Comissão Nacional Especializada de Violência Sexual e Interrupção Gestacional publicou manifestação sobre atenção prestada
à criança da cidade de São Mateus, no Espírito Santo
A Comissão Nacional Especializada (CNE) de Violência
Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da Federação Brasileira das Associações
de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) vem a público manifestar-se sobre atenção prestada à
criança da cidade de São Mateus, no Espírito Santo (ES). A menina de 10 anos de idade, com gravidez decorrente
de estupro, ficou sob a proteção e responsabilidade do Estado Brasileiro, aguardando o cumprimento dos normativos
médicos, éticos e legais que incluem a realização do aborto legal.
O caso, noticiado
pela imprensa nacional nos últimos dias, configura a situação de estupro de vulnerável, de uma
vítima abusada por familiar desde os 6 anos de idade. De acordo com o Código Penal Brasileiro (estabelecido
em 1940), a interpretação do artigo 128 é clara e ampara a interrupção legal dessa gravidez
tanto porque é decorrente de estupro, como também porque há evidente risco de vida, com riscos de complicações
graves na evolução da gestação, tais como, anemia, pré-eclâmpsia e eclâmpsia,
diabetes gestacional, parto prematuro e partos distócicos, com elevadas taxas de morbimortalidade materna e fetal,
traumas físicos, psicológicos e até a morte materna.
Há também repercussões
para a qualidade de vida futura dessa criança, tais como, alta porcentagem de abandono escolar, abuso de álcool
e drogas, consequências da baixa autoestima, além de doenças crônicas, autoimune, câncer decorrentes
do estresse pós-traumático e suicídio.
Postergar o acesso ao direito ao aborto previsto em lei dessa criança, sob a alegação
de que se aguarda a desnecessária decisão da justiça para o procedimento de interrupção
gravidez, configura-se em uma situação de sofrimento e negação de direitos. Reafirmamos que é
compromisso da FEBRASGO o apoio à garantia dos direitos e do acesso à saúde sexual e reprodutiva das
meninas e mulheres brasileiras. A FEBRASGO coloca-se ao lado dos valorosos médicos e profissionais de saúde,
que, cumprindo com seus deveres profissionais, com a ética médica e com a lei brasileira, acolheram a criança
nesse momento tão vulnerável de sua vida.
FONTE: Febrasgo