03/12/2021
Um dos convidados, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia declarou-se um "otimista prudente", entendendo que a imunização cumpre importante papel e que é preciso alcançar o maior número de pessoas
Realizada na tarde de quinta-feira (2), a 76ª Sessão Plenária Temática do Conselho Regional de Medicina do Paraná colocou em debate o atual cenário da pandemia da Covid-19. Dentre os assuntos abordados, as atualizações estatísticas de casos e mortes, respostas com o alcance da imunização, a nova variante Ômicron, atualização dos panoramas dos Estados Unidos e Europa, passaporte sanitário, perspectivas de fim de ano e Carnaval no Brasil e medidas sanitárias necessárias, como o uso de máscaras.
A plenária foi realizada de forma virtual e presencial, na sede do Conselho em Curitiba. Os convidados participantes foram os professores e especialistas Clóvis Arns Cunha; presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia; Elide Sbardellotto Mariano da Costa, da Câmara Técnica de Infectologia do CRM-PR; Heloísa Giamberardino, vice-presidente da Regional Paraná da Sociedade Brasileira de Imunizações; Marion Bürger, coordenadora da Divisão de Agravos Agudos Transmissíveis do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba; e Karen Luhm, diretora de epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde.
Os debates envolveram ainda os conselheiros e outros integrantes das Câmaras Técnicas de Infectologia e de Imunologia. Dentre as recomendações aos médicos, a serem compartilhadas aos seus pacientes, referem-se à observância do processo de imunização, da manutenção de hábitos preventivos como distanciamento social, higiene das mãos, manutenção de ambiente arejado e o uso de máscara como instrumento preventivo às doenças respiratórias. Neste aspecto, ainda, os médicos devem insistir para que a população também não se descuide das demais vacinas previstas no calendário nacional, como a da influenza e antipneumocócica.
Na visão geral dos especialistas, a nova variante do coronavírus é mais contagiante, porém seria determinante de doença pouco grave e de baixa letalidade. Entendem que estudos em curso, inclusive atualizações da indústria farmacêutica, tendem a oferecer maior segurança no enfrentamento da doença e que, para mitigar a entrada da nova cepa no País, a diminuição do intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina se mostra como instrumento de prevenção, assim como a exigência de comprovação de vacina aos estrangeiros para ingresso no território brasileiro.
Em sua apresentação, discorrendo sobre as estatísticas nacional e estadual, projeções e o cenário sombrio enxergado por muitas nações devido à variante Ômicron, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia manifestou-se como “um otimista cauteloso”. Participante ativo das decisões concernentes ao combate à pandemia, Clóvis Arns Cunha entende que o Brasil teve reações importantes para se colocar no atual estágio de arrefecimento, depois de hesitações em meio a uma batalha tão árdua. Ele credita à vacinação o importante passo dado para enfrentar o vírus. Cita que, no Brasil, somente 3% da população é resistente à imunização, contra 25% nos EUA, o que sinaliza para os efeitos negativos nos indicadores de contaminação naquele país, como em outros da Europa, no atual momento, que voltou a ser o epicentro da pandemia. Cita Portugal e também a Espanha como exceções e bons exemplos nesse enfrentamento. Nada menos do que 90% da população portuguesa estão vacinados e o reflexo positivo disso está na condição de quase normalidade.
O presidente da Sociedade entende a necessidade de que sejam feitos todos os esforços para que seja cumprida a cobertura vacinal no Brasil, alcançando sobretudo a parcela etária entre 18 e 35 anos, exatamente a que tem o maior percentual de resistentes às orientações de vacina e de prevenção. Clóvis Arns cita que o Ministério da Saúde fez análise de 194 milhões de doses e constatou que o risco de internação por doenças graves é 275 vezes maior do que decorrente da vacina. Entende ter sido importante a dose de reforço e também o encurtamento dos intervalos entre as vacinas. Além disto, avalia que o uso de máscaras veio para ficar, sobretudo diante de outras viroses respiratórias.
A Dra. Elide da Costa centrou sua apresentação nos atuais indicadores estatísticos de Curitiba, onde o uso de UTIs está em 31%, expondo um quadro de maior controle da doença e em contraste com períodos em que se chegou ao esgotamento da capacidade de leitos intensivos. Ela observou a redução de 58% dos casos e que, nos óbitos, as comorbidades exercem função prevalente. Doenças cardiovasculares encabeçam os fatores de risco (40,89%). Além disto, os idosos são maioria (63,48%) entre os que perderam a vida pela doença. Ela assinalou ainda o impacto para a sociedade decorrente de pacientes não vacinados e com sequelas da Covid-19. A Dra. Marion destacou estudos mostrando a eficácia da vacina, mesmo com eventos adversos, e que já não há intervalo determinante para vacinas diferentes, salvo as pessoas imunossuprimidas.
O Paraná registra até agora nada menos do que 1.574.004 casos de Covid-19, sendo 29 nas últimas 24h. As mortes totalizam 40.582, sendo cinco nas últimas 24h. Ao mesmo tempo, o total de vacinados chegou a quase 9 milhões, sendo 7.769.470 com a segunda dose ou única. Curitiba, ao mesmo tempo, já atingiu 84,6% de sua população com a total imunização.
ORIENTAÇÕES SOBRE MANEJO E ACOMPANHAMENTO DA SÍNDROME PÓS-COVID. BOLETIM n.°6.