O Senado Federal homenageou os médicos e médicas
brasileiras em sessão solene remota realizada nesta segunda-feira (26). A cerimônia foi convocada em alusão
ao Dia do Médico, celebrado anualmente em 18 de outubro. Os parlamentares destacaram a atuação corajosa
dos médicos no enfrentamento a pandemia de covid-19, ao arriscarem a própria saúde para socorrer os infectados
na linha de frente do atendimento. Além de agradecimentos, os senadores e médicos convidados para a sessão
pediram a valorização da profissão e o fortalecimento do Sistema único de Saúde (SUS).
A sessão foi presidida pelo senador
Izalci Lucas (PSDB-DF), que também é o autor do requerimento para realização do ato solene. O
parlamentar elogiou a dedicação dos médicos e cobrou melhorias nas condições e trabalho
dos profissionais da saúde.
— Nas capitais e médias cidades se luta contra os
problemas crônicos de superlotação, falta de leitos e estrutura precária; nas pequenas ci
dades, os médicos sofrem com a falta de estrutura
mínima para salvar, com a falta de simples medicamentos para dar. Se não fosse a vontade e a determinação
dos próprios médicos, a população não contaria com a assistência à sua saúde.
Muitos que atendem regiões mais carentes têm que atender não só o dobro de pacientes por dia, mas
comprar ou conseguir doações de medicamentos e material básico de higiene — afirmou o senador.
Izalci Lucas também lembrou de um manifesto
feito por jovens médicos brasileiros em 2017, intitulado "Carta do Médico Jovem para o Brasil". Entre os principais
pontos levantados estão o aumento no número de leitos de internação, obrigatoriedade do Exame
Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, o Revalida, para que aqueles formados no exterior possam
atuar como médicos no Brasil, bem como a aprovação da PEC 454/2009, que cria a carreira de Estado para
o médico do SUS.
— É
por isso que considero importante a proposta do médico de Estado, que, acho, deve ser colocada à análise
do Parlamento o mais breve possível. Alguns dos países mais desenvolvidos do mundo têm essa carreira como
estratégica, estratégica para a saúde de sua população. Um deles é a Inglaterra
— observou o senador.
Vítima
da covid-19, a senadora Leila Barros (PSB-DF) relatou como foi a superação da doença e disse que o trabalho
dos médicos foi heroico e fundamental para salvar vidas.
— Já tinha um respeito imenso pela categoria, pelos médicos, mas, quando a gente
passa por tudo que eu passei, tive pulmão comprometido, tive vários sintomas, a gente vê a força,
a paixão, o comprometimento dos médicos, dos enfermeiros, dos profissionais da saúde na defesa da vida
— disse a senadora.
Ela destacou
que a tragédia da pandemia reforçou a necessidade de fortalecimento do SUS e que é obrigação
dos senadores corrigirem a proposta orçamentária enviada pelo governo federal ao Congresso Nacional.
— Nela, ao invés de ampliar os recursos
da saúde, a equipe econômica, capitaneada pelo ministro Paulo Guedes, está sugerindo o corte de R$ 40
bilhões em comparação aos gastos do ano em curso. É certo que agora, em 2020, as despesas cresceram
em virtude do combate à pandemia, porém não podemos esquecer que há várias demandas reprimidas.
Muitos atendimentos e cirurgias eletivas foram adiados e deverão provocar uma corrida ao SUS no próximo ano.
Além do mais, a ciência já observa que o novo coronavírus, em muitos casos, deixa sequelas diversas,
o que implica aumento da demanda por tratamento — argumentou a senadora Leila.
Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) rendeu homenagens aos médicos
e a todos os profissionais de saúde e pediu apoio para um projeto de sua autoria, o PL 2.564/2020, que assegura piso
salarial a enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiros.
— Os médicos, as médicas, os enfermeiros, os técnicos de
enfermagem, os auxiliares de enfermagem, não querem só palavras bonitas, porque a dignidade profissional passa
por uma dignidade salarial, passa por condições de trabalho adequadas e não da forma como nós
presenciamos nos hospitais públicos sucateados, sem equipamento, sem medicação, sem o mínimo de
condições adequadas para dar a prestação de um direito humano essencial que é o direito
à saúde pública como direito social expresso na Constituição Federal — lembrou Contarato.
Em seu agradecimento aos médicos e
médicas de todo país, o parlamentar disse que a pandemia lançou luz sobre a importância do SUS
para o atendimento a saúde do brasileiro.
—
Então, como sempre fui usuário desse SUS, eu quero aqui render minhas homenagens a todos os médicos e
a todas as médicas, que, diuturnamente, de Norte a Sul do país, estão efetuando um trabalho que dignifica
e muito a honrada profissão. E, num momento muito conturbado, em que autoridades públicas negam a ciência,
negam os dados, o saber, o conhecimento, quem tem a sobriedade emocional, o equilíbrio para conduzir a luta pela preservação
da vida humana são os médicos e as médicas do Brasil — afirmou o senador.
O senador e médico Nelsinho Trad (PSD-MS) também
participou da sessão por meio de vídeo e agradeceu o trabalho dedicado da classe médica no enfrentamento
á pandemia.
— Não é
um dia só de comemoração, é um dia de agradecimento a todos os médicos e médicas
do nosso país, pelo comportamento sério e ético que todo mundo teve, de se entregar de se doar nessa
guerra terrível que travamos contra esse inimigo oculto que é o coronavírus. Eu quero deixar registrado
que o senador Izalci sempre lembra da classe da saúde, da classe médica, e nós, na qualidade de profissionais
que somos, médico, cirurgião geral e urologista, só temos que aplaudir pessoas com essa sensibilidade
— elogiou o senador.
