13/08/2020
Redução ou suspensão dos procedimentos angustia especialistas e impõe prejuízos na atenção à saúde dos pacientes, em especial os que dependem de reconstruções e tratamentos de queimaduras e cicatrizes, dentre outros
O Conselho Regional de Medicina do Paraná realizou na tarde de quarta-feira (12/08) a sua 64ª Sessão Plenária Temática, inserida na série de webconferências com representantes das sociedades de especialidades médicas. Desta vez o tema foi "Impactos da Pandemia na Cirurgia Plástica", e teve as participações do presidente da Regional do Paraná da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Prof. Alfredo Benjamin Duarte da Silva, e da secretária, Dra. Anne Karoline Groth. Eles fizeram a apresentação na sede do CRM-PR em Curitiba, juntamente com o conselheiro Afrânio Benedito Silva Bernardes, coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica.
Acompanhada pela web pela maioria dos conselheiros, a plenária teve a coordenação do presidente do Conselho de Medicina, Roberto Issamu Yosida, que destacou a importância de conhecer a realidade e necessidades de cada uma das sociedades durante a pandemia, encontrando respostas para os profissionais e também à população dependente dos serviços. Roberto Yosida lembrou a reunião inaugural, realizada em 21 de maio, quando 45 das especialidades foram convidadas. Desde então, várias plenárias foram realizadas e ajudaram a implementar campanhas preventivas conjuntas. A última edição da série "Só saia de casa pela sua saúde" visou alertar pacientes oncológicos ou em processo de diagnóstico. Foi a 10ª fase em sequência e envolve a Sociedade de Cirurgia Oncológica.
Responsável pela recepção dos representantes da Regional do Paraná da Sociedade Paranaense de Cirurgia Plástica, o conselheiro Afrânio Bernardes fez a apresentação dos atuais diretores. Na sequência, em sua palestra, o presidente da Sociedade, que também é professor da Universidade Federal do Paraná, historiou sobre a evolução da pandemia pelo novo coronavírus e as medidas governamentais implementadas para o seu controle. De acordo com ele, houve substancial redução dos procedimentos cirúrgicos e também das consultas médicas. Lembrou que os primeiros casos da Covid-19 no Brasil foram detectados no final de fevereiro e que já no início da segunda quinzena de março, com decreto governamental e a observância das recomendações das autoridades sanitárias.
O presidente da Regional acentuou que a Cirurgia Plástica
contribui para diversas outras especialidades, citando a ação dos cirurgiões plásticos em procedimentos
como reconstruções de mama, cabeça e pescoço e membros, bem como a atuação no atendimento
a queimados, em correções de lesões cicatriciais, na cirurgia de traumas da face, cosmiatria e na estética
facial e corporal. Muitos dos serviços e tratamentos foram reduzidos ou suspensos, prejudicando seriamente os pacientes,
inclusive os infantis. O Caif (Centro de Atendimento Integral ao Fissurado Lábio-Palatal), por exemplo, somente começou
a restabelecer seu fluxo normal de atendimento há uma semana.
O Prof. Alfredo Duarte comentou sobre o longo
tempo que se leva para a formação de um cirurgião plástico, inclusive no campo prático,
e chamou a atenção para banalização de procedimentos cirúrgicos com a propagação
de empresas intermediadoras e da atuação de não especialistas, criando desinformação junto
à população que tanto anseia ou necessita do trabalho dos profissionais efetivamente habilitados. O uso
das redes sociais tem potencializado o problema, com o que o professor entende ser importante a comunicação
advinda das entidades médicas.
De acordo com o presidente da Sociedade, é preocupante a progressão de doenças em várias áreas pelas limitações decorrentes aos atendimentos ao longo de quase seis meses. No que se refere às dificuldades aos cirurgiões plásticos, a queda abrupta do número de consultas em consultórios e a proibição de cirurgias eletivas determinaram grandes abalos econômicos, levando os profissionais a recorrerem a empréstimos bancários e familiares e, ainda, alguns até obrigados a assumirem plantões em UPAs e em pronto atendimento hospitalares. Nesse aspecto, a Dra. Anne Karoline Groth, secretária da Sociedade e também chefe do serviço de cirurgia plástica do Hospital Erasto Gaertner, solicitou uma reavaliação do CRM-PR para autorização de pequenos procedimentos ambulatoriais que são feitos com anestesia local. O presidente Roberto Yosida prontificou-se a levar o pleito às autoridades sanitárias que têm o poder de decisão.
Residência médica
Questionado pela conselheira Nazah Cherif Mohamad Youssef sobre dificuldades que tenham surgido nas Residências Médicas de Cirurgia Plástica durante a pandemia, o palestrante relatou que inúmeras fases foram prejudicadas. Com cirurgias suspensas e ambulatórios com baixo número de pacientes, alguns residentes chegaram a reivindicar a prorrogação de sua especialização por mais um ano, pelos prejuízos à formação, o que já foi descartado na esfera federal pela impossibilidade de custeio de novo período de bolsa complementar. De acordo com a Sociedade, hoje são formados 15 especialistas por ano no Paraná. Vários dos residentes estão ajudando na linha de frente do enfrentamento da Covid-19, como acentuou o Prof. Alfredo Duarte.
O conselheiro Thadeu Brenny Filho, que é membro da Codame (Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos), citou a necessidade de que a Sociedade de Cirurgia Plástica reitere aos seus afilhados a necessidade de incluírem o número do RQE em suas propagandas e impressos profissionais, proposta acolhida pela Sociedade. Dados do Conselho de Medicina indicam haver no Paraná, hoje, 387 os cirurgiões plásticos com títulos registrados, sendo 206 em Curitiba.
Em suas considerações finais, o Prof. Alfredo Duarte disse que a Sociedade concorda com a preocupação de segurança em medidas adotadas e que é preciso fortalecer as instituições médicas em sua relação com os gestores visando benefícios à saúde. Contudo, reiterou o momento de dificuldade do profissional, altamente dependente de produtividade e de período hábil e assertivo para planejar o retorno às atividades. Para ele, o mundo digital será cada vez mais usado e que a comunicação vai contribuir para que tenhamos avanços para um futuro melhor.
Ao encerrar a reunião plenária, o presidente do CRM-PR agradeceu a exposição feita pelo presidente da Sociedade e reiterou o convite para adesão à campanha que está em curso com outras especialidades, conclamando a população para manter as suas periódicas visitas aos seus médicos para equilíbrio de sua saúde ou para continuarem a ser avaliadas e orientadas em suas doenças crônicas. Roberto Yosida ainda destacou avanços políticos como a criação da bancada da saúde, em atenção às demandas da saúde, e a modernização representativa do Conselho para se aproximar ainda mais do médico do interior. Por mim, endossou os avanços digitais ao citar que mais de 150 mil documentos já foram validados pela plataforma de telemedicina, com toda comodidade e sem qualquer ônus para o médico ou o paciente, e que esta inovação pode ser consolidada no pós pandemia.
Para saber mais sobre a campanha do CRM-PR com as especialidades, clique aqui.