15/05/2020

Secretário de Saúde diz que mobilização contra Covid-19 não pode ter afrouxamento agora

Em reunião com diretoria do CRM-PR, Beto Preto apresenta cenário atual de enfrentamento e teme período sombrio com chegada do frio e desaceleração do distanciamento social

O secretário estadual de saúde, Beto Preto, foi o participante convidado da 1585ª reunião extraordinária da diretoria do Conselho Regional de Medicina do Paraná, realizada pela web na tarde de quinta-feira (14). Além de oferecer um panorama sobre o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, realçando dados estatísticos, infraestrutura disponível e ações em curso, o secretário reiterou o apelo para que médicos e demais profissionais de saúde mantenham-se engajados e não se deixem impressionar pelos números de casos confirmados ainda contidos da Covid-19, se comparados a alguns estados alcançados pelo pico da doença. A alerta, diz, vale para toda população, que deve estar consciente da importância de observar o distanciamento social, estimando que a chegada do frio trará agravos substanciais aos indicadores da doença.

Beto Preto, que é médico, destacou a relevância da participação do CRM-PR, Associação Médica e sociedades de especialidade nas discussões e também decisões relativas ao combate da Covid-19, inclusive com as entidades estando representadas no comitê de gestão de crise instituído ainda no início da pandemia e que se reúne diariamente. O secretário colocou-se à disposição para uma agenda periódica com a classe médica visando analisar a evolução estatística da doença, protocolos, necessidades assistenciais e questões específicas, como proteção aos profissionais da linha de frente. Beto Preto chamou a atenção para a absoluta transparência com que o governo estadual tem tratado a questão do combate à Covid-19, seja na questão de publicizar os números da doença ou do uso dos recursos.

clique para ampliarclique para ampliarA reunião remota teve conselheiros na sede em Curitiba. (Foto: CRM-PR)

Estrutura assistencial

De acordo com esclarecimentos feitos pelo secretário, o Paraná conta hoje com 1.723 leitos exclusivos para enfrentar a pandemia, sendo 549 leitos de UTI adulto e mais 37 pediátricos.  Outros 1.137 leitos são de enfermaria, incluindo 67 pediátricos. Hoje, diz, o índice global de ocupação de UTI adulta no Paraná é de 33%, puxado principalmente pela Capital, que está com 58% de taxa de ocupação. Reiterando palavras do governador, Beto Preto ressalta que o Paraná conta com um sistema forte e regionalizado, com hospitais de qualidade em diversas cidades, tanto que aparece entre os cinco estados brasileiros com a melhor distribuição de leitos de UTI, com 18 leitos para cada 100 mil habitantes. A conclusão das obras dos hospitais regionais de Telêmaco Borba (Campos Gerais), Guarapuava (Centro) e Ivaiporã (Vale do Ivaí) e o anúncio feito na semana pelo Ministério da Saúde de contemplar 18 cidades paranaenses com mais de 400 leitos de UTI tendem a melhorar ainda mais a infraestrutura. Pelo menos por ora, está descartado projeto de implementar hospital de campanha em Curitiba ou outra cidade paranaense.

“Trabalhamos com diferentes cenários para garantir o atendimento sem sobrecarregar o sistema de saúde”, diz o secretário estadual da Saúde, reforçando ainda que o Paraná divide com o Mato Grosso do Sul a sexta posição no ranking nacional de disponibilidade de respiradores, com 31 equipamentos por 10 mil habitantes. Com relação aos profissionais de saúde, o Paraná também se destaca. Está em nono no número de médicos (209/100 mil) e em oitavo no de enfermeiros (128/100 mil). Outro aspecto positivo, como ressalta Beto Preto, é o de testagem. O Paraná é hoje um dos três estados que mais testam e com perspectiva iminente de aumentar sua capacidade.

clique para ampliarclique para ampliarSecretário Beto Preto participou da reunião pela web. (Foto: Sesa)

Preocupação com distanciamento

Apesar do potencial assistencial já instalado, o secretário de Saúde adverte sobre as consequências do afrouxamento do distanciamento social, que já esteve perto do patamar de 60% e hoje caiu para menos de 40%, o que tende a se refletir a curto prazo no aumento do contágio e ocupação hospitalar. Beto Preto deu exemplo de uma cidade paranaense onde o contágio de empregados em uma organização empresarial acabou se estendendo a mais de 200 pessoas, três delas indo a óbito. Ele projeta período de dificuldades até o fim do inverno, pois além de possíveis vítimas da influenza, ainda há o grave problema da dengue, com aproximadamente 170 mil confirmações desde julho de 2019 e que só agora inicia a tendência de queda.

Sobre a questão dos equipamentos de segurança, o secretário reconheceu que há dificuldades pontuais em reposição, destacando que além do custo dos produtos ter alcançado patamares econômicos absurdos, ainda há restrições no fornecimento, além do que o consumo foi multiplicado várias vezes nos serviços devido aos cuidados redobrados exigidos. Informado sobre as fiscalizações realizadas pelo Departamento de Fiscalização do CRM-PR e também do canal de denúncias de falta de EPIs que foi aberto pelo CFM, Beto Preto reiterou que a Secretaria está receptiva para o encaminhamento das demandas que visam a proteção dos trabalhadores. De acordo com estatísticas da Sesa, até o começo de maio foram indicados 46 casos suspeitos entre trabalhadores da saúde, sendo 21 confirmados e estando 15 em tratamento. Uma morte foi registrada entre os que estão na linha de frente de combate à doença, de uma profissional de enfermagem.

Convocação dos profissionais

Os conselheiros participantes da reunião mais uma vez enalteceram o trabalho empreendido pelo secretário e sua equipe, com pleno apoio do governador e do chefe da Casa Civil, entendendo que a somatória de esforços na pronta resposta à crise sanitária permitiu a situação controlável que hoje se apresenta. O presidente do Conselho, Roberto Yosida, dirigiu especial agradecimento à Sesa pela agilidade que tem sido dada aos pleitos da classe médica em benefício à sociedade, sendo exemplo a parceria que permitiu a implantação de sistema de validação de receitas de medicamentos e atestados, aproximando médicos, farmacêuticos e gestores públicos. De acordo com ele, em apenas um mês o sistema já permitiu a validação de aproximadamente 15 mil documentos, incluindo, agora, o de pedido de exames.

Exaltando o engajamento de hospitais, dos serviços de saúde, dos médicos, enfermeiros e demais profissionais, Beto Preto insistiu para que a mobilização não se enfraqueça sob a perspectiva de dias não menos difíceis a partir de agora, quando se prevê o pico da doença chegar ao Paraná. Neste aspecto, voltou defender com veemência as recomendações de prevenção das autoridades sanitárias, como distanciamento social, higienização e uso de máscaras. Acentuou que os médicos têm papel fundamental neste processo de conscientização. Ao encerrar a reunião, mencionou dados do boletim epidemiológico do dia, que já indicava 2.063 casos de Covid-19 de residentes no Paraná e 119 mortes.

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