03/07/2008
Debater a respeito da situação ambiental e suas conseqüências para a saúde
pública, como a incidência e o aumento de doenças e a elaboração de políticas ambientais eficientes para a melhoria da qualidade
de vida da população. Este foi o objetivo da palestra inaugural do I Ciclo de Palestras sobre Saúde e Meio Ambiente, que reuniu
mais de sessenta participantes nas sedes do CRM-PR, em Curitiba e Maringá, na noite de ontem (2).
A atividade é
uma parceria pioneira entre o Conselho Regional de Medicina do Paraná, a Comissão de Meio Ambiente e Ecologia da Assembléia
Legislativa e a Federação da Unimed do Estado do Paraná. As entidades, preocupadas em fomentar discussões que culminem na
consciência humanística e responsabilidade social dos cidadãos, reuniram-se nesta quarta-feira para debater sobre .Mudanças
Climáticas e Doenças..
Poluição e Saúde Humana foi o tema da palestra ministrada pelo Prof. Dr. Paulo Hilário Nascimento
Saldiva, que enfatizou a importância dos profissionais de saúde investirem em pesquisa ambiental e participarem mais ativamente
nas políticas de meio ambiente. .A política ambiental existente está voltada para a preservação das florestas e não há investimento
na melhoria das cidades. No Brasil, o padrão de qualidade do ar vigente é o preconizado em 2004 pela Organização Mundial de
Saúde., afirma.
O pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP) apresentou informações atualizadas que apontam a discrepância entre saúde e meio ambiente. .É como uma
fratura que não calcifica. Rompeu. Os riscos decorrentes do impacto ambiental à saúde da população são muito grandes., explica.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC), órgão das Nações Unidas responsável por
produzir informações científicas desde 1988 por meio de relatórios baseados na revisão de pesquisas de 2500 cientistas de
todo o mundo, cientistas têm 90% de certeza que a humanidade é responsável pelo aumento de temperatura do planeta. Saldiva,
que é doutor em patologia, PhD em climatologia e professor titular de patologia pulmonar na USP, apresentou estudos mundiais
que comprovam que a redução da poluição atmosférica aumentaria a expectativa de vida da população.
Na mesma linha
seguiu o pensamento do Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça, pesquisador e professor titular do Departamento de Geografia
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que abordou em sua palestra sobre a dengue e outras doenças decorrentes da degradação
ambiental no Paraná. Durante sua explanação, apresentou dados apontando o aumento na incidência de doenças como o câncer de
pele, cataratas, depressão, estresse nervoso e problemas cardíacos. Além disso, afirmou que a elevação dos casos de dengue,
febre amarela, malária, leptospirose, etc. são decorrentes da degradação dos ecossistemas. .Com a redução de áreas agrícolas,
há ainda alteração de padrão alimentar e intensificam-se os problemas gastro-intestinais, fome e subalimentação da população.
As migrações em massa também decorrem do exílio ambiental causando violência, conflitos sociais, situações de convulsão social,
suicídios e homicídios., afirma.
Principais causas de morte X alterações climáticas e ambientais:
.
Doenças do aparelho circulatório (32%)
. Causas externas (16%)
. Neoplasias (13%)
. Doenças respiratórias
(12%)
. Doenças infecciosas e parasitárias (7%)
Para o doutor em Clima e Planejamento Urbano e PhD em
Epistemologia da Geografia, é fundamental que todos tomem consciência do problema e considerem que o homem que degrada também
pode reconstruir.. Para ele, existem três princípios que devem nortear o pensamento humano: .o da incerteza . há ideologias
por traz das manchetes de jornais ., o da responsabilidade . é fundamental que todos façam sua parte ., e o da precaução .
autosuficiência não é só produzir mais, é consumir menos também, finaliza.
Sobre o I Ciclo de Palestras
sobre Saúde e Meio Ambiente
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná, Gerson Zafalon Martins,
deu início à atividade agradecendo a presença de todos e dando boas-vindas aos palestrantes. Ele informou ainda que para amenizar
o impacto ambiental pelas emissões de gás carbônico à natureza decorrentes do evento, serão plantadas 15 árvores. Para a realização
da palestra do Ciclo foram gastos 800 watt.s/hora de som, 30.000 watts/hora de energia elétrica e 634.788 watts
O médico e deputado estadual Luiz Eduardo Cheida, presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná, explicou que o evento foi fruto de inúmeras discussões internas da comissão, na tentativa de articular a sociedade e as instituições em torno do tema saúde e meio ambiente. Culminamos em um evento como esse, vital para municiar a Assembléia na construção da legislação amb
Também esteve presente o coordenador de Marketing e Comunicação da Federação Unimed do Estado do Paraná, Rafael Ramagem, representou o presidente da Federação Unimed, Dr. Orestes Barrozo Medeiros Pullin, que prontamente atendeu ao convite para participar da atividade. Na ocasião, ele falou a respeito da iniciativa pioneira das entidades e da improtância de se discutir um tema atual e relevante à população. Outras autoridades marcaram presença, como o representante da Secretaria Estadual de Saúde, José Luiz Nishihara Pinto; presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia, José Carlos Moura Jorge; e o representante da Associação Nacional dos Médicos Peritos do INSS e Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná, Chil Koerper Zurnstern.