13/11/2007

SUS: médicos ameaçam parar

Dia 21 de novembro

Dia Nacional de Protesto


Consulte a entidade médica do seu estado sobre a programação.


A Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) realizam, quarta-feira (21), o Dia do Protesto, uma mobilização em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). A ação contará com um calendário de atividades que pode culminar em uma paralisação nacional. As principais críticas dos profissionais são à falta de infra-estrutura no SUS e aos baixos salários, que obrigam os médicos a acumular dois ou mais empregos, o que reflete na qualidade do atendimento. A categoria reivindica um reajuste de 100% do montante destinado aos honorários médicos do sistema, piso salarial de R$ 6. 963,52 para 20 horas de trabalho, carreira de estado e plano de cargos e salários para os profissionais do SUS.


Há urgência no estabelecimento de uma política competente, que assegure qualidade no atendimento, melhores equipamentos, e uma remuneração digna como já se remunera outras categorias de servidores com formação equivalente.


A tabela do SUS é classificada como "vergonhosa". Mesmo depois do aumento da Tabelo do SUS, anunciado em outubro pelo Ministério da Saúde, os médicos são obrigados a acumular empregos, o que se reflete na qualidade do serviço. O SUS paga ao médico R$ 10 por consulta. Incentivam ao parto normal e remuneram apenas R$ 236 para aquele que fica disponível por horas para tal atendimento. Assim como vários procedimentos como amigdalectomia ou cirurgia de amídalas (R$ 115), postectomia ou cirurgia de fimose (R$ 42), apendicectomia ou cirurgia de apendicite (R$ 211), atendimento ao recém nascido na sala de parto pelo pediatra (r$ 27,60).


Neste ambiente, cabe às entidades médicas exercerem suas funções institucionais, conciliando os interesses da classe que representam com o direito dos cidadãos a um atendimento decente.


A comissão Pro-SUS, formada por representantes do Conselho Federal de Medicina, da Associação Médica Brasileira e da Federação Nacional dos Médicos, com participação dos Conselhos Regionais de Medicina, das federadas do sistema AMB e Sindicatos, vai promover, dia 21 de novembro próximo, uma mobilização nacional em defesa de melhores condições de trabalho para os médicos e de atendimento competente para a população.


As bandeiras de luta já foram definidas:

- tornar o serviço público eficiente na área da saúde;


- melhor estrutura, melhor atendimento;


- reajuste de 100% do montante destinado aos honorários médicos do SUS;


- piso de R$ 6.963,52 por 20 horas de trabalho (conforme recomendação do último Enem).


- carreira de Estado e implantação de plano de cargos e salários para os médicos no SUS.


Com a aprovação da regulamentação da Emenda 29 na Câmara dos Deputados, os médicos discutem como aproveitar o momento político para alertar a população sobre a crise na saúde. "É hora de nós demonstrarmos a insatisfação dos médicos com a baixa remuneração e com as condições precárias de trabalho, que prejudicam o atendimento à população", destaca o coordenador da Comissão, Geraldo Guedes.

Dia 21 de novembro os médicos vão se mobilizar em suas clínicas, hospitais e serviços de saúde, seguir em caravana para as Assembléias Legislativas, Câmaras Municipais, secretarias da saúde e sedes dos executivos, promover discussões em escolas e universidades sobre as condições de trabalho, distribuir panfletos, falar com as pessoas - uma série de atividades reivindicatórias.



No Paraná
Em Curitiba, será realizada manifestação no Hospital de Clínicas da UFPR, um dos cenários explícitos da crise que coloca em risco toda estrutura assistencial do sistema público e projeta colapso na atenção à saúde da população. Iniciativa é do CRM-PR e Associação Médica, que descartam paralisação de serviços no Estado.

Um dos cinco maiores hospitais-escola do País e o maior em atendimento no Paraná, sendo referência em várias especialidades e transplantes, o HC vem sendo sucateado pelo explícito abandono e desinteresse das autoridades públicas com responsabilidade por sua manutenção e pelos recursos humanos. Realiza, em média, 2.700 atendimentos e 72 internações por dia. Somente no ano anterior, o número de pacientes atendidos chegou quase a 800 mil, que usufruíram da - ainda excelência dos serviços em nada menos do que 45 especialidades, algumas de alta complexidade e bastante onerosas, com destaque para o mundialmente reconhecido serviço de transplante de medula óssea, agora com sua ala pediátrica que ainda não pode funcionar por falta de contratação de profissionais. Nas últimas semanas o hospital foi obrigado a interromper serviços e até cancelar cirurgias, por absoluta falta de condições técnicas, carecendo até mesmo de medicamentos e materiais cirúrgicos básicos.


Às 10horas (do dia 21), a Direção do HC, juntamente com os presidentes do CRM-PR, Gerson Zafalon Martins, e da Associação Médica do Paraná, José Fernando Macedo, além de representantes de outras entidades afins, concederão entrevista coletiva para falar da crise no setor da saúde e os objetivos do movimento.

Estarão à disposição dos meios de comunicação os Drs. Giovanni Loddo, diretor-geral do HC; Gerson Zafalon Martins, presidente do CRM-PR; e José Fernando Macedo, presidente da AMP.


Fonte: CFM

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