Mais de 70 médicos prestigiaram o evento e participaram das atividades promovidas pela Cermepar.
Critérios de ingresso e avaliação curricular, condições de ensino e aprendizagem, capacitação do preceptor, desequilíbrios
regionais e expansão por necessidade, vagas existentes X vagas ociosas, e responsabilidade ética do médico residente e do
preceptor foram alguns dos assuntos tratados nas palestras proferidas durante o I Fórum de Residência Médica do Paraná. O
evento teve início na noite de 5 de agosto, com realização de
href="https://www.crmpr.org.br/lista_ver_noticia.php?id=4695" target="_blank">julgamento simulado, e seguiu com palestras
e debates durante o dia 6 de agosto, na sede do Conselho de Medicina, em Curitiba. Mais de 70 médicos de todo o Estado e algumas
regiões do País prestigiaram o fórum e participaram das atividades promovidas pela Comissão Estadual de Residência do Paraná
(Cermepar) e pela Associação dos Médicos Residentes do Paraná (AMEREPAR).
"A Residência Médica é um seguimento da educação e deve ter o mesmo zelo e cuidado que a graduação", afirmou a secretária
executiva da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Maria do Patrocínio Tenório Nunes, no início de sua palestra,
proferida na manhã do dia 6 de agosto, na sede do CRM-PR em Curitiba. Em sua explanação sobre a situação atual e as perspectivas
futuras da Residência Médica, a representante da CNRM apresentou um panorama da realidade da RM no País e reforçou a avaliação
como instrumento privilegiado para a formação médica adequada e coerente com as necessidades da população. "Temos de dar valor
ao preceptor e reconhecê-lo como guia para os que precisam de orientação", afirmou, ressaltando a importância de capacitar
esse profisisonal, que atua na formação dos especialistas, e reforçando a necessidade dos residentes serem avaliados, de forma
conjunta e sucessiva, ao longo do curso. "Nossos critérios hoje de ingresso na RM e a avaliação curricular são fracos, precisamos
evoluir e buscar modelos atualizados", completou.
Maria do Patrocínio Tenório Nunes apontou a polivalência dos especialistas como resposta contínua às necessidades atuais
da população brasileira. Uma pesquisa apontou que a cada mil adultos, apenas um necessita de um superespecialista. "Precisamos
de formação continuada, motivação para atuar em regiões onde somos necessários e em especialidades que atendam à demanda da
população, mas também temos de criar sistemas de incetivos aos médicos", finaliza.
Avanços a partir do SUS
A coordenadora geral de Residências em Saúde do Ministério da Educação e Cultura (MEC), Jeanne Lilianne Marlene Michel,
falou da missão da RM. "A Residência Médica está relacionada ao cuidado em saúde no País", exaltou. Para ela, a visão simplista
de que a abertura de novas escolas médicas irá melhorar o sistema de saúde pública de uma região e os modelos atuais (critérios
e diretrizes) para a formação médica são os fatores que impedem os avanços. "Para avançarmos nas dicussões sobre o mercado
de trabalho precisamos entender que nossa realidade é voltada para o SUS (Sistema Único de Saúde) e trabalhar com as necessidades
desse sistema", afirmou, ressaltando, ainda, que há necessidade de se oferecer condições de ensino e aprendizagem adequadas
ao futuro especialista. "Mas também precisamos de estrutura física e equipamentos apropriados para o desempenho ético e digno
da profissão médica", confirmou. "E isso tudo passa pela boa construção do papel das COREMES nos hospitais", concluiu.
Vagas ociosas conflitam com cobrança constante de falta de residências
Na oportunidade, ela apresentou as ações do MEC junto aos ministérios, entidades médicas, comissões estaduais, gestores
públicos (CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde e CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde)
e Ministério Público no sentido de buscar soluções para os problemas da Residência Médica. Valendo-se de artigos científicos
que reforçam a indicativa de que a Residência é um fator de fixação de profissionais, apontou ainda os desequilíbrios regionais
e a necessidade iminente de ofertar bolsas em áreas prioritárias, que devem ser definidas pelos gestores públicos e privados.
"Há uma frequente ilusão de que o número de vagas não é suficiente para atender a demanda, mas atualmente uma porcentagem
significativa das vagas para residências em cirurgia do trauma, cancerologia, ortopedia e traumatologia, cirurgias vascular,
de mão, oncológica, neurológica e pediátrica não são preenchidas", explicou, reforçando a idéia de que a expansão e a criação
de novas vagas e de novas especialidades têm de ser baseadas no perfil demográfico e epidemiológico brasileiros. "Se o número
de acidentes de trânsito e os casos de câncer são recorrentes não podemos deixar de formar especialistas nessas áreas", completou.
Ética na residência e na preceptoria
Para finalizar a sequência de palestras que antecederam o lançamento do
href="https://www.crmpr.org.br/lista_ver_noticia.php?id=4696" target="_blank">Manual do Preceptor de Residência Médica,
o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Alexandre Gustavo Bley, falou sobre a responsabilidade
ética do médico residente e ressaltou a responsabilidade do médico preceptor. "Ele deve eleger e vigiar o trabalho do residente",
afirmou.
Durante sua breve palestra, o médico apresentou dados sobre as especialidades que representam maior número de queixas
e o perfil do infrator. "Ginecologia e obstetrícia, emergência, cirurgia plástica, perícia e anestesiologia são hoje as áreas
que mais respondem por denúncias de imprudência, imperícia e negligência", afirmou. De acordo com o vice-presidente do CRM,
o residente não deve se esconder atrás do preceptor. "Apesar de não ter a mesma autonomia, o médico residente é profissional
capacitado para exercer a profissão e possui as mesmas responsabilidades éticas", explicou. Profissionais com mais de dez
anos de formação, que realizam procedimentos de pequeno porte, têm problemas de comunicação com pacienets e familiares (relação
médico-paciente fraca), preenchem prontuário de forma incompleta, possuem múltiplos empregos e omitem atendimento compõem
o perfil do infrator.
Legislação
Valendo-se dos artigos do Código de Ética Médica e de legislação específica para apresentar os dilemas da profissão, o
presidente da
href="http://www.anmr.org/home.php" target="_blank">Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), Victor Fernando
Soares Lima, ministrou palestra sobre direitos e deveres do Médico Residente. Para o dirigente, o conflito entre a responsabilidade
do estudo teórico e a prática da Medicina é um dos problemas recorrentes do dia a dia do médico residente. "A própria lei
que dispõe sobre as atividades do residente não traz claramente a figura do preceptor", afirmou.
Outra situação apontada pelo presidente da associação brasileira é o descumprimento, nos Programas de Residência Médica,
do tempo mínimo destinado para estudos - estipulado em 10% da carga horária total. "O residente deve pesquisar qual o conteúdo
programático da sua especialidade e cobrar se não estiver sendo cumprido", sugeriu, apontando o
href="http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12263&Itemid=506" target="_blank">site do
MEC como referência. De acordo com Victor Fernando Soares Lima, os residentes também devem denunciar instituições públicas
ou privadas que não oferecerem condições adequadas para o desempenho de seu trabalho.