07/10/2019

Prevenção do câncer de mama é tema de audiência pública na Assembleia Legislativa

Desmistificando o Câncer de Mama; Prevenir é Agir, Agir é Viver. Este foi o título escolhido para o fórum, que marcou também o início da campanha Outubro Rosa no Poder Legislativo

clique para ampliarclique para ampliarFórum debate prevenção do câncer de mama. (Foto: Dálie Felberg/Alep)

A necessidade de manter a rotina dos exames que podem detectar precocemente o câncer de mama nas mulheres foi debatida em um Fórum no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), na manha desta segunda-feira (7). O evento, proposto pela presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, deputada Cantora Mara Lima (PSC), e pelo deputado Michele Caputo (PSDB), em parceria com a Associação Amigas da Mama, reuniu pacientes que relataram as experiências com a doença e especialistas que deixaram o alerta: a busca pelo exame de mamografia vem diminuindo no Brasil. O Conselho Regional de Medicina do Paraná prestigiou a atividade, sendo representado por seu presidente Roberto Issamu Yosida.

“A prevenção, seja ela do câncer de mama ou de qualquer outra doença é muito mais barata, mais fácil e muito menos sofrida do que qualquer tratamento. Muitas mulheres não vão ao médico e não fazem os exames porque tem medo de achar algo. E se achar, tem cura, não se deve ficar em casa pensando no que está acontecendo”, alertou a presidente da Associação Amigas da Mama (AMMA), Macarcy Bernardi Engelbert.

A mensagem que ela deixou foi repercutida pela médica radiologista Maria Helena Louveira, com base em estatísticas recentes apresentadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). “Houve uma redução na busca do exame de mamografia. Isto não pode acontecer, alertamos que a mamografia é um método de escolha para o rastreamento nas pacientes assintomáticas, que por mais que tenham dificuldade no acesso, devem fazer a mamografia anualmente após os 50 anos para que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível, quando as chances de cura são maiores”, afirmou.

Maria Helena explicou que o INCA encara esta redução como dificuldades de acesso aos exames e falta de informações sobre eles. “Sabemos que as informações verdadeiras estão sendo dadas constantemente, inclusive divulgadas na mídia. Infelizmente, notícias falsas que associam a mamografia ao câncer de tireoide e outros tipos de câncer ou ao próprio câncer de mama, pode ter assustado uma parcela da população e a afastado dos exames. A mamografia é o método para rastreamento e tem valor comprovado na redução da mortalidade nos países, onde há rastreamento populacional oficial e temos que continuar a busca para que todas façam este exame”, concluiu.

Fórum

“Desmistificando o Câncer de Mama - Prevenir é Agir, Agir é Viver”, foi o título escolhido para o Fórum, que marcou também o início da campanha Outubro Rosa no Poder Legislativo, alçado a lei estadual por iniciativa de Mara Lima, em 2011. “Para que houvesse incentivo maior à prevenção da saúde da mulher e possibilitar destinar recursos à Secretaria de Saúde, legalmente, aumentando a divulgação, mobilizando empresas, entidades para sensibilizar mais mulheres e chamar a atenção à importância do diagnostico precoce do câncer”, explicou a parlamentar, ressaltando que a campanha mira também nos cuidados em relação ao câncer de colo de útero.

Para Michele Caputo, o debate é fundamental, em todos os meios possíveis pela desmistificação do câncer, apresentação dos direitos das pacientes, além de falar dos tratamentos e do diagnostico precoce. “O Outubro Rosa é um mês que tem uma marca muito especial no Brasil e no mundo, mas precisamos falar sobre esta questão todos os dias. Tem muita gente sofrendo e sem informação. O Paraná é um estado que tem hospitais oncológicos muito capacitados em tratamento integral, temos uma rede de mamógrafos especializados e temos que fortalecer o trabalho de prevenção e promoção de saúde”, afirmou.

De acordo com a deputada Cristina Silvestri (PPS), presidente da Procuradoria da Mulher na Alep, a mobilização é por todas as paranaenses. “A maneira de enfrentar um problema é falar sobre ele. Não podemos ver o câncer como um mito que não pode ser tratado. Temos que falar e alertar a todas as mulheres. Temos uma vida agitada, que nos faz correr o ano inteiro e quando chega o outubro nos atentamos ao agendamento dos exames. Esclarecimentos sobre os tipos de câncer, prevenção, alimentação saudável e direito das pacientes são fundamentais”, declarou.

Participaram do evento também o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Gláucio Geara e a vice-presidente da AMMA, Maria Aparecida Rodrigues dos Santos.

