05/09/2008
Quando a vontade política dobra a lógica e a lei
Não há limite quando se trata de impor a vontade política. Alunos selecionados por meio de partidos políticos e movimentos
sociais fazem um curso de "medicina" em Cuba e buscam ter seus diplomas reconhecidos no Brasil. Sem passar, porém, pelo processo
avaliatório que habitualmente trata do reconhecimento dos diplomas. Buscam um status especial como se o curso feito em território
cubano justificasse.
Longe de justificá-lo, a Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba (Elam), cujo o currículo parece mais voltado para
a doutrinação política do que para a prática clínica, não aplica aos alunos brasileiros o mesmo processo seletivo que aplica
aos cubanos e nem permite aos egressos do Brasil clinicarem em Cuba da forma como pretendem.
Face a dificuldade de aprovar tais privilégios absurdos no Congresso, o governo criou um projeto piloto de validação de
diplomas estrangeiros com foco específico em brasileiros formados pela Elam. A Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal
de Medicina e outras entidades médicas têm se manifestado escandalizados com essa manobra. Os critérios devem ser os mesmos
para todos: exames nacionais nos moldes dos que já são feitos, e aplicados a todos os candidatos formados no exterior, depois
de análise de equivalência curricular.
Não há, portanto, necessidade de procurar o caminho dos fundos quando a porta da frente pode ser aberta, a menos que não
se tenha a chave para fazê-lo. Nesse caso, as chaves são o currículo e uma avaliação coerente.
José Luiz Gomes do Amaral é Presidente da Associação Médica Brasileira