04/06/2007

Profissão: médico


Por muito tempo, um abismo separava o relacionamento entre o médico e seu paciente. A idéia de que um médico era visto como um profissional soberano e dono da verdade, muitas vezes comparado a Deus, não faz mais parte da realidade de hoje. O médico é um profissional como outro qualquer, sujeito a acertos e erros. Porém, a sua missão sobressalta qualquer outra, pois seu dever é zelar pela vida.


Sou presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) e desde que assumi o comando desta gestão, há mais de um ano, coloquei como meta continuar o trabalho de mostrar à sociedade o que é e para que serve o CRM. Ter a oportunidade de escrever periodicamente neste espaço é um passo a mais que damos nessa aproximação com o nosso público, a população, além de esclarecer pontos conflitantes.


O CRM-MT tem como principal função proteger o cidadão. Entre suas competências estão a de fiscalizar o exercício da medicina, regulamentar a prática profissional e defender os interesses da população na área da saúde.


Dentre essas competências, há uma nova, que colocamos em prática há pouco tempo e já rende bons resultados. O CRM-MT, junto com o Conselho Federal de Medicina (CFM), investe na formação profissional e humana dos médicos. Fazemos isso por meio de cursos como o Programa de Educação Médica Continuada, no qual apresentamos aos profissionais novos conhecimentos nas diversas áreas da saúde humana; ou o Aconselhando, em que uma equipe de conselheiros vai até os médicos de todo o Mato Grosso, para conversar e esclarecer suas dúvidas. Assim, empenhamos-nos em defender a boa prática médica, o exercício profissional ético e oferecemos uma formação técnica e humanista. Acreditamos que a melhor defesa da medicina consiste na garantia de serviços médicos de qualidade para a população.


A questão do erro médico ainda é tabu para os médicos, um temor para os pacientes e uma preocupação para o Conselho. Antes de tudo, é preciso frisar que Medicina é um conjunto de conhecimentos relativos à manutenção da saúde, prevenção e tratamento das doenças. Englobada dentro da Biologia, a medicina é uma ciência inexata e o médico trabalha esperando o melhor resultado. O erro médico é caracterizado por três aspectos: imperícia, imprudência e/ou negligência.


A população, independente de classe social ou escolaridade, conhece seus direitos e briga por eles. Dados do CRM mostram que o número de denúncias cresce, mas nem 4% dos médicos do Estado, que somam 3.500, são processados por suspeita de erro médico.


É muito importante lembrar que qualquer pessoa que tenha se sentido prejudicado por um médico ou presenciou alguma atitude antiética pode e deve procurar o Conselho para prestar queixa. Todas as denúncias são apuradas e, sendo procedentes, são instauradas como processo ético-profissional.


Embora o erro, infelizmente, exista, da época em que o médico era um profissional soberano até os dias de hoje, uma característica ainda faz parte da profissão, a sua credibilidade. Em 2005, o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) realizou uma pesquisa para saber qual a instituição com maior credibilidade na opinião do povo brasileiro. A classe médica tem um índice de 81% de confiança, superando até mesmo a Igreja Católica, que tem 71%. A Medicina sempre trabalhará pelo bem do ser humano. E o Conselho continuará a atuar pelo melhor desempenho da profissão, protegendo a população dos profissionais inaptos e colocando os bons médicos a serviço da saúde.



Aguiar Farina é médico ginecologista e mastologista e presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT)

O artigo acima foi publicado no jornal A Gazeta de Cuiabá (MT)em 04 de junho de 2007

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