30/08/2011
SP: Conselho Regional de Medicina pede revogação da lei estadual 1.131
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) manifestou-se contra a lei estadual 1.131/2010 que permite
a destinação de até 25% da capacidade de hospitais públicos para atendimento de pacientes particulares e conveniados a planos
e seguros de saúde no Estado. Em Sessão Plenária, no dia 23 de agosto, o Cremesp pediu a revogação da lei.
De acordo com o Cremesp, os contratos entre operadoras de planos de saúde e organizações sociais que administram hospitais
estaduais poderão levar à criação da "dupla porta" de atendimento, com privilégio de assistência aos pacientes de convênios
e particulares, em detrimento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em dezembro de 2010, quando o projeto foi aprovado na Assembleia Legislativa paulista, o Cremesp divulgou nota pedindo
o adiamento da votação por ser um tema complexo, com grande impacto na configuração do sistema de saúde de São Paulo, o que
exige um debate com a participação de toda a sociedade.
Confira abaixo o posicionamento do Cremesp na íntegra.
Posição do Cremesp sobre a lei estadual nº 1.131/2010
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) vem posicionar-se contrariamente à Lei Complementar Nº.
1.131/2010, seguida do Decreto Estadual Nº 57.108, de 6/7/2011, que permite aos hospitais da rede estadual, administrados
por Organizações Sociais, destinar até 25% da capacidade instalada para particulares, planos e seguros de saúde.
Manifestamos igualmente nossa preocupação quanto à decisão da Secretaria de Estado da Saúde (Resolução SS - Nº 81, publicada
no DOE de 6/8/2011 - Seção 1 - p.30) de autorizar os primeiros hospitais a celebrar diretamente contratos com planos e seguros
de saúde privados.
É notória a insuficiência da rede estadual de saúde para atender a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS), situação agravada
pela ausência de um plano de carreira, cargos e vencimentos para os médicos do estado.
Além disso, cabe denunciar a omissão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em viabilizar o ressarcimento ao SUS,
sempre que pacientes de planos de saúde são atendidos em hospital público, conforme determina o artigo 32 da Lei Nº 9.656/98.
Da mesma forma, a ANS não pode fugir à sua obrigação de fiscalizar e exigir das operadoras de planos de saúde a oferta
de rede de serviços adequada para atendimento
integral dos pacientes, o que reduziria a procura do SUS por parte da população coberta na saúde suplementar.
Destacamos o princípio fundamental do Código de Ética Médica: "A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano
e da coletividade e será exercida sem discriminação de qualquer natureza" (Capítulo I; I).
Considerando os possíveis impactos negativos da legislação em pauta, que poderá levar à criação da "dupla porta" de atendimento,
com privilégio de assistência aos pacientes de convênios médicos e particulares, em oposição aos princípios do SUS de universalidade,
equidade e integralidade, além da diminuição dos recursos materiais e humanos já escassos ofertados à população usuária do
sistema público, o Cremesp solicita ao Exmo. Governador Geraldo Alckmin, ao Ilmo. secretário de Estado da Saúde, Giovanni
Guido Cerri e ao Exmo. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado José Antônio Barros Munhoz, a
revogação da Lei Complementar Nº 1.131/2010, do Decreto Estadual Nº 57.108, de 6/7/2011 e da Resolução SS - 81, de 6/8/2011.
Fonte: Cremesp