19/08/2011
Testamento vital: autonomia do paciente é tema de conferência
O direito do paciente de espeficificar os limites da assistência que receberá foi um dos temas discutidos no II Congresso
Brasileiro de Direito Médico do CFM
O paciente tem o direito de especificar os limites da assistência que quer receber, especialmente quando é portador de
doença incurável. Essa foi a posição defendida pelo conselheiro da Ordem dos Advogados de São Paulo, Antônio Carlos Roselli,
durante o II Congresso Brasileiro de Direito Médico do Conselho Federal de Medicina (CFM). O evento foi realizado em Salvador
(BA), nos dias 16 e 17 de agosto.
Para que a vontade do paciente seja sempre respeitada, é necessária a produção de um testamento vital. "O paciente precisa
nomear um responsável que irá respeitar sua vontade no momento certo. É sugerido também que se tenha uma conversa com todos
os membros da família", mencionou Roselli.
Este instrumento, que já existe em países como Espanha e Holanda, permite ao paciente deixar registrado, por exemplo,
que em caso de agravamento de seu quadro de saúde não quer ser mantido vivo com a ajuda de aparelhos, nem ser submetido a
procedimentos invasivos ou dolorosos.
O conselheiro da OAB-SP também afirmou a necessidade da concordância com o profissional. "O médico tem total liberdade
de não aceitar a interrupção do tratamento. Entretanto, é preciso que o profissional seja leal com o paciente em deixar claro
se ele se sente seguro para respeitar esta vontade ou não". Roselli lembra que, para segurança, além de registrar a intenção
no prontuário, também é importante anexar o testamento vital ao documento.
Desde abril de 2010, consta no Código de Ética Médica o direito de o paciente ter uma morte escolhida, o chamado testamento
vital. Segundo Roselli, o paciente passa a escolher não ser ressuscitado, nem mantido vivo através de máquinas ou passar por
tratamentos agressivos. "É diferente da eutanásia, já que não há uma aceleração para a morte, mas sim a não-interferência
no processo natural de morte", explica.
Fonte: CFM