A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) criou um software que estima, com base em um questionário, o risco de uma
pessoa estar com tuberculose.
Segundo o professor José Manoel de Seixas, o sistema foi "treinado" para reconhecer pessoas com a doença.
Fruto do trabalho de profissionais de medicina, engenharia e estatística, o software foi batizado de Neural TB e tem distribuição
gratuita para unidades de saúde.
O cálculo do risco é feito a partir de informações como sexo e idade do paciente e a presença ou não de tosse, falta de
ar, dor no peito, perda de peso, febre, catarro com sangue e suor noturno.
O Ministério da Saúde preconiza que pacientes com tosse persistente com ao menos três semanas de duração sejam encaminhados
para baciloscopia (exame que detecta o bacilo da tuberculose).
Porém, segundo Afrânio Kritski, coordenador do Programa Acadêmico de Tuberculose da UFRJ, esse critério deixa de fora
pessoas que podem estar com a doença. Outro problema, segundo ele, é que o exame identifica só 60% dos casos da doença. Kritski
diz acreditar que o Neural TB vai ajudar os profissionais de saúde a tomarem decisões.
A ferramenta pode ser útil em três etapas do atendimento: na triagem de pacientes, no atendimento médico e no acompanhamento
do tratamento.
Na triagem, o profissional responsável reúne informações sobre o paciente. Ao completar o questionário, a ferramenta indica,
por meio de cores, se o risco de a pessoa estar com tuberculose é alto (vermelho), médio (amarelo) ou baixo (verde).
Com base no resultado, o profissional pode, por exemplo, optar por colocar uma máscara no paciente, solicitar exames como
raio-X e baciloscopia ou antecipar a consulta com o especialista.
Na etapa seguinte, da consulta médica, os resultados dos exames são incorporados ao sistema e um novo cálculo de risco
é feito.
Isso ajuda o médico a avaliar a necessidade de exames mais precisos e caros e a decidir se deve dar início ao tratamento
imediatamente.
Além disso, o sistema funciona como um prontuário eletrônico, permitindo o acompanhamento do paciente ao longo do tempo.
Por enquanto, o software está sendo usado só na fase de triagem, em 12 postos de saúde e hospitais de sete Estados. O
objetivo é avaliar, até o fim do ano, o impacto do uso da ferramenta.
Seixas e Kritski dizem que o programa deve melhorar o diagnóstico e racionalizar o uso dos recursos para a detecção e
o tratamento da tuberculose, priorizando os exames mais sofisticados e a antecipação de consultas para pacientes com mais
risco.
No Brasil, estima-se que 63 milhões de pessoas estejam infectadas pelo bacilo da tuberculose. Até 10% dos infectados desenvolvem
a doença, que tem mais de 70 mil casos novos por ano e causa 4.600 mortes.
Fonte: href="http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1046244-software-avalia-risco-de-tuberculose-em-paciente.shtml" target="_blank">Folha
de S. Paulo