26/06/2017
Dr. Tiago Kuchnir Martins de Oliveira
Todas as pessoas apresentam episódios de refluxo durante o dia, porém, o organismo tem mecanismos de defesa que rapidamente levam a secreção para o estômago, evitando o contato prolongado com a mucosa mais delicada do esôfago. O refluxo gastroesofágico é justamente esse retorno de secreção do estômago para o esôfago. Seja ela ácida, que é o mais comum, ou básica, menos comum, porém de tratamento mais difícil.
O problema ocorre quando o refluxo passa a ocorrer com mais frequência ou quando os mecanismos de defesa estão reduzidos. Normalmente os sintomas se apresentam com acidez (azia) e desconforto na boca do estômago. Em casos mais graves, a pessoa pode sentir o líquido refluindo até a garganta, apresentando pigarro e até mesmo rouquidão e sinusite. Algumas vezes ele ainda está aliado à hérnia de hiato.
Se o refluxo não for tratado, evoluiu formando lesões (feridas) no esôfago e, em casos graves, anéis que causam o estreitamento da passagem do esôfago para o estômago. Por fim, o refluxo prolongado e sem tratamento pode levar à formação de uma região de mutação da mucosa (quase como um calo se forma em uma região cronicamente lesada do pé). A isso chama-se esôfago de Barrett, é nessa situação que o risco de câncer de esôfago aumenta e, portanto, exige acompanhamento frequente e controle adequado do refluxo.
O refluxo não tem idade para ocorrer. Nas crianças, está relacionado à imaturidade do desenvolvimento do aparelho gastrodigestivo e melhora espontaneamente com o passar da idade.
O tratamento, na maioria das vezes, é clínico. Ele depende muito da mudança de hábitos alimentares e de vida do paciente, controle de estresse e tipo de alimentação. O tratamento cirúrgico é reservado para as pessoas que, mesmo tendo hábitos alimentares adequados, não conseguem ficar sem medicação - e como ela não pode ser usada pelo resto da vida, a opção é a cirurgia.
Quanto à alimentação, ela não deve ser rápida nem em grande volume. Deve-se evitar também a ingestão de bebidas alcóolicas e refrigerantes junto com a refeição. Alimentos gordurosos, chocolate, café e bebidas gaseificadas aumentam a quantidade do refluxo. O ideal é comer várias vezes ao dia e pouco nas refeições, evitar alimentação pesada à noite e não se deitar logo após comer.
Artigo escrito pelo médico Tiago Kuchnir Martins de Oliveira, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital São Vicente, de Curitiba.
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