19/12/2010
Segunda fase do exame do Cremesp reprova 68% dos formandos em medicina
Dos 533 alunos de medicina de São Paulo que prestaram o exame do Conselho Regional de Medicina, não obrigatório, apenas
85 foram aprovados. Essa foi a maior reprovação desde que a avaliação foi criada, em 2005.
Na primeira etapa, 43% foram reprovados. Na segunda, foram 68% que não passaram, segundo dados divulgados nesta quinta-feira.
O Cremesp ainda estuda se a prova pode ser considerada mais difícil que a de anos anteriores, se o perfil dos alunos inscritos
mudou ou se houve realmente uma piora, já que, em anos anteriores, a aprovação na segunda fase do exame era de pelo menos
90%.
"Estamos cautelosos porque não temos o universo de formandos sendo avaliados. Mas, de qualquer forma, podemos dizer que
o quadro está ruim, a formação deixa a desejar", diz o médico Bráulio Luna Filho, coordenador do exame.
EXAMES
Na primeira fase do exame, são feitas 120 questões objetivas sobre várias áreas da medicina. Na segunda fase, há uma simulação
de atendimento médico, com filmes, exames e imagens, e o aluno tem que identificar o problema, fazer um diagnóstico e tomar
uma providência a partir do caso apresentado.
O Cremesp diz que avalia apenas o mínimo esperado de um estudante de medicina. Entre as questões com maior número de erros,
há algumas relacionadas ao diagnóstico e tratamento de doenças cardíacas, sífilis e tuberculose.
Nas duas fases, a clínica médica esteve entre os piores desempenhos. "Clínica médica é fundamental para qualquer médico,
porque trata de todo o indivíduo. E todo médico tem que ter noções mínimas, que é o que cobramos", diz o vice-presidente do
Cremesp, Renato Azevedo Júnior.
REIVINDICAÇÃO
O conselho reivindica a criação de um exame nacional unificado em todas as universidades, para medir a qualidades das
instituições de ensino e, de forma obrigatória, habilitar ou não um estudante para o exercício da profissão, como já ocorre
com advogados. Ele considera o Enade insuficiente para avaliar as escolas de medicina do país.
"Não é possível que um indivíduo exerça a medicina sem estar qualificado, só porque pagou ou fez seis anos", disse Bráulio.
Para ele, um dos fatores para o aumento de denúncias contra médicos _ que hoje giram em torno de 4.500 ao ano_ é a má
qualificação dos médicos, desde a formação técnica até o comportamento profissional.
Fonte: Folha de São Paulo