O secretário estadual da Saúde, Dr. César Augusto Neves Luiz, foi o palestrante convidado do 154.° Picadinho Cultural Dr. Wadir Rúpollo, da Academia Paranaense de Medicina, realizado na terça-feira (28) no restaurante da Associação Médica do Paraná, em Curitiba. O secretário abordou o tema “Perspectivas do SUS no cenário pós-pandemia”, tendo destacado as dificuldades enfrentadas no Estado desde o surgimento de uma doença que se apresentou como um dos maiores desafios da Medicina na história, exigindo recursos humanos e financeiros sem precedentes e que tem seus efeitos a serem observados na reabilitação física e mental.

O Dr. César Luiz era diretor geral da Secretaria e assumiu a titularidade da Pasta em abril último, com o afastamento de Carlos Alberto Gebrim Preto, o Beto Preto, que se afastou da função que ocupava desde o início do governo Ratinho Junior para se habilitar a concorrer a uma vaga no Legislativo Federal. Como destacou em sua fala, o novo secretário esteve presente em todas as etapas do enfrentamento da pandemia, decretada no Brasil em março de 2020, e realça a postura do governador em acolher a defesa dos caminhos da Ciência defendidos pelos gestores da Sesa e entidades médicas. Neste ponto, ele aproveitou para agradecer ao CRM-PR pelo alinhamento e condutas de apoio e orientação à sociedade que muito fizeram a diferença no enfrentamento da doença.

Em linhas gerais, o secretário historiou o represamento das cirurgias eletivas em todas as áreas, o problema da judicialização que compromete os recursos da saúde e a recente conquista que colocou o Paraná como primeiro estado a obter a devolução de recursos aplicados ante competência do governo federal. O Dr. César Luiz acentuou que a política de abertura e manutenção de leitos, inclusive com remuneração diferenciada aos prestadores de serviços, e ainda agilidade no processo de cobertura vacinal e de reposição de insumos e materiais, mostrou-se fator positivo para dar protagonismo ao Paraná no combate à pandemia.

O palestrante destacou ainda os reflexos que a Covid-19 ainda impacta na sociedade e que é indispensável a observância das recomendações das autoridades sanitárias, em especial na profilaxia e imunização. O Dr. César Luiz ainda abordou outras questões que impactam na saúde pública, como o recrudescimento da dengue, que no último boletim epidemiológico Coordenadoria Estadual de Vigilância Ambiental confirmou mais seis mortes e 5.528 casos, elevando para mais de 110 mil o total em um ano. Também há preocupação com a “varíola dos macacos”, com casos suspeitos sendo monitorados no Estado.

Na visão do secretário, o fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde foi um grande diferencial na atual gestão, permitindo a meta fixada no Plano Estadual de Saúde. Disse que os investimentos feitos, a descentralização e proatividade dos consórcios de saúde permitiram aos paranaenses uma assistência mais efetiva e próxima de seus domicílios, diminuindo o vai e vem de pacientes, muitas vezes sob agravo de acidentes rodoviários. Abordou ainda a expansão do alcance da Feaes (Fundação Estadual de Saúde), que passou do gerenciamento de três para 12 hospitais, propiciando respostas mais rápidas em algumas carências.

Durante sua palestra, o secretário fez questão de destacar que o governo do Estado lançou este ano o maior programa de cirurgias eletivas da história da saúde, com investimentos da ordem de R$ 150 milhões do Tesouro do Estado. O “Opera Paraná” tem previsão de proporcionar aproximadamente 60 mil cirurgias a mais neste ano. Como esclareceu o Dr. César Luiz, a parceria com os hospitais e demais serviços, com suplementação da deficitária remuneração advinda do SUS, permitiu abrir frente de atendimento em várias especialidades. Citou as oftalmológicas que vêm ganhando corpo e explicou que, dentro do novo formato, que vale para outras especialidades, os pacientes realizam os exames e “saem já com a data da cirurgia marcada”, algo não funcional até pouco tempo e que só fazia crescer as filas de espera.

Após abordar a questão a questão da cobertura orçamentária do SUS, o secretário teve o aceno do ex-ministro da Saúde, Alceni Guerra, que também é acadêmico. O ex-ministro chamou a atenção para as manobras políticas que vão impactar em menos recursos para saúde e educação e que exige mobilização dos representantes políticos e da sociedade. Alceni Guerra ainda destacou o SUS como um dos programas de saúde pública mais respeitados no mundo e que não pode ser alijado dos recursos de que necessita.

A sessão do Picadinho Cultural foi conduzida pelo presidente da Academia Paranaense de Medicina, Jurandir Marcondes Ribas, que aproveitou para anunciar os festejos comemorativos do 43° aniversário da confraria e que inclui almoço em 16 de julho. Durante a reunião-almoço desta terça houve ainda homenagem ao médico, professor e cientista Metry Bacila, na passagem de seu 100° aniversário de nascimento. Um kit com três livros lançados em referência à data foi apresentado na academia e estão disponíveis para a venda.

Quem é o secretário?

O secretário estadual da Saúde, César Augusto Neves Luiz, é médico formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) em 1991, especialista em cirurgia geral e gastroenterologia pelo Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira, além de pós-graduado em Endoscopia Digestiva, Medicina do Trabalho e Gestão Pública e Auditoria.
Exerceu ainda a chefia de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde nos últimos dois anos, e foi coordenador da Assessoria Técnica de Judicialização do Saúde da Sesa, que garantiu mais de R$ 200 milhões em economias para a gestão estadual da Saúde desde 2019.
Atuou também como médico-auditor do município de Curitiba, além de diretor de Gestão Hospitalar do município de Araucária e médico perito do Ministério Público do Paraná.