o consultório na praça central que leva o nome de seu pai e onde se manteve ao longo da vida profissional. A Dra. Gelcia reforça: "Neste consultório ele atendeu milhares de pacientes., mas também fazia muitas visitas domiciliares e atendia pessoas em suas residências. Durante todo este período, indo a locais distantes, alguns de difícil acesso. Defrontava-se com casos complicados, que requeriam seu retorno diariamente para visita e controle do paciente, bem como partos muito difíceis, que o fizeram desenvolver a ideia de criar um hospital-maternidade. Viria e ser fundada em 1965 e ele deu o nome de Nossa Senhora do Rocio, visto que era devoto das Nossa Senhoras, em especial à do Rocio".
O Dr. Attílio ainda foi médico do trabalho por mais de três décadas na Porcelana Steatita/Schimidt, "sendo lembrado em muitíssimas famílias, visto que quase todos tinham parentes relacionados à grande fábrica", conta a filha, destacando que ele trabalhou como médico e diretor do posto de puericultura da LBA (hoje a extinta fundação LBA). "Ali ele realizava não somente a puericultura até um ano de idade, mas também fazia questão de atender as crianças maiorzinhas, para não deixá-las desassistidas. Muitas pessoas, adultos já, passaram por lá e lembram com muito carinho do médico exigente e brincalhão", completa a Dra. Gelcia.
» Dr. Wilton Marcondes (CRM-PR 832).
Nascido em Piraí do Sul (PR), no dia 4 de setembro de 1928, ele faleceu aos 89 anos, em 19 de março de 2018, poucas horas depois do falecimento de sua esposa Marly, com quem apenas uma semana antes tinha comemorado os 59 aos de união. D. Marly, prestes a fazer 80 anos, sofreu uma tromboembolia pulmonar e morreu no hospital na noite de 18, um domingo, e o Dr. Wilton sofreu parada cardiorrespiratória na manhã de 19. Eram pais Ivo Marcondes, médico cardiologista em São, Yvelise Francisca, psicóloga, e Maria Isolda, pedagoga e artesã, ambas residentes em Campo Largo.
O Dr. Wilton formou-se em dezembro de 1958 pela Universidade Federal do Paraná. Inscreveu-se no CRM-PR em janeiro de 1960, ano que se instalou com pequeno consultório em Campo Largo. A trajetória familiar e profissional do médico foi abordada logo após a sua morte em reportagem especial da Folha de Campo Largo, que pode ser conferida AQUI. Como descrito no trabalho jornalístico, o médico “gostava muito de futebol, tanto de jogar, como ver programas esportivos. Nas horas livres também gostava de ler notícias de esporte, medicina e política. Ficou conhecido na cidade por fazer longas caminhadas diárias junto com o amigo Odair Lamóglia. Deixará como um dos principais ensinamentos não fazer nada por impulso, ter bom senso e caráter, agir com os outros da mesma forma que quisesse que agissem com você”.
Em 2008, quando da passagem do Dia do Médico, ele foi homenageado pelo Jubileu de Ouro, recebendo o Diploma de Mérito Ético ao lado de colegas como Hélio Germiniani, Humberto Schwartz Filho, Ildefonso Amoedo Canto, Antonio Celso Nunes Nassif, Antonio Silvio Lopes, Lutfalla Farah, Saly Maria Bugmann Moreira e Zacarias Alves de Souza Filho, conselheiro decano do CRM-PR.
» Lino Ercole (CRM-PR 2.175 e CRM-SC 449).
Nascido em Curitiba, em 25 de outubro de 1925, formou-se em 17 de dezembro de 1948 pela Universidade Federal do Paraná. Faleceu em 6 de março de 2010, apenas seis meses depois de encerrar suas atividades em consultório. Tinha 84 anos e mais de seis décadas de exercício da atividade. Antes, em 1999, tinha sido distinguido com o Diploma de Mérito Ético pelo Jubileu de Ouro, ao lado de colegas como os Drs. Carlos José Taques Franco de Souza, Hamilton Calderari Leal, Iorfinda Moura de Melo, Paulo de Tarso Monte Serrat e Sebastião Avelino Lopes.
