05/11/2014
Evento ocorreu nos dias 4 e 5 de novembro, no auditório do CRM-PR, e contou com a presença da principal autoridade científica internacional da área, o norte americano Rodney Willoughby Júnior
Seminário sobre raiva humana. Médicos, veterinários, enfermeiros, gestores e profissionais de saúde de todo o Brasil participaram nos dias 4 e 5 de novembro, em Curitiba, do I Seminário Sul Brasileiro sobre o Tratamento da Raiva Humana. O evento foi promovido pela Secretaria Estadual da Saúde em parceira com o CRM-PR contou com a presença da principal autoridade científica internacional da área, o norte americano Rodney Willoughby Júnior. Ele é responsável pela elaboração do protocolo de tratamento que curou uma paciente infectada pela doença em 2004, nos Estados Unidos.
O objetivo do evento foi discutir a aplicação dos protocolos de tratamento disponíveis, visando a preparação das equipes da rede pública de saúde frente à ocorrência de casos.
SISTEMA NERVOSO
A raiva humana é uma doença infecciosa causada por um vírus que afeta o sistema nervoso. Estima-se que sejam registrados no mundo mais de 50 mil novos casos da doença por ano, sobretudo em países da África e da Ásia.
Nos últimos dez anos, o Protocolo de Milwaukee foi utilizado em mais 54 oportunidades e obteve sucesso em seis casos. Um dos pacientes curados é Marciano Menezes da Silva, natural de Floresta, Pernambuco. O menino, mordido por um morcego infectado enquanto dormia, foi submetido ao tratamento e curado em 2008, em um hospital de Recife.
PROCEDIMENTOS
Durante a palestra de abertura do seminário, Willoughby ressaltou que a capacitação das equipes de saúde e a aplicação correta do protocolo podem ser decisivas no resultado do tratamento.
“Sabemos pouco sobre a doença, contudo já temos conhecimento de que ela não destrói o cérebro, mas sim altera suas funções. Por isso, trabalhamos com o conceito da anestesia e manutenção da vida através de cuidados intensivos, que reduzem os efeitos metabólicos causados pela doença”, conta.
Segundo o especialista, ainda não há medicamentos que consigam combater o vírus da raiva. “O que fazemos é dar condições necessárias para que o próprio corpo humano se recupere e crie defesas para erradicar esse vírus. Percebemos que essa resposta imunológica é eficaz em 14 dias”, destacou.
Apesar da existência do protocolo, a taxa de letalidade da raiva humana ainda é de praticamente 100% e cerca de metade dos pacientes morrem sem ter o diagnóstico da doença. A falha ocorre porque a doença pode ser confundida com outras encefalites e a possibilidade de sobrevivência diminui com a evolução do quadro clínico do paciente.
PREVENÇÃO
O superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz, afirma que o Paraná não tem casos de raiva humana ou canina, porém precisa estar preparado para qualquer situação.
“Nosso trabalho está focado na prevenção e tratamento profilático de pessoas que foram expostas a situações com risco de transmissão. Por enquanto, isso vem dando certo, mas é preciso ficar atento e pronto para atuar também no tratamento de possíveis casos”, disse.
A transmissão da raiva humana ocorre através do contato de um mamífero infectado com o homem. A maioria dos acidentes acontece pela mordedura de cães, gatos ou contato com morcegos. Nesses casos, a pessoa deve ser encaminhada imediatamente a uma unidade de saúde para iniciar o tratamento profilático.
“Se o tratamento for realizado em tempo hábil, a possibilidade de a pessoa desenvolver a doença é nula”, relata a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Raiva, Márcia Zinelli.
VACINAÇÃO
De acordo com a médica veterinária do Ministério da Saúde, Silene Manrique Rocha, a estratégia nacional de controle da raiva também preconiza a vacinação de cães e gatos nas regiões de risco. “O resultado disso é uma queda significativa no número de casos de raiva canina no país. Até 2015, esperamos que ela seja erradicada em relação a estes animais”, informa. No Paraná, a vacinação é realizada apenas em municípios que fazem fronteira com o Paraguai e a Argentina.
HOMENAGEM
Na terça (4), Willoughby também foi homenageado pela Associação Médica do Paraná (AMP) por conta de sua importante contribuição para o avanço da medicina. O presidente da entidade, João Carlos Baracho, entregou a honraria.