07/08/2009
Tamiflu: Alguns Vieses
Artigo de opinião escrito pela médica infectologista Maria Terezinha Carneiro Leão, CRMPR 5222.
O protocolo de uso do Oseltamivir (bula) recomenda o seu uso dentro de 36 horas (máximo 48 horas) do início dos sintomas;
após dois dias é provável que o remédio não apresente nenhuma vantagem em ser prescrito, salvo casos extremos.
O risco de indução de resistência, alegado para não se prescrever o Tamiflu, não é o mesmo critério usado na prescrição
de antimicrobianos, que, aliás, é vendido livremente nas farmácias sem receita; agravante, com enorme resistência bacteriana.
Dois pesos, duas medidas?
A epidemia de Gripe A no Brasil está se mostrando extremamente agressiva e grave, salvo melhor juízo, e necessita medidas
eficazes para a sua contenção.
A medicação para os casos que preenchem os critérios clínicos tem que ser dada dentro de 36 horas do início dos sintomas;
após 48 horas não precisa mais...
Nos países nórdicos, a prescrição deste medicamento só é feita com o diagnóstico confirmado de gripe; porque o exame é
colhido no início da consulta e em meia hora o resultado preliminar é liberado; só os casos confirmados recebem a medicação
específica da gripe.
Este protocolo recomendado pela OMS não pode ser copiado para os países do hemisfério sul, pois não contam com a rapidez
do diagnóstico como no hemisfério norte, a menos que isso fosse viabilizado.
Assim, é muita irresponsabilidade reservar a medicação apenas para os casos graves e pacientes de risco, até porque a
mortalidade não está se mostrando acometer apenas pessoas com qualquer doença de base ou comorbidade.
Com quem eu falo????