Foi casado por 55 anos com D. Elvi Parolin Ercole, de tradicional família de Campo Largo, proprietária da Cerâmica Campo Largo. Teve as filhas Dariele Parolin Ercole Guareschi e Linete Parolin Ercole, esta médica especialista em reumatologia e medicina do trabalho e que se inscreveu no Conselho do Paraná em janeiro de 1983 (CRM-PR 8.449). A filha Dariele é casada com o cirurgião geral Volnei José Guareschi (CRM-PR 11.537). São pais do Dr. Thales Ercole Guareschi (CRM-PR 43.297), formado em 2019. Todos têm atuação em Campo Largo.
O Dr. Lino ainda estava no terceiro ano da faculdade quando perdeu a mãe, vitimada por um câncer. Na sequência, teve de fazer o serviço militar obrigatório (no então CPOR), saindo 2° tenente. Depois de se formar, fez período de residência em Santos (SP) e ainda morou por três meses no Mato Grosso, antes de seguir para Santa Catarina, onde estabeleceu-se no município de Xanxerê e ficou por 15 anos. Em março de 1965, resolveu voltar para a cidade natal da esposa, Campo Largo, ainda pequena, mas em bom ritmo de desenvolvimento para os padrões da época. Por bom tempo os três médicos principais da cidade eram o Dr. Marcondes, o Dr. Attílio Barbosa e o Dr. Lino, que atendiam principalmente no Hospital São Lucas, já que o Nossa Senhora do Rocio ainda dava “os primeiros passos”.
Em fevereiro do ano passado, em meio às comemorações do sesquicentenário da “Cidade da Louça”, o jornal Folha de Campo Largo prestou homenagem ao Dr. Lino (confira AQUI), rememorando a sua trajetória, tendo entrevistado a filha médica, Dra. Linete, que deu seu depoimento: “Meu pai sempre atendeu a todos de maneira igual, preservando os segredos que passaram pelas salas do seu consultório ao longo daqueles 61 anos. Nós, da família Ercole, só temos a agradecer por todo o carinho de pessoas que ainda lembram dele e confiaram suas vidas nas mãos dele. Foi uma pessoa que ensinou muitas coisas para todos nós... Tive o prazer de trabalhar com o meu pai, ter ele como meu mentor, discutir casos e abordagens com ele, ainda que nossas especialidades fossem diferentes. Ele sempre se interessou por tudo. Era médico por amor, exercia a Medicina porque amava as pessoas e queria ajudá-las, conhecia as famílias e seus históricos. Isso o deixou um pouco triste quando surgiu o SUS, porque era limitado a uma consulta por mês. Estamos falando de um tempo que a terapia não era popular como é hoje, que o médico era psicólogo também. Muitas mulheres o procuravam para tratar o marido alcoólatra, problemas de depressão e ansiedade, que existiam muito naquela época. Os problemas emocionais interferem no diagnóstico final e ele considerava isso desde aquele tempo”.
» Waldemar Monastier (CRM-PR 66).
Nasceu em Curitiba, em 22 de outubro de 1910. Dedicou sua vida à Medicina, profissão que exerceu desde 1935, quando se formou pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especializou-se em pediatria e foi membro fundador da Sociedade Paranaense de Pediatria. Sua trajetória profissional contou com o cargo de assistente da Cátedra de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFPR, voluntário no Departamento Infantil Mount Sinai e na Clínica Pediátrica da Escola de Medicina da Columbia University, ambos em Nova York.
Waldemar Monastier integrou o primeiro grupo de conselheiros eleitos do CRM-PR, para a gestão de 1959 a 1963. Também o segundo grupo de trabalho, eleito para o mandato de 1963 a 1968. Publicou trabalhos na imprensa médica nacional e internacional e o livro “Eduque seu filho para o ano 2000”, editado pela UFPR. O pediatra faleceu em 06 de novembro de 1986, aos 76 anos, deixando um legado importante para a medicina pediátrica paranaense. Poucos dias antes de falecer, tinha sido homenageado pelo CRM-PR com o Diploma de Mérito Ético no Dia do Médico. Ele fez parte do primeiro grupo de 10 médicos paranaenses a receber a honraria.
