14/10/2007

Procon/SP: a saúde na visão do cliente

Os consumidores costumam comprar medicamentos genéricos e acreditam que a publicidade de medicamentos induz à automedicação.

Metade dos entrevistados conhece a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas apenas 12,6% já recorreram à agência. E um dos problemas mais citados é o descredenciamento de hospitais, médicos e laboratórios.

Essas são algumas conclusões da enquete "Saúde: visão do consumidor", realizada pelo Procon de São Paulo no período de 29 de agosto a 17 de setembro, ouvindo 150 pessoas.

Cristina Rafael Martinusso, a técnica do Procon que acompanhou a pesquisa, explica que essas conclusões servem de base para a confecção de material educativo, para as palestras ministradas pelo órgão e até como forma de o Procon fazer sugestões na elaboração de políticas públicas: - As respostas nos possibilitam acompanhar como anda a consciência do consumidor.

A ANS é conhecida por 52,6% dos que responderam, mas, destes, 59,4% admitem não conhecer todas as funções da agência, e apenas 12,6% já recorreram a ela. Destes, 60% ficaram satisfeitos com o atendimento. A pesquisa mostrou que 61,3% dos entrevistados têm plano de saúde e, destes, 60,8% possuem contratos assinados a partir de janeiro de 1999, ou seja, sob a vigência da lei 9.656/98. A grande maioria (71,4%) dos contratos é coletiva (quem negocia é o empregador, sindicato ou associações). Já os contratos anteriores a janeiro de 1999 são, na maior parte, individuais/familiares.

A maioria dos entrevistados com planos de saúde (61,9%) disse não ter tido problemas com o plano, porém, dos que tiveram, 60% tinham contratos posteriores a 1999. O problema mais citado (51,4%) foi o descredenciamento de médicos, hospitais e laboratórios.

Para os que têm contratos anteriores a 1999, o descredenciamento dividiu a primeira posição com o reajuste abusivo das mensalidades (42,8%).

Hilma Araújo, técnica do Procon/ SP, afirma que a reclamação de descredenciamento é preocupante porque a lei só garante que as operadoras têm de substituir o hospital descredenciado por outro de mesmo nível, mas não diz nada sobre médicos e laboratórios. Outra preocupação, diz, são os contratos coletivos.

As pessoas estão até fazendo pequenos grupos em contratos coletivos, nos quais são absorvidos os jovens que ainda não têm plano corporativo e os aposentados que perderam seus planos: - O problema é que esse contratante vai ter de discutir o reajuste diretamente com a operadora. Pela lei, a empresa não pode expulsar usuários individuais, mas pode romper um contrato coletivo.

Jane Burishe é ex-funcionária da Firjan, e sua mãe, com mal de Alzheimer, é sua dependente. Recentemente, diz, a Firjan trocou a Amil por um plano próprio, o Firjan Saúde.

Há mais de uma semana, quando sua mãe deveria fazer um exame, Jane soube que a o plano tinha falido: - Tive de suspender o exame e fiquei preocupada de estar sem plano, até que recebi a nova carteira da Golden Cross. Eles deveriam ter avisado.

A Sociedade Beneficente dos Servidores das Entidades da Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Soberj) esclarece que é dada a opção aos exfuncionários de permanecerem associados, com garantia da manutenção de todos os benefícios. A Soberj informa que comunicou a todos os associados, por circular, sobre a mudança de operadora, além de convidálos a uma palestra. E ressalta que os associados não ficaram nem um dia sem cobertura.

Eduardo Sales, diretor de fiscalização da ANS, reconhece haver uma falha na lei que só prevê a substituição de hospitais e se disse atento ao crescimento do número de planos coletivos: - A ANS não interfere no reajuste desses planos, mas os contratos precisam ser registrados na ANS. Estamos conversando com as centrais sindicais e estudando como podemos interferir mais nesses planos. Com relação ao descredenciamento, temos de aprimorar a lei no que se refere aos médicos e laboratórios.

O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo de Almeida, concorda que os problemas apontados na enquete são os mais preocupantes: - Acho possível vencer as dificuldades.
É preciso que todos se entendam, porque o ideal é que todos ganhem, pode ser menos, mas todos têm de ganhar. E o Estado também tem de fazer a parte dele.


Fonte: O Globo

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