O psiquiatra e psicanalista Sérgio Seishim Kaio (CRM-PR 2797) foi um dos homenageados de 2020 do Conselho Regional de Medicina do Paraná, que lhe conferiu o Diploma de Mérito Ético-Profissional pelos 50 anos de formado com histórico exemplar. A passagem do Dia do Médico teve um sabor especial com a comemoração em família, já que os três filhos e uma nora do Dr. Sérgio não apenas são médicos, como escolheram a mesma especialidade na carreira profissional: a Psiquiatria.

A solenidade no dia 18 de outubro foi totalmente virtual, pela primeira vez entre as 35 edições do CRM-PR em homenagem a médicos pelo Jubileu de Ouro. Atendeu assim às recomendações sanitárias de distanciamento. O evento, cujo vídeo está disponível, teve ainda a reverência aos médicos que faleceram vítimas da Covid-19 e ainda a entrega da Medalha de Lucas – Tributo ao Mérito Médico à pediatra curitibana Mariângela Galvão Simão, que há 40 anos se dedica à saúde pública e hoje é a brasileira mais experiente e graduada em cargos diretivos da Organização Mundial da Saúde.

O momento musical que precedeu o encerramento da cerimônia teve a participação de um dos filhos do Dr. Sérgio, o Dr. Glauber Higa Kaio (CRM-PR 20.494). Ele conduziu ao piano trecho da música Aleluia, contribuindo para abrilhantar ainda mais a atividade comemorativa. A mãe dele, esposa do Dr. Sérgio, D. Dirce Higa Kaio, é professora de piano e incentivadora da prática no ambiente familiar, em especial neste período de isolamento em que as lives musicais se tornaram importante instrumento antiestresse.

Formado em agosto de 2003 e também com registro no Conselho de São Paulo, o Dr. Glauber é hoje vice-presidente/Capital da Associação Paranaense de Psiquiatria (Appsiq). O irmão mais novo, Dr. Cleverson Higa Kaio (CRM-PR 24.816), formado em 2007, ocupa o cargo de diretor-tesoureiro da Associação. O mais velho, Dr. Marcel Higa Kaio (CRM-PR 17.568), formado em 1999, transferiu-se logo em seguida para São Paulo, onde se especializou em psiquiatria na Unifesp, tendo exercido o cargo de coordenador do Núcleo de Atenção aos Transtornos Alimentares daquela instituição. Concentrou lá sua carreira profissional como psiquiatra, especialidade que o pai, os irmãos e a cunhada, a Dra. Cristiane Simamura (CRM-39.519), dedicaram-se no Paraná. O Dr. Sérgio possui um irmão mais novo também médico, o Dr. Daniel Seigui Kaio (CRM-PR 5734), especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Cirurgia do Aparelho Digestivo.

Natural de Cambará (PR), o Dr. Sérgio Kaio formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Paraná em dezembro de 1970. Como psiquiatra foi concursado na mesma UFPR, no Departamento de Medicina Legal e Psiquiatria, tendo também exercido o cargo de Diretor Clínico no antigo Hospital Pinel. Além da especialização em Psiquiatria, tem formação psicanalítica na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, filiada à IPA (International Psychoanalytical Association), e é membro efetivo e fundador do Grupo Psicanalítico de Curitiba, também filiado à IPA, onde ocupa o cargo de Diretor Científico.

A homenagem aos médicos

Na passagem do Dia do Médico, o Dr. Sérgio Kaio, que foi homenageado pelo Jubileu de Ouro de sua formatura, a título de reflexão exalta aspectos da profissão médica, deixando ensinamentos àqueles que se iniciam ou vão se iniciar no ramo. Para ele, sem dúvida, a Medicina é uma das áreas do conhecimento que exigem maior comprometimento e responsabilidade por parte do profissional.

“Para ser um bom médico, é fundamental um investimento constante em aperfeiçoamento, ficando sempre informado a respeito das novas descobertas científicas, conhecendo novos tratamentos e exames, além de estar atento às novas doenças que surgem a todo tempo. O bom médico, além de ter um bom embasamento teórico, deve saber relacionar-se, promovendo uma relação de confiança com seu paciente. A relação médico-paciente, em suas dimensões clínica e psicológica, é fundamental para o andamento adequado do tratamento”, ensina.