Quando da inauguração do hospital infantil que leva o nome do pediatra, estiveram presentes a esposa, Sra. Elcidia Guimarães Monastier, o filho Gilberto Guimarães Monastier e a nora Maria Helena Caprilhone Monastier. O Dr. Monastier também nomeia, em Curitiba, uma via pública e uma unidade municipal de saúde.
Estrutura de serviços
Campo Largo acolhe também um dos maiores hospitais privado do Estado, o Hospital do Rocio, que teve sua origem em unidade do centro da cidade. O novo complexo foi inaugurado em 2014, com estrutura de 53 mil metros quadrados. Conta com 34 salas de cirurgias, 40 consultórios, 410 leitos de internação, 52 de obstetrícia e ainda 196 UTIs adulto e mais 104 infantil/neonatal. Possui programa de residência médica em várias especialidades e convênio com mais de uma centena de municípios paranaenses. O diretor geral é o Dr. Luiz Ernesto Wendler (CRM-PR 6.887), cirurgião geral, enquanto o diretor clínico é o Dr. Carlos Muller Neto (CRM-PR 6.130
A estrutura de serviços hospitalares ainda inclui o Hospital do Centro (Rua Rocha Pombo), da antiga estrutura do Rocio; o Hospital São Lucas (Rua Generoso Marques); e Hospital Infantil Waldemar Monastier (Rua XV de Novembro), instituição pública inaugurada em 2009 para atender crianças e adolescentes, dispondo de UTIs neonatal e pediátrica, centro cirúrgico e atendimento ambulatorial em diversas especialidades.
Presença do CRM-PR
O Conselho de Medicina do Paraná conta com uma Representação Regional em Campo Largo, para estar mais atento às necessidades dos médicos para a melhor prática da atividade. A Repreg é constituída pelos Drs. Fernando Roberto Schmidt (CRM-PR 25.335), diretor; Evandro Antonio Sbalcheiro Mariot (CRM-PR 26.880), vice-diretor; Suelen do Carmo Vieira Kuklik (CRM-PR 26.892), secretária: e ainda pelos representantes Arthur Ruzzon Cardoso (CRM-PR 27.902), Dante Adriano do Prado (CRM-PR 35.506) e André Ricardo Fuck (CRM-PR 24.137).
História
O ciclo do ouro no Paraná em meados do século XVI foi o principal fator de formação de Campo Largo, acompanhado pelo desenvolvimento da pecuária e também dos pontos de pouso para os tropeiros que seguiam para São Paulo. A origem de Campo Largo é antiga: em 1819, o capitão Antônio da Costa, doou parte de sua propriedade, permitindo que naquela região se instalassem quem bem entendesse, desde que cuidasse dessas terras. Sua colonização foi fortemente influenciada pelos poloneses e italianos, além de alemães e portugueses, entre as principais correntes. Oficialmente, os fundadores de Campo Largo são João Antonio da Costa e seus genros Joaquim Lopes Cascais e Alferes José Pinto Ribeiro Nunes.
Como Campo Largo da Piedade, foi elevado à categoria de distrito judiciário de Curitiba através da Lei n° 23, de 12 de março de 1841. Pela Lei Estadual nº 219, de 2 de abril de 1870, foi criado o município de Campo Largo, com território desmembrado de Curitiba, mas a sua instalação oficial ocorreu no dia 23 de fevereiro de 1871, data em que se comemora o aniversário. Foi elevado à categoria de cidade em 1883. Além do aniversário, Campo Parlo também tem feriado no dia 2 de fevereiro, celebração da Padroeira Nossa Senhora da Piedade.
O município é conhecido como "Capital da Louça" devida à expressiva produção e exportação desse material. É sede de importantes empresas como a Incepa, Porcelana Schmidt, Germer, Lorenzetti cujos produtos são conhecidos internacionalmente. O município sedia, também, uma das fontes de água mineral mais conhecidas do País, a Ouro Fino.
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