Alerta

Segundo a cirurgiã oncológica, Audrey Tsunoda, o Brasil evolui em prevenção e educação da população e dos profissionais da área oncológica, com aumento às vacinas e métodos de tratamento que fazem diminuir a incidência dos tumores mais avançados. “Entretanto, mulheres são diagnosticadas com câncer avançado, o que é causa de mortalidade ou sofrimento. É importante que as famílias apoiem os exames de prevenção, a vacinação do vírus do HPV para as meninas, para prevenir o câncer do colo e outros tumores, além de exercícios regulares, manter o peso e ter dietas equilibradas. Aliado a eliminação do tabagismo, vamos eliminar esta doença no futuro, graças aos esforços de varias instituições", disse.

O mastologista Rodrigo Bernardi aconselhou as mulheres a procurar o rastreamento em todos os meses do ano. “É um câncer totalmente prevenível, passível de cura plena com o diagnóstico precoce. Crescemos muito no rastreamento, descobrimos muitos cânceres, mas nosso objetivo e detectar pacientes com tumores milimétricos que são totalmente curáveis. Temos cada vez mais tecnologia, tanto para diagnóstico quanto para a doença, para uma melhora cada vez mais rápida”, esclareceu.

Para a oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães, o autoexame é fundamental, sempre aliado à busca pela mamografia. “As mulheres devem iniciar as mamografias aos 40 anos de idade, se auto examinar, não substituindo a mamografia, mas entendendo o próprio corpo e procurando ajuda médica diante de qualquer alteração. Ainda praticar atividades físicas, cuidar da alimentação, buscar atividades que deem prazer e diminuam o estresse da vida cotidiana”, afirmou.

A advogada na área de saúde, Daniele Banzzatto, explicou que as mulheres diagnosticadas com câncer têm uma rede de apoio para garantir acesso aos benefícios da lei, durante e após o tratamento. “Existe uma burocratização sobre o tema, o que dificulta o acesso às pessoas leigas. Sou voluntaria na associação e lá fazemos um compilado de todas as informações que possam facilitar o dia a dia destas mulheres e orientá-las de onde devem buscar auxilio. O mais importante é ter em mãos a biopsia que atesta pelo médico se tem o câncer. Com este documento se busca o saque do FGTS, auxílio de saúde e tudo que está previsto na legislação”, afirmou.

Depoimentos

Em tratamento do câncer de mama, pacientes que buscaram o diagnóstico precoce relataram suas experiências, com a superação de várias fases, e a expectativa pela cura completa. Para Eliene Saldanha, contadora que descobriu um tumor em dezembro passado, teve a confirmação em exames de rotina, o que desencadeou a busca pelos especialistas em ginecologia e mastologia. No mês de abril deste ano ela fez a cirurgia mamária e iniciou as quimioterapias, que devem ser concluídas neste mês de outubro.

“Estou muito feliz, deu tudo certo, o tratamento e a cirurgia. Está na etapa final e falta pouco para concluir. O apoio da família e dos amigos é fundamental. Minha mãe me atende no período das quimioterapias e a Associação Amigas da Mama me ajudou muito, cheguei lá com a autoestima baixa e fragilizada e logo me senti forte, pelo modo como me trataram , como falaram comigo para enfrentar o tratamento”, relatou, deixando a mensagem: “Procurem fazer a mamografia todos os anos, façam o auto toque e exames de rotina. Quanto antes descobrir, melhor, tudo tem tratamento e tudo pode dar certo. Eu sou prova disso”, disse.

Danielle Mendes, artesã, descobriu precocemente o câncer de mama após um auto exame seguido pela mamografia, ecografia, a biopsia e o diagnóstico. “Foi difícil a noticia, mas a partir daí veio o apoio da família e dos amigos. Fui absorvendo melhor a informação e com o tratamento se descobre que não é tão difícil como parece. Existe o tratamento e a cura. Tenho um apoio muito importante da associação, os procurei e eles me acompanham em tudo. Fiz minha última quimioterapia e o tratamento tem disso muito positivo, aguardo a cirurgia e a radioterapia”, afirmou.

“As pessoas não devem ter medo de descobrir algo. Quando nos conhecemos e fazemos os exames de rotina, a mamografia uma vez por ano, a cura será muito mais possível. O diagnóstico precoce aumenta muito a chance de cura, é preciso nos cuidar e não podemos brincar, achar que não vai acontecer conosco. Estamos todas sujeitas e precisamos fazer sempre o autoexame e a mamografia”, frisou.

Doe lenços

Logo após o término do Fórum, foi aberta a exposição fotográfica e realizado o lançamento da campanha “Doe Lenços”. A iniciativa tem como objetivo melhorar a autoestima das mulheres que perdem os cabelos em decorrência da quimioterapia e da radioterapia. Logo após, os participantes soltaram diversos balões rosas para chamar a atenção para a campanha.

Fonte: ALEP

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