01/09/2023
Comissão do CRM-PR desenvolveu minuta de protocolo para auxiliar no encaminhamento de profissionais que precisam de tratamento. Pesquisa científica busca determinar incidência de ansiedade, depressão, insônia e Síndrome de Burnout entre médicos
A dependência química (DQ) e agravantes à
saúde física e mental dos médicos e estudantes de medicina têm gerado iniciativas de estudos e
prevenção desde o final dos anos 1990. A visibilidade do problema na sociedade fez com que ganhasse corpo, mais
especialmente, agora, com o impacto trazido pela pandemia junto aos serviços de saúde. Assim, o cenário
que se apresenta é de alerta frente ao crescimento do universo de profissionais que fazem uso de drogas ilícitas
ou não, refletindo em suas condutas pessoais e profissionais e, consequentemente, em riscos para si e para os seus
pacientes.
Para compreender o atual cenário desse problema, a pesquisa científica "Médico
- Como está sua saúde mental?" pretende determinar incidência de ansiedade, depressão,
insônia e Síndrome de Burnout entre os profissionais médicos, o que poderá, no futuro, ser base
para instituir ações de melhora no apoio e assistência psicológica para a classe médica.
ACESSE A PESQUISA AQUI.
A
pesquisa, realizada pela conselheira Nazah Cherif Mohamad Youssef, tem o aval da Universidade do Porto e Conselho Federal
de Medicina (CFM), com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas
da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Fluxograma de encaminhamentos
Depois de constituir
a sua Câmara Técnica de Psiquiatria e, na sequência, a Comissão de Saúde do Médico,
o CRM-PR ativou um grupo de trabalho mais específico, a Comissão de Combate à Dependência Química
e Suicídio, através da Portaria n° 015/2022. Após reuniões e amostras da gravidade do problema, a Comissão constituiu fluxograma de encaminhamentos que objetiva contribuir na agilização
de comunicação de cada caso específico e ao alcance de médicos, pacientes, seus familiares e colegas
de profissão, inclusive os que integram os comitês de ética dos serviços hospitalares.
O psiquiatra e professor Marco Antonio do Socorro Marques Ribeiro Bessa, conselheiro integrante da Comissão de Prevenção, elaborou uma minuta de protocolo de informações e encaminhamentos de médicos com dependência química e/ou ideação suicida. As situações abordadas tratam de intoxicação medicamentosa, dependência química e pacientes crônicos que dependem de internação, tentativa de suicídio e ideação suicida. O propósito imediato, como refere o especialista, é de ajuda aos médicos em condições de vulnerabilidade. Contudo, não retira do CRM-PR a decisão de eventual abertura de processo administrativo, em consonância com as prerrogativas legais e que visam proteger o próprio médico e seus pacientes.
Como observado pelos integrantes da Comissão de
Prevenção, os dependentes químicos necessitam tratamento urgente, tão logo o mal seja detectado,
pois protelar providências resulta em agravamento da doença e aumento dos riscos. Explicam, contudo, que o tratamento
é complexo e exige equipe multidisciplinar e o envolvimento dos próprios familiares. O primeiro passo é
convencer o paciente a aceitar ajuda, tarefa difícil considerando que uma das características da dependência
química é a negação de sua existência.
Confira a seguir algumas situações
de como proceder:
GRUPOS DE AJUDA E PREVENÇÃO
Dependentes podem
ser orientados a procurar ajuda em grupos de programa de tratamento de alcoolismo, como AA (em Curitiba são mais de
20 unidades e que podem ser consultadas na internet), Narcóticos Anônimos/NA (existem pelo menos seis em Curitiba)
e CVV (Centro de Valorização da Vida), que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio,
atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone
(188), e-mail e chat 24 horas todos os dias.
INTOXICAÇÃO
Sendo situação
de urgência/emergência, deve ser acionado o SAMU (telefone de emergência 192). Se dependente do serviço
público, atendimento em UPA ou PA de hospital credenciado ao SUS. Se detentor de plano de saúde, buscar atendimento
em unidade de pronto atendimento de hospital credenciado, seja na Capital ou no interior).
CASOS CRÔNICOS
DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA (DQ)
Buscar orientação do médico assistente para
hospitalização. Em Curitiba, a Política de Saúde Mental é estruturada por meio da Rede
de tenção Psicossocial (RAPS), que conta com diversos pontos de atenção para acolhimento e tratamento
de pessoas com transtornos mentais e usuárias de álcool e/ou drogas. Este serviço público envolve
Atenção Primária, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Ambulatórios de Saúde
Mental (serviços que ofertam atendimentos de psicologia e psiquiatria), Hospital Psiquiátrico (vagas são
liberadas pela Central de Retaguarda em Saúde Mental, após avaliação médica realizada em
serviços da rede de saúde) e Unidades de Pronto Atendimento (serviços abertos de atendimento à
Urgência e Emergência Psiquiátrica).
TENTATIVA DE SUICÍDIO
Quando
for detectada situação de transtorno mental em fase aguda (alucinação, delírio, agressividade,
agitação, intoxicação e tentativa de suicídio) ou intercorrência clínica (delirium
tremens, por exemplo), o atendimento poderá ser feito na UPA mais próxima da residência do paciente,
como alternativa ao atendimento dos CAPS. Caso o paciente não consiga ser deslocado à UPA, poderá ser
acionado o SAMU (fone 192). A exemplo de Curitiba, centros maiores como Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa
mantêm serviços semelhantes e funcionais.
Depois do atendimento clínico, dependendo do método
utilizado, ter avaliação psiquiátrica e, muito provável, hospitalização em clínica
psiquiátrica.
IDEAÇÃO SUICIDA
Quando dependente do serviço público,
encaminhar para avaliação psiquiátrica em UPA, (Unidade de Pronto Atendimento). Ou hospitais e clínicas
credenciadas da saúde supletiva que tenham pronto atendimento. De Curitiba, são exemplo as clínicas Heidelberg,
Porto Seguro, Uniica (Unidade Integrada de Crise e Apoio a Vida), Clínica Cadmo e Clínica Psiquiátrica
Curitiba Unimed.
INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA OU INVOLUNTÁRIA
Sempre comunicar alguém da família, tanto em casos de DQs quanto de tentativa
ou ideação suicida. Neste caso, pode se avaliar conveniência de iniciar Processo Administrativo para acompanhar
o tratamento.
Conforme
a lei, a internação involuntária dependerá de pedido de familiar ou responsável
legal ou, na falta deste, de servidor público da área de saúde, de assistência social ou de órgãos
públicos integrantes do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad).
*O
prévio contato e/ou acompanhamento de familiares é condição importante para avaliação
especializada, internação, estabilização e acompanhamento do tratamento.
IMPORTANTE
Confira AQUI Linha Guia
da Saúde Mental lançada pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, em 2018, e que tem ampla abordagem
sobre prevenção e assistência.
Ajude a divulgar
O CRM-PR produziu dois cartazes de divulgação da campanha que visam chamar a atenção e
também sensibilizar colegas e demais membros das equipes na identificação de casos. O material pode ser
impresso em impressora comum, tamanho A4, e sugere-se fixar em locais de uso restrito das equipes, como salas de descanso
e banheiros.
Faça o download: Cartaz 1 - PDF | Cartaz 1 - JPG | Cartaz 2 - PDF | Cartaz 2 - JPG
CAMPANHA VISA ENFRENTAR TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS E DEPENDÊNCIA QUÍMICA
ENTRE MÉDICOS E ESTUDANTES. Saiba mais AQUI.