23/01/2008

SESA edita Resolução que trata de medidas para prevenção e controle de MCR

Reunião das entidades no dia 14 conduziu à criação de câmara técnica. Resolução será assinada na segunda-feira, dia 28 de janeiro, às 14h, na sala de reuniões do gabinete do Secretário de Saúde Gilberto B. Martin. Documento inclui anexo com "Citérios específicos para reprocessamento de produto médico utilizado em videocirurgia", o qual estabelece obrigatoriedade da realização de esterilização. Também serão identificados todos os pacientes que realizaram videocirurgias entre janeiro e dezembro de 2007.



Paraná vai adotar nova resolução para esterilização de instrumentos cirúrgicos


Uma câmara-técnica vai estabelecer esta semana as regras que irão compor uma nova resolução que definirá os critérios para a limpeza e esterilização dos instrumentos de vídeo-cirurgia. Os equipamentos utilizados, quando não tiverem sua esterilização de acordo, podem ser responsáveis pela transmissão das micobactérias, causadoras do surto de infecção hospitalar como a que ocorreu em Curitiba. "Faremos isto com apoio de entidades representativas e depois, caso seja necessário, ofereceremos cursos de atualização para que todos se enquadrem dentro das novas normas", explica o secretário da Saúde, Gilberto Martin.

O grupo, composto por diversas entidades representativas, foi formado em uma reunião na tarde desta segunda-feira (14), na Secretaria da Saúde. A proposta deverá ser concluída até o final desta semana.

A reunião foi convocada pelo secretário em parceria com a Secretaria municipal de Saúde. O objetivo da reunião foi fornecer orientações para evitar novos casos e discutir a situação no Estado, sobretudo em Curitiba que concentra todos os casos das infecções. As micobactérias de crescimento rápido causaram 34 casos confirmados e 76 suspeitos da infecção na capital. Todos contraídos em atendimentos particulares ou de convênio. Nenhum caso suspeito foi notificado fora de Curitiba.

A Secretaria estadual da Saúde continua reforçando junto às 22 Regionais de Saúde a importância de orientar tecnicamente os serviços de saúde sobre todos os procedimentos que devem adotar, sobretudo nos cuidados na limpeza rigorosa e esterilização adequada no reprocessamento de material utilizado em video-cirurgias.


"Os serviços de saúde também devem fazer reuniões internas, sobretudo com as equipe cirúrgicas e as comissões de infecção hospitalar de cada unidade, assim como as Centrais de Material Esterilizado", explica a chefe do setor de serviços da Vigilância Sanitária do Estado, Maria Aida. De acordo com ela, as Regionais de Saúde estão realizando reuniões com entidades de classe e hospitais para discutir o assunto e repassar orientações aos serviços de saúde. Um documento foi enviado pela Secretaria solicitando que qualquer caso suspeito identificado seja notificado imediatamente.

"Estamos diante de um surto aparentemente controlado. Mas temos que trabalhar para que continue assim", afirmou Alceu Pacheco, representante da Associação Médica do Paraná e presidente da Associação Paranaense de Infectologia. O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Gerson Zafalon Martins, destacou que deve-se enfrentar a crise e trabalhar em conjunto, todas as entidades além dos órgãos governamentais. "As comissões de infecção hospitalar devem ter caráter profissional", analisa Martins. De acordo com ele, trabalhar junto faz bem para a saúde de todos. O presidente do conselho também se propôs a auxiliar no processo de divulgação de informações para todos os médicos do Estado.

Entre os sintomas da micobacteriose estão a dificuldade de cicatrização e o surgimento de nódulos e secreção no local da cirurgia. O tempo para que ela se manifeste é bastante variável, podendo aparecer entre duas semanas até um ano. Qualquer paciente submetido a processos cirúrgicos que apresente estes sintomas deve procurar o local onde foi realizado o procedimento. Ainda não se sabe ao certo o motivo do aparecimento da micobactéria, que faz parte da família das bactérias causadoras da Tuberculose, que ao todo são mais de 160 tipos diferentes.

Este tipo de surto já ocorreu em maiores proporções em outros estados. No Pará, em 2004, foi o primeiro grande registro de casos concentrados. Ao todo foram 300 casos notificados. Em seguida, no Rio de Janeiro, nos anos de 2006 e 2007 foram 229 casos. Em todo o Brasil, nos últimos anos, o número de casos é superior a 1.500.

Estiveram presentes na reunião representantes da Associação Médica do Paraná, Conselhos Regionais de Medicina, Conselho Regional de Farmácia, Conselho dos Secretários Municipais de Saúde, Associação Brasileira de Infectologia, Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Paraná, Associação Brasileira de Enfermagem, Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar, Associação Brasileira de Análises Clínicas e Ministério Público.

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