Estado não registrava a doença há 20 anos. Em março de 2019 o Brasil perdeu o certificado de erradicação do sarampo, concedido
pela OPAS em 2016. Baixa cobertura vacinal contribui para agravar o problema
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou nesta quarta-feira, 7, o primeiro caso de sarampo no Paraná, depois de 20 anos
sem registro da doença no Estado. A paciente, de 41 anos, esteve em São Paulo, cidade que está com mais de 900 casos confirmados
da doença, entre 15 e 22 de julho. Ela começou a apresentar os sintomas no dia 2 de agosto e, após exames, foi comprovada
a presença do vírus de sarampo. Moradora de Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba, ela está em isolamento
e os procedimentos de bloqueio vacinal seletivo nas pessoas que tiveram contato com ela foram realizados.
O secretário
de Estado da Saúde, Beto Preto alerta para a prevenção da doença. “Eu, como profissional médico, me preocupo com os cuidados
à saúde e especialmente com a prevenção. O sarampo já estava extinto em nosso Estado e não podemos deixar que contamine mais
pessoas por aqui e a doença volte a atingir grande número de paranaenses. Por isso, peço que as pessoas sigam rigorosamente
o calendário de vacinação indicado pelo Ministério de Saúde”.
A diretora e Atenção e Vigilância em Saúde, Maria
Goretti David Lopes, explica que é possível bloquear a contaminação pelo vírus. “Como temos essa primeira confirmação de caso
importado de São Paulo, o que devemos fazer é atualizar as carteiras de vacinação para quem ainda não está imunizado. Esta
é a melhor forma de controlar o vírus e não deixar que ele avance no Estado.
Além dessa confirmação a Secretaria
de Estado da Saúde do Paraná (SESA) acompanha outros dois casos de pessoas com suspeita de sarampo. Nessa situação, enquanto
os resultados dos exames não ficam prontos é realizado o bloqueio vacinal preventivo nas pessoas que tiveram algum tipo de
contato, o monitoramento de sintomas do paciente e o isolamento domiciliar ou hospitalar.
“Pedimos para que todos
os profissionais de saúde fiquem atentos aos sintomas e notifiquem a Vigilância Epidemiológica municipal dos casos suspeitos
para que possamos acionar as medidas necessárias para o bloqueio vacinal seletivo nos contatos suscetíveis após exposição
e também possamos avaliar as carteiras de vacinação de todos os contatos. Como a contaminação é pelo ar, qualquer contato
com uma pessoa doente é um risco alto de transmissão”, esclarece a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Acácia Maria
Lourenço Francisco Nasr.
A vacina contra o sarampo integra o calendário nacional de vacinação. A primeira dose
é aplicada aos 12 meses de vida e a segunda dose aplicada aos 15 meses na vacina tetra viral que sarampo, rubéola, caxumba
e varicela/catapora. Quem tem até 29 anos deve receber duas doses para a imunização. Para a população entre 30 e 49 anos,
o indicado é que recebam uma dose da vacina tríplice viral. Pessoas imunodeprimidas, acima 50 anos ou mulheres grávidas não
devem tomar a vacina.
A indicação do Ministério da Saúde é que crianças de seis meses a menores de um ano de idade
que vão se deslocar para municípios que apresentem surto ativo de sarampo devem ser vacinadas contra a doença pelo menos 15
dias antes da data da viagem. Assim, no caso específico do Paraná, crianças que estão nessa faixa de idade e forem deslocadas
para Campina Grande do Sul devem ser vacinadas. Essa dose será contabilizada como extra e a criança deverá receber mais duas
doses, uma aos 12 meses e outra com 15 meses de idade.
Os profissionais da área da saúde devem ser vacinados com
as duas doses da tríplice viral até os 49 anos, independente se atuam na atenção primária, secundária ou terciária.
Histórico
O início da notificação compulsória da doença no Brasil foi em 1968.
No mesmo ano, a vacina anti-sarampo passou a ser disponibilizada na rede pública de saúde.
O Paraná estava há
20 anos sem registro da doença. O último caso registrado aconteceu em 1999, remanescente do surto ocorrido no ano anterior.
Em 1998 ocorreram 873 casos no Paraná e um óbito decorrente de complicações da doença.
A doença
O sarampo é uma doença infecciosa, transmitida por vírus e que
pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. As complicações decorrentes do sarampo são mais graves em crianças menores
de cinco anos e podem causar meningite, encefalite e pneumonia. O vírus é transmitido pela respiração, fala, tosse e espirro.
As micropartículas virais ficam suspensas no ar, por isso o alto poder de contágio da doença.
Os sintomas mais
comuns são: febre alta, dor de cabeça, exantema (manchas avermelhadas na pele que aparecem primeiro no rosto e atrás da orelha
e depois se espalham pelo corpo), tosse, coriza e conjuntivite. Como não existe tratamento específico para o sarampo, é importante
ficar atento caso alguém com quem teve contato fique doente.
Quem já teve a doença não corre o risco de ser contaminado
pelo vírus novamente. Porém, a comprovação deve ter sido por meio de exame laboratorial.
O sarampo pode deixar
sequelas caso não seja tratado. As complicações da doença são: otites, infecções respiratórias e doenças neurológicas, e em
casos mais graves podem provocar surdez, cegueira, retardo do crescimento e redução da capacidade mental.
O período
entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é de cerca de 12 dias. Porém, a transmissão pode ocorrer antes do aparecimento
dos sintomas e estender-se até o quarto dia depois que surgiram manchas avermelhadas na pele.
Bloqueio
Quando ocorre suspeita ou a confirmação de sarampo, a pessoa fica em isolamento e é realizado o bloqueio
com a aplicação da vacina tríplice viral em todos que tiveram algum contato com o doente. Com essa ação, a tentativa é parar
o vírus com a imunização de todos os indivíduos que estão em risco.
Vacinação
A carteira de vacinação é um documento pessoal e contém informações importantes
sobre os registros de vacinas desde o nascimento. Alerta neste momento é a imunização contra o sarampo, mas as demais vacinas
também são importantes.
Para prevenir a proliferação da doença é preciso aumentar a cobertura das vacinas, em
especial às crianças com 12 meses de vida. A meta do Programa Nacional de Imunização é que a cobertura vacinal chegue a 95%,
porém dados registrados até junho no Paraná indicam que 89,8% das crianças nessa faixa etária foram imunizadas.
A Secretaria da Saúde do Paraná orienta para que a população fique atenta às datas da carteira de vacinação e aos registros
de doses. Quem já tomou duas doses da vacina da tríplice está imunizado. A vacina está disponível em todas as unidades de
saúde dos municípios.
Caso não lembre se tomou a vacina e não tenha a carteira de vacinação a pessoa deve ir até
a Unidade de Saúde para verificar se há registro e se não houver registro, a imunização deve ser realizada.
Confira
Calendário Nacional de Vacinação
aqui.
Fonte: SESA-PR