11/11/2012
Senado ouve médicos sobre Exame Nacional de Proficiência em Medicina
"Há um consenso entre as entidades médicas de que é preciso fazer uma avaliação dos egressos das escolas médicas, especialmente
após a abertura indiscriminada de cursos no Brasil". A opinião foi expressa pelo vice-presidente do Conselho Federal de Medicina
(CFM), Carlos Vital, durante audiência pública realizada na última quarta-feira (7), para debater projeto de lei que institui
o Exame Nacional de Proficiência em Medicina.
Requerido pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO) e promovido pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, o encontro
teve o objetivo de subsidiar relatório a ser apresentado pelo parlamentar sobre projeto de lei do Senado (PLS 217/2004).
Para Carlos Vital, é preciso discutir como fazer essa avaliação, de modo a garantir que se está auferindo a capacitação
necessária para a prática médica - e não apenas instituindo-se um crivo de análise cognitiva. "Este é um debate que o projeto
do Senado enseja e que traz total e absoluta disposição das entidades médicas, a fim de alcançar a proteção social e também
a justiça aos alunos de medicina", conclui.
Durante a audiência, Carlos Vital levantou dúvida sobre a eficácia da avaliação para evitar a formação de profissionais
com baixa qualidade técnica e intelectual, por meio de um único exame cognitivo ao final do curso, nos moldes do teste da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Informou a tendência do CFM de apoiar exames cognitivos, de habilidades e competências
ao final do 2º, 4º e 6º ano do curso médico.
Estes exames, sugeriu o vice-presidente, poderiam ser implementados no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade),
com supervisão das entidades médicas, a partir de atributos esperados por fases do curso de graduação, de instrumentos adequados
de avaliação, previsão de recuperações e análises das consequências - inclusive com redução de vagas das escolas que evidenciem
falta de condições para o ensino.
Atualmente, o Brasil possui 197 escolas médicas, ficando atrás, apenas, da Índia, com 272 cursos e uma população de 1,2
bilhão de pessoas. Desde 2003, foi autorizado o funcionamento de 69 escolas de Medicina. Desse total, 78% são privadas e
visam ao lucro.
Além do vice-presidente do CFM, também participaram da mesa o tesoureiro da Associação Médica Brasileira (AMB), José Luiz
Bonamigo Filho; o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira Filho; a presidente eventual da Comissão
do Senado, senadora Ana Amélia (PP-RS); e o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo
Júnior.
PLS 217/2004
O projeto do Senado propõe a instituição do exame nacional como requisito para o exercício da profissão no país. De acordo
com o PL, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), somente poderão obter inscrição em um Conselho Regional de Medicina (CRM)
os médicos que tiverem sido aprovados no exame. O PL não atinge os médicos já inscritos nos CRMS.
O objetivo do relator do projeto, senador Cyro Miranda, é trabalhar em conjunto com as entidades médicas para elaborar
uma proposta que ajude a aprimorar a formação dos médicos e a preservar os interesses da sociedade.
Fonte: CFM