11/02/2015
Entidade defende que sejam esclarecidos os pontos referentes ao congelamento de forma a apoiar as famílias na hora da escolha e não incitar uma atitude motivada por argumentos insólitos
Reservar células-tronco de sangue de cordão umbilical em instituições privadas para uso particular pode representar uma prática inútil. A informação é da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO). Não existem, até o momento, evidências que justifiquem o investimento de recursos para preservar o cordão umbilical de crianças para o futuro da própria ou de familiares.
O congelamento do material tem se tornado frequente no Brasil e reúne adeptos de diferentes categorias da sociedade, em especial, personalidades da mídia, o que acaba muitas vezes a remeter à desinformação quanto às possibilidades terapêuticas do sangue de cordão umbilical para fins privados.
Até o momento, com as evidências existentes, não há razão para que um determinado cordão fique reservado apenas a seu dono ou família, já que apenas 4% do inventário de um banco de sangue de cordão umbilical serão efetivamente utilizados. Com o tempo, inclusive, o produto pode se deteriorar.
Do ponto de vista científico, não foi ainda definida a importância das células-tronco de cordão na medicina regenerativa, pois as células-tronco adultas, disponíveis em todos nós, parecem ser igualmente eficientes. Assim, não se justificam os congelamentos alardeados pelo setor privado.
Células-tronco mesenquimais são um tipo particular de células-tronco, de produção relativamente simples e barata, presente em quase todos os órgãos e tecidos do nosso corpo e na "parede" do cordão umbilical. Estas últimas parecem ter propriedades superiores e vantagem na regeneração tecidual. Alguns bancos de sangue de cordão umbilical privados do centro do país estão incluindo no "cardápio de possibilidades", oferecido em folhetos de marketing, a possibilidade de também congelar o cordão além das suas células.
Nos EUA, há evidências de que transplantes realizados com cordão de bancos privados têm resultados significativamente piore dos que os públicos, possivelmente porque nos primeiros as condições de coleta, embalagem, congelamento e armazenamento são inferiores e heterogêneas. Em alguns países da Europa, porém, a prática é proibida devido a questões referentes à bioética.
No Brasil, em caso de indicativo para transplante de sangue de cordão umbilical há a opção de recorrer à Rede de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical Públicos do que possuem extenso registro de doadores e representam uma chance real e ampliada de encontrar um doador compatível para o transplante. Ainda não há no País uma lei que coíba e, mesmo, regulamente a prática de serviços privados. Recentemente a Anvisa lançou uma cartilha de esclarecimento que pode ser referência de informações àqueles que tenham interesse pelo assunto.
A SBTMO defende que sejam esclarecidos os pontos referentes ao armazenamento de sangue de cordão de forma a apoiar as famílias na hora da escolha e não incitar uma atitude motivada por argumentos insólitos.
Diretoria da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO)