05/12/2019

Sociedade deve ser sensibilizada sobre prevenção ao suicídio de crianças, dizem especialistas

Seminário realizado nesta quarta-feira, 4, na Câmara dos Deputados, debateu o papel dos educadores na prevenção do suicídio de crianças e adolescentes

Especialistas e deputados apontaram a importância da informação e da sensibilização da sociedade sobre a prevenção das lesões autoprovocadas e dos suicídios de crianças e adolescentes. Eles participaram nesta quarta-feira (04) do seminário “O papel dos educadores na prevenção do suicídio de crianças e adolescentes”, promovido pela Câmara dos Deputados.

clique para ampliarclique para ampliarSeminário foi realizado nesta quarta-feira, 4, na Câmara dos Deputados (Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados)
O deputado Lucas Gonzalez (Novo-MG), presidente da Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio e Automutilação, afirmou que é fundamental promover eventos dessa natureza, em que busca sensibilizar a opinião pública para uma questão que afeta não apenas adolescentes e jovens, mas também suas famílias e amigos.

“São fóruns como esse que vão nos levar a uma reflexão maior: que pode ter alguém do meu lado, um colega de trabalho, alguém da minha família, um amigo de muitos anos, que esteja sofrendo na alma, não esteja expressando isso e precise de um abraço, de um sorriso, de um tempo junto, de um apoio”, disse.

Gabriel de Souza Rodrigues, que gerencia um grupo de enfrentamento à depressão e ao suicídio do Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga, no Distrito Federal, contou um pouco sobre o projeto, que promove a saúde mental e é realizado conjuntamente com os estudantes.

“Para nós, enquanto escola, importa esquecer um pouco o boletim para dar um pouco de vida e esperança. Precisamos ensinar que a vida tem valor e que ela não pode acabar num problema que se enfrenta. Trabalhar a questão da depressão e do suicídio perpassa pelo aprendizado da vida. Se a educação trata de questão de futuro, você precisa estar vivo para chegar lá”.

Para o professor, esse trabalho poderia ser ainda melhor caso as escolas contassem com profissionais especializados, como psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras.

O profissional de saúde Elias Lacerda lembrou que a derrubada, pelo Congresso, de veto presidencial a projeto que garante atendimento psicológico e de assistentes sociais aos estudantes do ensino fundamental e médio pode contribuir com esse trabalho de prevenção.

Orientação aos professores

Mayra Pinheiro, do Ministério da Saúde, informou que um trabalho conjunto envolvendo quatro ministérios deve levar aos professores da rede pública do país educação permanente sobre como atuar em relação ao sofrimento psíquico e às lesões autoprovocadas pelos alunos.

“Elaboramos um conteúdo pedagógico com auxílio da Sociedade Brasileira de Pediatria e a de Psiquiatria para elaborar curso de formação que vai ser entregue em janeiro de 2020 para todas as escolas públicas. Vamos formar os professores através de cursos de EAD e palestras presenciais”.

Mayra disse ainda ser fundamental que o Governo regulamente o mais rapidamente possível a lei que dispõe sobre a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio.

Dentre outros objetivos, a lei busca garantir o acesso à atenção psicossocial das pessoas em sofrimento psíquico agudo ou crônico, especialmente daquelas com histórico de ideação suicida, e promover a notificação de eventos e o aprimoramento de métodos de coleta e análise de dados sobre automutilações, tentativas de suicídio e suicídios consumados para subsidiar a formulação de políticas.

CAPS

Mayra Pinheiro lembrou que estatísticas indicam pequena redução de automutilações e suicídios em áreas em que funcionam centros de atenção psicossocial, os Caps, unidades que atendem pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Mas ressaltou que muitas dessas unidades estão desativadas em todo o país.

Fonte: Câmara dos Deputados

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