Idosos com depressão estão mais propensos à demência. O risco de desenvolver o quadro é quatro vezes maior nesses pacientes,
segundo o psiquiatra Jerson Laks, que participou do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Fortaleza.
"A própria depressão, às vezes, é sinal de estágio inicial de demência", diz Laks, que coordena o centro de idosos do
Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Em torno de 60% dos pacientes com demência apresentam também quadros de depressão. "O diagnóstico para diferenciá-las
é difícil e os médicos precisam estar preparados para suspeitar das duas doenças e tratá-las", alertou Laks. Fatores biológicos,
como a progressiva atrofia do cérebro, e psicossociais, como isolamento, falta de suporte familiar, inatividade e exposição
a situações de luto favorecem o aparecimento de distúrbios de humor nas pessoas mais velhas.
Sem tratamento
"No idoso, a depressão é diferente. E pode ser muito perigosa, porque aumenta ou agrava a incidência de problemas cardiovasculares.
A mortalidade de pacientes depressivos internados por causa dessas doenças é muito maior", diz Laks. O pior é que muitos
idosos com depressão não são tratados. O diagnóstico não é feito, os sintomas são confundidos com os da própria velhice, segundo
Sérgio Luis Blay, coordenador de psiquiatria geriátrica da Associação Brasileira de Psiquiatria.
"Pacientes e familiares pensam que tristeza e indisposição estão ligadas à idade e não buscam ajuda", diz Blay, alertando
para a importância de consultar um médico em caso de mudança no comportamento do idoso.
Prevenção
Diagnosticada a depressão, o idoso deveria receber acompanhamento de grupos de apoio ou recorrer a sessões de psicoterapia.
Falta suporte social para esse público, afirma Jerson Laks: "As famílias fazem tudo o que podem, mas faltam políticas públicas
que informem sobre o problema e promovam centros de convivência para a terceira idade".
Os especialistas concordam que centros de convivência, grupos de reunião para práticas esportivas e viagens de lazer são
muito importantes para prevenir a melancolia.
"Essas ações têm caráter mais social do que terapêutico, mas são essenciais, porque o isolamento e a inatividade podem
desencadear a doença. Porém, se o problema já estiver instalado, é necessário contar com grupos de apoio e centros de saúde
especializados, que são incipientes", afirma Blay.
"Não é só porque a pessoa é idosa que é normal ela ser depressiva. Esse estigma precisa mudar", conclui Laks. Com o estreitamento
da pirâmide etária e o aumento do número de idosos, a depressão deve se tornar o maior desafio de saúde pública no futuro,
segundo especialistas.
"A incidência de depressão entre idosos é muito alta e tende a ser crônica. Como é essa a faixa que mais cresce no mundo,
a depressão será a doença mais preocupante", afirma Laks.
Fonte:
href="http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/822262-risco-de-demencia-e-4-vezes-maior-entre-idosos-deprimidos.shtml"
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