01/08/2017
Imposto sobre serviços traria elevado ônus aos diversos segmentos, incluindo os profissionais médicos
Um dia após reunião dos vereadores com representantes de entidades de classe, a Prefeitura de Curitiba solicitou,
nesta terça-feira (1.º de agosto), o arquivamento das propostas que alteravam a cobrança do ISS e do ITBI
na cidade. Ambas as iniciativas são parte do chamado “Plano de Recuperação”, um conjunto
de doze medidas de ajuste fiscal enviadas pelo Executivo à Câmara Municipal em março deste ano.
“Durante
todo o recesso a base se reuniu com o secretário de Governo, Luiz Fernando Jamur, e com o prefeito Rafael Greca. Quero
parabenizar o prefeito pela sensibilidade, entendendo a situação [financeira] da cidade, de retirar os projetos
do ISS e do ITBI. Corríamos o risco de ter profissionais liberais migrando para fora de Curitiba [se fosse aprovado]”,
disse o líder do prefeito na Câmara, Pier Petruzziello (PTB), no início da sessão. Foi ele quem
anunciou a retirada dos projetos, antecipando a notícia para os vereadores em plenário antes do protocolo do
Executivo.
Formalmente, os requerimentos serão lidos em plenário, nesta quarta-feira (2), resultando automaticamente
na retirada dos projetos. Não há necessidade de votação. As proposições estavam
sob análise da Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, que agora fica desobrigada
de se posicionar a respeito dos temas. Cerca de 20 entidades profissionais pediam a retirada dessas proposições.
“A Prefeitura de Curitiba vai avaliar o impacto dos projetos já aprovados pelos vereadores e dos demais em tramitação.
Também estamos reduzindo o custeio e contando com a melhora da economia [brasileira]”, respondeu Luiz Fernando
Jamur à imprensa, quando perguntado sobre como o Executivo compensaria a retirada desses projetos no planejamento financeiro
da prefeitura. O secretário de Governo estava na Câmara para saudar os vereadores pela retomada das sessões
plenárias.
Jamur agradeceu o trabalho em conjunto no primeiro semestre, “um semestre com decisões
difíceis, mas importantes para o futuro da cidade”. Perguntado pelos jornalistas sobre o porquê de o Executivo
não insistir na aprovação da alteração do ISS e do ITBI com a mesma intensidade que resultou
nas mudanças no funcionalismo, o secretário de Governo disse se tratar de coisas diferentes. “Os projetos
dos servidores eram para garantir o pagamento dos salários. A aprovação garantiu o pagamento do dissídio
em novembro”, afirmou.
Projetos retirados
A Prefeitura de Curitiba retirou o projeto
que previa alteração de alíquotas, inclusão de cobranças no ISS, revisão de benefícios,
novos procedimentos de fiscalização e atualização legal do Código Tributário (002.00017.2017).
A proposição continha 75 alterações em itens da lei complementar 40/2001, que especifica os tributos
cobrados na cidade.
Também deixará de tramitar a iniciativa que incidia sobre imóveis de R$ 140 mil
a R$ 300 mil, que deixariam de usufruir da alíquota reduzida de ITBI (Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis),
hoje em 2,4%, para pagar 2,7% igual aos demais. O mesmo projeto de lei complementar (002.00016.2017) detalhava quem deve recolher
o imposto, responsabilizava os tabelionatos caso ocorressem fraudes e previa a atualização do valor venal dos
imóveis.
Audiência pública
Com a retirada dos projetos, os vereadores Euler
e Felipe Braga Côrtes, ambos do PSD, decidiram retirar o requerimento que propunha uma audiência pública
para o dia 9 de agosto com o objetivo de discutir o impacto das mudanças no ISS. “A audiência não
perde o sentido e vamos remarcá-la para discutir a questão tributária em Curitiba de uma forma mais ampla”,
pontuou Euler.
“Precisamos sugerir mudanças ao Executivo ‑ continuou o vereador ‑ pois tem que
modernizar o sistema tributário para diminuir a evasão fiscal, tem que aumentar a eficiência da arrecadação,
e isso envolve todas essas entidades ligadas ao setor de serviços”. Euler elogiou a retirada das proposições,
“que iam onerar vários prestadores de serviço e categorias de autônomos”, e defendeu que debater
a cobrança de impostos “não é discutir a favor ou contra a prefeitura”.
Para Felipe Braga
Côrtes, alterar as regras do ISS era “uma ideia infeliz do prefeito”. “A mensagem foi colocada aqui
sem nenhuma discussão com os setores afetados, que não sabiam da gravidade do projeto. Fizemos reuniões,
sim, mas não com o interesse de provocar uma reação contrária ao prefeito. Queríamos informações
deles para saber se iria prejudicá-los, pois era mais uma bomba trazida para a Câmara Municipal”. Em resposta,
o líder do prefeito disse que ele também atendeu as entidades, que é papel dos vereadores “estarem
com as portas abertas”.
“É importante debater a questão tributária, pois não cabe
aumentar impostos nesse momento do país”, continuou Pier Petruzziello. “O entendimento tem que ser buscado
por todos. A gente não entende de todos os assuntos o tempo inteiro, seria falta de humildade pensar assim. Conforme
as coisas vão andando é que a gente vai aprendendo. A montagem do Plano de Recuperação foi algo
macro, que se sabia que seria discutido durante a tramitação”, concluiu.
Reunião
com lideranças de classe
Vereadores se reuniram na manhã desta segunda-feira (31) com representantes de cerca de 20 entidades de classe,
na sala de reuniões da Presidência da Câmara de Curitiba, para debater a possibilidade de retirada de tramitação
dos dois projetos do Plano de Recuperação.
O encontro foi organizado pela Mesa Diretora da Câmara
e pelo líder do governo na Casa, Pier Petruzziello (PTB), reunindo 20 parlamentares na véspera da retomada das
sessões plenárias. As instituições da área de saúde, como Conselho de Medicina,
Federação e Sindicato dos Hospitais do Paraná, estiveram mobilizadas com o propósito de frear
a mudança tributária, que teria forte impacto entre profissionais e empresas.