31/03/2008
Saúde integral da mulher: essencial
O funcionamento do organismo feminino e sua saúde vêm mudando muito nas últimas décadas. Não é possível determinar um único
motivo para este fenômeno, mas podemos tomar por base a manifestação ocorrida em 7 de setembro de 1968, em frente ao Concurso
de Miss América, nos Estados Unidos, com a famosa queima de sutiãs em prol da libertação feminina. O movimento, que já ganhava
espaço na mídia, foi impulsionado e conquistou adeptas em todo o mundo. Até hoje, elas lutam por igualdade de direitos e obrigações.
Coincidentemente, no Brasil, naquele mesmo dia comemorávamos o Dia da Independência. E assim a mulher é hoje: independente
em suas atitudes, pensamentos e ideais. Mas com toda essa mudança, também adquiriu os revezes daqueles que vivem sob pressão,
à mercê de fatores ambientais e sociais, imputando riscos e malefícios à sua saúde.
Recentemente uma pesquisa apontou que, na capital paulista, a poluição do ar equivale a fumar dois cigarros ao dia. No
grupo dos inimigos da saúde, destaque também para a falta de tempo, a alimentação desregrada, o sedentarismo, o estresse,
o abuso do álcool, entre muitos outros hábitos nocivos incorporados rapidamente do pelo gênero feminino, descuidos até há
pouco exclusivamente masculinos.
O novo perfil da mulher tem trazido doenças que até pouco tempo atrás eram quase que exclusivas do sexo masculinos, como
por exemplo a doença arterial coronária.
Na ânsia de alcançar a igualdade entre os sexos, a mulher se transformou, à vista da Medicina, em um indivíduo ainda mais
particular. É necessário enxergá-la de maneira diferenciada, levando em conta suas particularidades, fragilidades e suas necessidades.
Em conseqüencia de sua anatomia, há doenças exclusivas do sexo feminino, como o câncer de colo de útero ou a endometriose,
e cuidados e intercorrências durante a gravidez, parto e pós-parto.
Há também os problemas que, embora incidam nos homens, são mais predominantes na mulher, como o câncer de mama, osteoporose,
depressão, esclerose múltipla, artrite reumatóide e muitas outras.
Sob essa realidade, é essencial a proposta de atenção à saúde integral da mulher, que, com base nesta ampla gama de necessidades,
busca tratamento e redução da incidência de todos estes males. A mulher é um ser especial e precisa ser olhada como tal. Precisa
voltar às suas origens, ou ao que existe de saudável e salutar nela, e recuperar tempo para cuidar de si e reduzir o ritmo.
É fundamental que ela encontre espaço em sua agenda para consultar o médico regularmente, estar atenta a qualquer alteração
em seu corpo, sinais de que alguma coisa não vai bem, e praticar exercícios físicos regularmente, assim manter sob controle
as taxas de colesterol e a hipertensão arterial. Precisa, enfim, se tornar prioridade de vez em quando, e se posicionar à
frente da casa, do trabalho, e também do marido e dos filhos, para voltar a cuidar de si, como fazia antigamente.
O Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica