30/08/2011
Plano terá de pagar ao SUS por tratamentos mais caros
Governo vai exigir ressarcimento de procedimentos como quimioterapia. Outra medida prevê reduzir tempo para plano ressarcir
o SUS por atendimentos a pacientes com convênio
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse no dia 29 de agosto que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) passará
a cobrar dos planos de saúde os procedimentos de alta complexidade (como quiomioterapia) que seus usuários façam no SUS. Hoje,
só a internação é passível de ressarcimento.
Ainda não há uma estimativa do montante de recursos que essa mudança representará ao SUS. Atualmente, 46 milhões de brasileiros
possuem planos de saúde. O governo não sabe, porém, quantos deles fazem procedimentos no SUS. Em hospitais públicos de São
Paulo, 20% dos pacientes atendidos têm convênios.
No dia 29 de agosto foi publicada, no Diário Oficial da União, uma nova lei para repassar diretamente ao Fundo Nacional
de Saúde (FNS) o dinheiro cobrado dos planos. "Hoje o dinheiro ressarcido deveria voltar para as secretarias estaduais e municipais,
mas isso não ocorre", segundo Padilha.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ministro afirmou que, antes, esses recursos ficavam com a ANS e, agora,
com a nova lei, será possível uma distribuição mais equânime entre Estados e municípios, além de acelerar o repasse.
Atendimento
A ideia é que, a partir de 2012, seja zerado o tempo de espera entre o atendimento de um conveniado no SUS e a cobrança
às operadoras de saúde. Hoje esse tempo está em dois anos.
Indo para o FNS, o dinheiro não necessariamente voltará à unidade de saúde que prestou atendimento. "Isso pode fazer com
que os Estados criem leis que estimulem a dupla porta, como fez o governo de São Paulo", diz Mario Scheffer, especialista
em saúde pública pela USP.
Padilha discorda: "A legislação anterior não garantia o recurso para o SUS, dava mais argumento para quem quisesse garantir
uma forma paralela de ressarcimento".
Segundo o ministro, o ressarcimento pelos procedimentos de alta complexidade será fundamental porque há muitos pacientes
de planos de saúde fazendo quimioterapia e outros procedimentos no SUS, e os planos não pagam nada por isso.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar, que representa 15 grupos de operadoras privadas, e a Abramge, que representa
os planos de saúde, informaram que vão aguardar mais detalhes das medidas para se manifestar.
Fonte: Folha de São Paulo