25/10/2007
Tabela do SUS é reajustada, mas CRM afirma que está defasada
Já foi publicada a tabela de reajuste dos mil procedimentos da Tabela do SUS (Sistema Único de Saúde), anunciados pelo
ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A Portaria 2.488 autoriza o reajuste médio de 30% para procedimentos ambulatoriais
e internação de pacientes.
O reajuste é uma reivindicação antiga dos secretários estaduais e municipais de Saúde e abrange os mil procedimentos mais
defasados da tabela, como ultra sonografia obstetrícia e ecocardiograma, entre outros. Um dos principais itens foi o aumento
de 32,4% concedido à consulta médica. Alguns procedimentos tiveram o seu valor acrescido em 200%.
A presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM RR), Niete Lago, disse que para a categoria no Estado não
haverá grande diferença, já que os médicos não trabalham com nenhuma tabela. Mas, em nível nacional, ela afirmou que a tabela
já sai defasada. "Está muito aquém do que a classe médica esperava. Em torno de 10 anos que não havia reajuste nesses procedimentos
e um médico chega a esperar 90 dias para receber esses valores", disse.
Segundo cálculos do Ministério da Saúde, o reajuste na tabela de procedimentos permitirá que na maioria dos casos, os
médicos que atendem pacientes pelo SUS com jornada de trabalho de 20 horas semanais passem a receber salários que variam entre
R$ 2 mil e R$ 2,4 mil mensais. A tabela do SUS acumulou entre 1994 e 2002 uma defasagem de 110%.
A Tabela de Procedimentos do SUS é um detalhamento de todos os serviços ambulatoriais e hospitalares contratados a prestadores
privados e filantrópicos com o seu respectivo valor de pagamento pela União. O valor pode ser complementado por estados e
municípios. Também haverá uma tentativa de desburocratizar a tabela do SUS. A partir de janeiro, os oito mil procedimentos
atuais serão reduzidos pela metade. O Ministério da Saúde espera que a medida otimize o uso dos recursos do SUS.
O secretário municipal de Saúde, Namis Levino, diz que esses reajustes se referem à adequação de procedimentos de média
e alta complexidade e incide diretamente no teto financeiro dos recursos destinados a estados e municípios. No caso de Roraima
e seus municípios, a adequação estará em pauta na próxima reunião do Conselho de Intergestores Bipartite, o CIB, prevista
para o dia 22 de outubro. "Serão levados em conta para os reajustes o histórico realizado pelo Estado e municípios, a população
de cada município e a capacidade instalada de oferta de serviços", explica.
INSATISFAÇÃO
Outro ponto destacado pela presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM), Niete Lago, é a insatisfação
dos médicos que prestam serviço na rede estadual de saúde.
De acordo com Niete, um médico concursado recebe hoje R$ 1,8 mil mensais por 20 horas de trabalho, sem dedicação exclusiva,
isto é, pode ter consultório próprio e clinicar em outros locais. Já um médico concursado com dedicação exclusiva está ganhando
R$ 6,8 mil.
É em relação ao segundo caso que se apresentam as maiores queixas da categoria. "É um salário considerado baixo, já que
o médico não poderá clinicar em nenhum outro local e ainda precisará se manter sempre atualizado. Os cursos e congressos da
área médica são caros, todos demandam um deslocamento de Roraima. Só aí já se vê que o salário não condiz com a nossa realidade.
E a categoria sabe que vai haver um novo concurso e que essa situação vai continuar. Muitos médicos acabam desistindo da dedicação
exclusiva e ficam somente com 20 horas", afirma. Mesmo assim, Niete descarta uma paralisação da categoria.
Confira Alguns Reajustes Da Tabela
Diária de acompanhante teve reajuste de 202%, passando de R$ 2,65 para R$ 8
O valor do parto normal passou de R$ 317 para R$ 403, representando um aumento de 27%
A consulta médica teve um reajuste de 32,45%, passando de R$ 7,55 para R$ 10
As diárias para UTIs tiveram um aumento entre 60% e 70%, variando entre R$ 341 e R$ 363.
Fonte: Folha de Boa Vista (RR)