27/09/2017
Caminhada nesta quarta (27) reuniu médicos e colaboradores; atividades de incentivo vão até sexta
Setembro é o mês da conscientização sobre a importância da doação e transplante de órgãos, conhecido como Setembro Verde. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, em 2017, no Paraná, já foram realizados 484 transplantes. Destes, rins e fígado lideram o ranking dos órgãos mais transplantados, com 274 e 151 procedimentos, respectivamente. Entretanto, nos seis primeiros meses, a Central Estadual de Transplantes registrou 134 recusas de doações – pessoas declaradas com morte encefálica e que seriam potenciais doadores, mas que a família não autorizou a doação.
No Paraná, o Hospital São Vicente – Funef, é referência no transplante de fígado e rim. Por isso, a instituição preparou uma programação especial para falar sobre o assunto. No dia 26 de setembro, das 10h e às 15h, houve uma palestra com a equipe da Central de Transplantes. No mesmo, dia, às 20h, houve palestra com a CIHDOTT – Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes.
Nesta quarta-feira (dia 27), a partir das 9h, foi realizada a II Caminhada pela Doação de Órgãos, reunindo médicos e colaboradores do Hospital e também transplantados e seus familiares, que caminharam do Hospital São Vicente até a Praça Rui Barbosa. O urologista Thadeu Brenny Filho representou o CRM-PR, do qual é conselheiro.
Nesta quinta-feira (dia 28), às 14h, será feito um culto ecumênico aos doadores e receptores de órgãos. E, na sexta-feira (dia 29), às 10h, 15h e 20h, será promovido no Auditório do Hospital São Vicente um treinamento aos profissionais envolvidos na assistência sobre identificação do potencial doador e manutenção do doador.
RINS
Segundo a nefrologista Luciana Soares Percegona, chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital São Vicente, as principais causas de insuficiência renal são o diabetes e a hipertensão quando não controlados adequadamente. “A partir do momento que a função renal começa a diminuir em níveis abaixo de 20% de filtração temos que pensar em transplantar. Por lei, um paciente só poderá ser inscrito para o transplante renal se sua taxa de filtração renal estiver abaixo de 15% ou se ele estiver em diálise”, explica.
Vale lembrar que inicialmente a doença renal é assintomática. Mas alguns sinais devem alertar para o problema: nictúria (levantar várias vezes à noite para urinar), edema (acordar com olho inchado, edema de membro inferior), urina espumosa ou com sangue. Nas formas avançadas há sintomas de fraqueza, dores nas pernas, náuseas e vômitos e perda de apetite. Para ajudar no diagnóstico precoce, alguns exames de rotina podem ser feitos, como aferir a pressão arterial, creatinina (dosada no sangue), exame de urina e ecografia das vias urinárias.
O transplante de rim é realizado apenas quando há falência total de ambos os rins, já que um deles apenas é capaz de manter a filtração adequada do sangue. Por isso, também é comum o transplante por doador vivo. “Para isso é necessário que o doador e o receptor sejam compatíveis, e que esse doador seja saudável e que o processo de doação não lhe cause danos à saúde. Além disso, é necessária a autorização por parte do Ministério Público. Apesar de hoje em torno de 20 a 30% dos transplantes renais serem realizados com doador vivo, na sua grande maioria é com doador falecido (doador de múltiplos órgãos)”, explica Dra. Luciana.
Após o transplante de rim, o paciente ficará livre da diálise, não possui restrição hídrica e dietética tão rigorosa, tem melhora no controle pressórico e com isso melhora as condições cardíacas, diminuindo assim risco de mortalidade e aumento da sua sobrevida. “Quantos aos cuidados, após a cirurgia é necessário realizar consulta e exames periódicos para avaliar tanto o funcionamento renal e sua condição de saúde. Usar rigorosamente os imunossupressores para evitar a rejeição do órgão e ter vida saudável em relação à dieta, ingesta hídrica e atividade física”, complementa a nefrologista.
FÍGADO
O fígado é popularmente conhecido como o “laboratório do corpo”, afinal, são várias suas funções. As principais estão ligadas ao metabolismo de toxinas, produção de proteínas, produção de colesterol, bile e fatores de coagulação do sangue, além do armazenamento de glicose, ferro, vitaminas, etc. Além disso, o fígado atua na metabolização de medicamentos, destruição de células do sangue para renovação e possui função imunológica, ajudando nas defesas do organismo.
As causas mais comuns de cirrose hepática são: Hepatites virais B e C, consumo frequente de álcool, Doença Hepática Gordurosa (acúmulo de gordura no fígado), e tumores primários do fígado (Hepatocarcinoma). “Outras causas mais raras também podem levar à necessidade de transplante. É o caso das hepatites auto imunes, doenças vasculares com trombose, doenças obstrutivas dos canais biliares e doenças do metabolismo que causam acúmulo de substâncias tóxicas no órgão, como ferro e cobre. Além disso, existem os casos de Hepatite Fulminante, em que acontece uma perda completa e irreversível da função do órgão de uma forma aguda, em dias a semanas”, explica Dr. Nertan Luiz Tefilli, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital São Vicente. As Hepatites B e C e o consumo de álcool respondem por aproximadamente 65% dos casos.
A maioria dos pacientes que precisa de um transplante de fígado são homens, com idade entre 45 e 70 anos. Mas nos últimos anos, vêm crescendo o número de mulheres que necessitam do transplante, principalmente em virtude da obesidade da população, sendo as mulheres de 50 a 70 anos as principais representantes deste grupo.
Vale alertar que os sintomas normalmente aparecem quando a doença já está avançada, com a falência hepática já instalada. “Os principais sintomas da cirrose hepática são a icterícia (coloração amarelada da pele, urina escura), ascite (acúmulo de líquido intra-abdominal) e encefalopatia hepática (sonolência, esquecimento, desorientação excessiva). A doença ainda pode se manifestar por meio de sangramentos, sejam esses de pele e mucosa ou digestivo (vômitos e diarreia com sangue)”, complementa Dr. Nertan.
Hoje em dia a prioridade na fila do transplante de fígado é do paciente mais grave, independentemente do tempo de espera. “Essa gravidade é medida por critérios objetivos, por um escore chamado MELD, sigla que traduzida do inglês significa “Modelo para Doença Hepática Terminal”, que é obtido pelo cálculo matemático de exames de sangue do paciente. Em alguns casos mais graves, o paciente em menos de 24 horas recebe uma oferta de órgão. Outros pacientes ficam meses e até anos em acompanhamento sem que surja uma oferta”, explica o especialista.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Hospital.