Nelsinho Trad
ressaltou que o Senado está sempre atento às pautas importantes e aos avanços na área de saúde
do país.
Médicos
convidados
Representando o Conselho
Federal de Medicina (CFM), Donizetti Dimer Giamberardino Filho, vice-presidente do conselho, destacou que as médicas
e médicos brasileiros são trabalhadores dedicados e incansáveis, e que exercer uma profissão como
medicina é uma escolha de vida, é escolher cuidar do próximo, é uma vocação por
valorizar a vida de todas as pessoas.
—
Não apenas em uma emergência, como em meio a uma pandemia do coronavírus, decidir exercer uma profissão
como medicina é uma escolha de vida, é escolher cuidar do próximo, é uma vocação,
uma vocação por valorizar a vida de todas as pessoas sem admitir exceção, por respeitar a ciência,
porque respeitar a ciência é respeitar a vida, por se fundamentar nos princípios éticos da beneficência,
não maleficência, altruísta, e, defendendo que todos os métodos propedêuticos utilizados
nos atos médicos praticados estejam envoltos no manto da responsabilidade e da segurança — afirmou o vice
presidente do CFM.
Donizetti disse ainda
que faltam políticas públicas mais eficientes para diminuir as desigualdades no acesso a saúde no país.
— Neste momento do tempo, somos 500
mil médicos, com perspectivas de 35 mil vagas anuais oferecidas, consequente de uma decisão política
de governos anteriores, baseada na quantidade e não na qualidade dos graduandos. O Brasil já possui número
suficiente de médicos para sua população; o que precisamos é de políticas públicas
para diminuir as desigualdades na distribuição geográfica de médicos e de centros de especialidade
— ressaltou o médico.
Farid
Buitrago Sánchez, presidente do Conselho Regional de Medicina, lembrou que os médicos deixaram suas famílias,
o conforto de suas casas, para cuidar do próximo, arriscando suas vidas, sabendo que muitos deles poderiam ser contaminados.
— Muitos deles foram contaminados, muitos
deles perderam a vida nessa batalha também. E os colegas que perderam a vida são os que merecem a maior homenagem
nesse Dia do Médico. Colegas que saíram para lutar, para ajudar o próximo e infelizmente não retornaram
às suas casas — lamentou.
Sánchez
também prestou homenagem a todos os médicos que foram contaminados e estão internados em hospitais pelo
Brasil.
— Também uma homenagem
especial a todos os colegas que nesse momento estão lutando por suas vidas, que foram contaminados e se encontram em
cama de hospitais lutando por suas vidas tentando se recuperar. E aqueles que conseguiram se recuperar, que continuem ajudando
o próximo, que continuem se desdobrando nos prontos-socorros, hospitais, UTIs, diferentes setores, exatamente para
poder ajudar aqueles colegas, aquelas pessoas que foram contaminadas e poder salvar tantas vidas — afirmou o médico.
De acordo com balanço do Ministério
da Saúde, até agosto de 2020, 257 mil profissionais de saúde foram infectados e 226 morreram. Dados da
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), nas Américas, até setembro, foram 570 mil
profissionais de saúde infectados e 2,5 mil morreram.
Também participaram da sessão solene remota os convidados: Zacharias Calil, deputado federal pelo
Estado de Goiás e membro da Frente Parlamentar de Medicina; Petrus Leonardo Barron Sanchez, secretário-adjunto
de Assistência à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal; Paulo Ricardo Silva, presidente
interino do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal – IGESDF; Gutemberg Fialho,
presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal; Marcus Vinícius Ramos, presidente da Academia de Medicina
de Brasília; Gustavo Fernandez, diretor-geral do Hospital Sírio Libanês do Complexo Brasília; Ulysses
Rodrigues de Castro, diretor do Hospital Regional da Asa Norte – HRAN; Renato Carlos Siqueira, médico ortopedista
e diretor do Hospital Regional de Taguatinga – HRT; Sócrates Souza Ornelas, cirurgião geral e coordenador
da Unidade de Pronto Atendimento de Samambaia; Marcelo de Oliveira Maia, médico intensivista e coordenador da Unidade
de Terapia Intensiva da Rede D’or São Luiz; Francielle Pulcinelli Martins, médica reumatologista e responsável
pela clínica médica do Hospital Regional da Asa Norte – HRAN; Jordanna Sant’anna Diniz e Moura Osaki,
médica ginecologista; Lucas Seixas Doca Júnior, cirurgião geral e gerente geral de Assistência
do Instituto Hospital de Base do Distrito Federal; e Osório Rangel, médico cardiologista e coordenador do Pronto
Socorro do Instituto Hospital de Base do Distrito Federal.
Dia do Médico e São Lucas
O Dia do Médico é comemorado no Brasil em 18 de outubro. Outros países
como Portugal, Itália, Espanha, Inglaterra, Bélgica e Polônia comemoram no mesmo dia. A data foi escolhida
porque também é o dia de São Lucas. Conforme a tradição cristã, Lucas foi médico.
Ele escreveu o evangelho que leva seu nome e também o livro de Atos dos Apóstolos. Em uma de suas cartas bíblicas,
o apóstolo Paulo de Tarso chama Lucas de “médico amado”.
Fonte: Agência Senado