É com uma bandeira de valor mínimo de consulta de R$ 100 mais a reposição da inflação que os médicos vão parar seus serviços
para os usuários de planos de saúde na quinta-feira. No Paraná, o movimento também ganhou a adesão de dentistas e fisioterapeutas,
que querem a adoção de tabela própria e a reposição da inflação em cerca de 200%, respectivamente.
No caso dos médicos, o valor pedido é maior que a média paga hoje pelos planos (R$ 42) e também que o indicado pela Classificação
Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) de 2010, editada pela Associação Médica Brasileira (AMB) e reivindicada
pela classe como a tabela ideal para o uso de todas as operadoras. Pelo documento, o valor de uma consulta médica regular
em consultório deveria ser de R$ 60, com variação possível de 20% para mais ou menos, ou seja, de R$ 48 a R$ 72.
De acordo com os organizadores do movimento, o pedido a mais do que estabelece a própria CBHPM segue a lógica de qualquer
negociação que deverá chegar em um denominador comum, mais baixo. Segundo um estudo do doutor em Medicina e ex-presidente
da AMB Antônio Celso Antunes Nassif, descontando os custos de operação de um consultório, impostos de Renda e INSS, sobrariam
R$ 5,53 por consulta para os médicos.
Nos procedimentos em geral, a diferença entre o que é pago e o que é pedido pelos médicos também é grande (veja na tabela
acima). "Nosso pedido, já há alguns anos, é que os operadoras adotassem a tabela da AMB, para que houvesse um só critério
e baseado na nossa experiência para balizar os contratos e reajustes. Mas ainda há operadoras usando tabelas que eu mesmo
fiz na década de 1990, para a AMB", explica Nassif.
Inflação
A reposição da inflação para os procedimentos em geral, não só para as consultas, vai depender do último reajuste de cada
operadora. No caso daquelas que trabalham com valores de 1992, esse reajuste seria de 92%. É daí que surge o valor preconizado
pelos médicos.
Até o momento não houve qualquer proposta de negociação em massa enviada à AMP, segundo o médico José Fernando Macedo,
presidente da entidade e da Comissão Estadual de Honorários Médicos, que também reúne representantes do sindicato (Simepar)
e do conselho regional (CRM) da classe. "Se mesmo depois do dia 7 de abril não recebermos nenhuma proposta, há a hipótese
de descredenciamento. É importante lembrar para a população que usa os planos que isso não significa total dessassistência,
afinal, exames e outros procedimentos têm de ser cobertos pelos convênios independentemente do médico consultado".
Adequação
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por meio das discussões mediadas pelo órgão, a Unimed e a União
Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) já adotaram a CBHPM. A FenaSaúde, que representa mais de 20 operadoras,
apresentou, há duas semanas, uma proposta à AMB, Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam)
para adoção de 100% da CBHPM até 2013. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) ainda não apresentou proposta
alguma e se abstém de se pronunciar sobre a disputa entre operadoras e médicos.
Fonte:
href="http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=1112936&tit=Medicos-querem-R-100-por-consulta" target="_blank">Gazeta
do Povo