23/04/2012
Protocolo pode reduzir em 18% mortalidade em caso de infarto
Um conjunto de procedimentos desenvolvidos pelo Hospital do Coração de São Paulo (HCor) pode reduzir em 18% o número de mortes
por infarto. Baseado no esquema de segurança das companhias aéreas, as ações garantem que as equipes médicas sigam os protocolos
essenciais no tratamento de pacientes com ataque cardíaco.
O trabalho começou com uma pesquisa em 34 hospitais públicos selecionados de modo a permitir uma mostra representativa
da realidade do sistema. O diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa HCor, Otávio Berwanger, explica que o estudo constatou
que muitos procedimentos fundamentais eram deixados de lado no atendimento aos pacientes infartados. "Antes de agir, nós notamos
que apenas metade dos pacientes recebia todos os tratamentos de acordo com o protocolo", disse, sobre o atendimento prestado
nas primeiras 24 horas.
Segundo ele, a falta de aplicação de todos os protocolos ocorre em todo o mundo e não está ligada a desconhecimento ou
negligência dos profissionais. Para Berwanger, em uma emergência de hospital, o comportamento dos médicos e enfermeiras acaba
seguindo um padrão semelhante ao dos passageiros de um avião. "Só falando, alguns não deixam a cadeira na posição vertical
ou deixam o celular ligado. Precisa ter alguma intervenção ativa que vá lá e faça mudar o comportamento", ressaltou.
Para confirmar a hipótese, foi escolhida, aleatoriamente, a metade dos hospitais da amostra para receber uma intervenção
semelhante à dos procedimentos de checagem de segurança adotados nos voos comerciais. "Nós pedimos para uma enfermeira atuar
como uma gerente de caso, que é que nem a aeromoça que checa se você desligou o celular e colocou a cadeira na posição vertical".
Além disso, foram estabelecidas marcações no prontuário e colocada uma pulseira no paciente para indicar a possibilidade
de ataque cardíaco e a gravidade dos casos, garantindo atendimento prioritário. O diretor do Hcor ressalta que o atendimento
correto nas primeiras 24 horas é fundamental para evitar complicações.
"Fizemos isso durante oito meses nos hospitais", relata. "Ocorreu um aumento de 18% na adesão aos padrões nas primeiras
24 horas. E 19%, em toda a hospitalização."
De acordo com Berwanger, a cada 10% de aumento na adesão às diretrizes, há uma redução de 10% na mortalidade dos pacientes.
Como o projeto foi apoiado pelo Ministério da Saúde, o diretor do HCor acredita que há "um grande apelo" para que os procedimentos
sejam implementados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Terra