Marca será celebrada em solenidade no dia 12 de julho, com homenagens a personalidades que contribuíram e contribuem para
o fortalecimento da bioética no país. Presença internacional do periódico deve ser ampliada
Em 1993, o Sistema Único de Saúde (SUS) tinha apenas três anos de existência e crescia no país
um debate sobre os dilemas éticos enfrentados pelos médicos. Nesse contexto, o Conselho Federal de Medicina
(CFM) criou a Revista Bioética, primeiro periódico do Brasil a se dedicar aos conflitos éticos na condução
da vida. O primeiro número trazia artigos sobre AIDS, assunto pouco abordado naquela época. Como em todas as
edições seguintes, os artigos davam uma perspectiva plural e multidisciplinar ao tema em debate.
Para celebrar os 30 anos da Revista Bioética, o CFM promoverá uma solenidade comemorativa na manhã
do dia 12 de julho, na sede da autarquia. Estarão presentes ex-editores, representantes do corpo editorial e pareceristas
Ad hoc. “Ao longo dos anos essas pessoas têm se mostrado extremamente dedicadas. E é o compromisso deles,
aliado ao apoio institucional do CFM, que levou a Revista Bioética ao patamar de excelência que ela tem. É
justo que façamos essa homenagem” reconhece a editora geral da revista, Helena Carneiro Leão.
“Sou um fã incondicional da Revista Bioética. E agradeço aos colegas que dedicaram seu
tempo a este projeto tão importante. O CFM é importante, pois damos as condições materiais, mas
o corpo editorial é quem mantém a revista em circulação”, elogiou o presidente do CFM, José
Hiran Gallo.
Continuidade
Quando o primeiro número da Revista Bioética foi lançado,
havia dúvidas se o projeto teria continuidade e uma desconfiança de que haveria interferências do CFM
na seleção dos artigos. Os temores foram em vão: nesses 30 anos, todas as diretorias do CFM mantiveram
o apoio à revista e respeitaram as decisões do Conselho Editorial. Como resultado, o periódico brasileiro
é o único especializado no tema indexado em conceituadas bases de dados internacionais tais como: SciELO, Latindex,
Lilacs, DOAJ, Redalyc e recentemente na Scopus. Neste momento, aguarda o resultado do processo de avaliação
na plataforma Web of Science.
Para o primeiro editor da Revista Bioética, Sérgio Ibiapina, a independência do Conselho Editorial
é uma das razões que explica a longevidade do periódico. “Isso pode ser considerado a regra de
ouro para a sobrevivência de uma publicação, ou seja, que não sofra qualquer interferência
em seu conteúdo”, argumenta.
“Ao mesmo tempo em que dá autonomia, a diretoria do CFM dá todo o apoio institucional e financeiro
para que a revista seja editada. Isso é fundamental. O CFM faz isso muito bem. Não é de agora, é
de sempre. Com isso, a revista jamais apresentou um patamar decrescente, sempre evoluindo para melhor”, destaca Sidnei
Ferreira, editor da revista entre outubro de 2014 a setembro de 2019.
Qualidade editorial
Editor do periódico entre outubro de 2004 a fevereiro de
2007 e de outubro de 2009 até setembro de 2014, Gerson Zafalon Martins, ex-presidente do CRM-PR, lembra que os artigos
publicados servem de base teórica para vários cursos, entre eles o de pós-graduação em
ética e bioética da Universidade Federal do Ceará. “Podemos dizer que a revista impulsionou o ensino
da bioética no país. Também o único periódico brasileiro dedicado exclusivamente ao campo
Bioética indexado no país”, afirmou.
“Na realidade, ela tem um peso acadêmico muito forte. É um receptáculo de grande parte
das publicações dos cursos, abordando os temas mais candentes dos conflitos e dilemas éticos existentes
hoje, no país e no mundo”, destaca Ibiapina. Ele elogia ainda o fato de a revista não ter ficado apenas
na esfera médica, aceitando muitas contribuições das ciências humanas.
Tendência é que Revista amplie a presença internacional
Para a editora-geral da revista entre outubro de 2019 a abril deste ano, Tatiana Bragança, a epidemia provocado
pelo vírus Sars-Cov-2 foi uma oportunidade para o fortalecimento do periódico. “A pandemia nos levou a
realizar eventos virtuais, como três webinares de bioética em 2020 e dois em 2021. Também foi propulsora
para que convidássemos o professor português Rui Nunes como editor científico honorário da revista,
a professora Natália Teles como editora assistente”, conta. A contribuição desses professores será
mais um passo para a internacionalização do periódico.
Desde março de 2018, o periódico passou a ser trimestral, critério importante para atingir
novas indexações em bases de dados internacionais, o que ampliará ainda mais a visibilidade internacional
da publicação para a comunidade científica e acadêmica. A Revista Bioética também
conta com a avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) que hoje tem nota A2.
Além da periodicidade, a revista do CFM atinge vários indicadores de excelência como: conteúdo
científico relevante, gestão editorial, composição da equipe editorial, processo de avaliação
de manuscritos e o número de artigos publicados por ano. Além da tiragem em papel, a revista conta ainda com
sua publicação online na íntegra em português, inglês e espanhol na página do CFM,
SciELO e demais bases indexadoras.
“Estamos em trabalho contínuo para novas indexações e novos caminhos. Tenho certeza
que vamos conseguir”, prevê a atual editora geral, Helena Carneiro Leão. “Foram 30 anos de muitas
vitórias, no sentido de manter um padrão de qualidade e de conquistar leitores. Não é fácil,
mas tenho certeza que vamos continuar acompanhando as mudanças, a evolução e as novas tecnologias”,
afirma.
Colaboradores enaltecem o trabalho
Na solenidade no dia 12 de julho, o CFM homenageará personalidades que contribuíram e contribuem
para o fortalecimento da bioética no país. Alguns destes colaboradores falaram ao Jornal Medicina:
Délio Kipper – “Certamente é a revista mais importante de Bioética na América
Latina. Me sinto muito orgulhoso por ter feito parte da criação dessa revista. Já analisei muitos artigos
e é uma honra fazer parte do corpo editorial por tanto tempo.”
Élcio Bonamigo – “Ela deu, até hoje, uma oportunidade de ouro para nós, pesquisadores
da bioética, conseguirmos publicar nossas pesquisas. Os autores nacionais foram altamente premiados e as pesquisas
tiveram repercussão importante, no âmbito nacional como internacional. Existem muitos assuntos que podem servir
para que o Legislativo esteja atento ao que estão dizendo os nossos pesquisadores.”
Joaquim Clotet – “Para mim, um motivo de orgulho é o de ter colaborado com a criação
da Revista Bioética, de ter feito parte do Comitê da Revista Bioética, e permanecido. Nós temos
que aceitar a realidade de que somos diferentes, mas moramos todos no mesmo planeta e precisamos saber dialogar.”
Rui Nunes – “A Revista Bioética é um pilar central do ensino médico, pelo menos
nos países de língua portuguesa. Entre os desafios que temos pela frente, está o reforço à
qualidade técnica e científica dos artigos publicados, captando o que há de melhor na pesquisa que se
faz da bioética e do biodireito. Outro desafio é estar indexada nas melhores bases internacionais da ciência
médica, ficando entre as 25% das melhores revistas científicas do planeta.”
Fonte: CFM