Dr. Sérgio reforçou ainda que, diante de tantos desafios, “os médicos devem ser lembrados que o 18 de outubro seja uma data para o reconhecimento desse profissional e de sua importância para a sociedade. Ressalte-se, como características profissionais e aptidões importantes da prática médica, a dedicação máxima à profissão, gostar de estudar e saber se relacionar com as pessoas de forma humana, capacidade de análise de situações (saber diagnosticar). A par disso, espera-se que tenha assimilado durante o curso o comportamento ético e a noção de responsabilidade inerentes à profissão médica, e que esteja consciente da necessidade de manter-se permanentemente atualizado, já que a medicina não cessa de progredir e de oferecer novos recursos diagnósticos e terapêuticos.”

Aspectos históricos

Transcrevemos, a seguir, partes do artigo de autoria do Dr. Sérgio Kaio alusivo ao “Dia do Médico”, reverenciando Hipócrates, o pai da Medicina, e seu consagrado juramento.

 “O grego Hipócrates (460 a.C. - 370 a.C.) é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da Medicina. Na antiguidade, foi o principal formulador de um sistema de teorias médicas. Era chefe da escola de Cós e lecionou medicina também em Atenas, onde contou com a admiração de Platão e Aristóteles, a quem influenciou.

O ‘retorno sucessivo a Hipócrates’ se dá não porque há um desejo nostálgico de reviver as obras desse patrono, mas porque ele resume o ‘fazer’ da arte médica. Não podemos deixar de insistir na surpreendente contemporaneidade da sabedoria hipocrática. Pertencendo a uma linhagem de médicos, era previsível que também se dedicasse à medicina. Hipócrates é considerado um dos maiores nomes da ciência. Ele recebeu as primeiras lições do pai, completando-as com estudo de retórica e filosofia nos dois maiores centros médicos da época. Era dotado de um agudo espírito de observação e amor ao trabalho. Um dos seus conceitos terapêuticos foi a distinção entre sintomas e doenças. Os sintomas eram apenas manifestações exteriores de algo que estava ocorrendo no organismo. O procedimento tinha por objetivo descobrir como funcionava o corpo humano, levando sempre em conta a ação do ambiente e da alimentação. Como características principais, destacava-se a sua tranquilidade, a seriedade, a reflexão e a discrição. Na busca de maiores conhecimentos, buscava pensar em como aquilo que fazia poderia trazer benefícios aos enfermos e também a seus colegas de profissão.

Pela primeira vez, Hipócrates tratou a epilepsia como doença. O opúsculo ‘Sobre a doença sagrada’ que cuida do assunto, é considerado um dos mais acabados exemplos do racionalismo grego: “Vou agora discutir a respeito da doença a que chamam de sagrada. Na minha opinião ela não é nem mais divina nem mais santa que qualquer outra doença tendo, ao contrário, uma causa natural, sendo que sua suposta origem divina se deve à inexperiência dos homens e ao seu espanto ante seu carácter peculiar. Ora, enquanto os homens ficam assim a crer em sua origem divina, por motivo de não conseguirem explicá-la, na realidade estão a repelir sua divindade, com o emprego do fácil método de curar que consiste em purificações e encantamentos. ”

O ‘pai da medicina’ direcionava seus conhecimentos em saúde no caminho científico. Ele rejeitava completamente a superstição e práticas que não se podia explicar cientificamente. Elaborou e cumpriu um rigoroso código de ética, cujos preceitos estão contidos no juramento que até hoje todo médico faz ao se formar. O famoso ‘Juramento de Hipócrates’ foi criado a partir de sua inquestionável conduta ética. Ele é considerado um patrimônio da humanidade por seu elevado sentido moral e, durante séculos, tem sido repetido como um compromisso solene dos médicos, ao ingressarem na profissão. Em sua escola se cria a deontologia profissional, expressa no célebre juramento. Nele se resumem, com admirável precisão e atualidade, os principais deveres do clínico no exercício da profissão.  Assim se expressa:

“Prometo que, ao exercer a arte de curar, me mostrarei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir esse juramento com fidelidade, goze eu a minha vida e a minha boa reputação entre os homens e para sempre. Se dele me afastar ou infringi-lo, suceda-me o contrário.”

CONFIRA O VÍDEO DA SOLENIDADE DO DIA DO MÉDICO 2020.