09/09/2011
Pesquisas clínicas terão mais recursos
Governo anuncia R$ 1,5 bilhão para financiar estudos em saúde e aumentar produção de remédios nacionais.
Parte do dinheiro será usada para enquete nacional sobre como os brasileiros usam e descartam remédios
O Ministério da Saúde anunciou no dia 8 de setembro que vai quadruplicar o orçamento federal para pesquisa na área.
Entre os principais focos para o gasto estão a produção de medicamentos nacionais e a vigilância em áreas atingidas por
doenças como malária e dengue.
São 16 as áreas prioritárias para o programa, que terá R$ 1,5 bilhão em quatro anos.
Parte do orçamento será dedicada a uma campanha pelo uso racional de medicamentos, além de uma pesquisa em 35 mil domicílios
sobre o comportamento do brasileiro em relação a remédios.
O objetivo é saber se as pessoas aderem ao tratamento (se tomam o remédio como o médico recomendou), onde compram o medicamento,
como guardam e como as drogas são descartadas. A pesquisa ficará pronta em 2013.
Além de fazer campanha contra o uso exagerado e equivocado de remédios, o governo quer explicar à sociedade os critérios
para que um remédio passe a ser oferecido pelo SUS.
O propósito é evitar processos judiciais. A cada ano, cresce o valor gasto com o fornecimento de medicamentos fora da
lista do SUS, por decisões da Justiça.
PRODUÇÃO NACIONAL
De acordo com Vítor Harada, presidente da Abracro (Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica),
hoje, 80% dos princípios ativos usados em medicamentos no país são importados. O aumento do investimento federal na pesquisa
de novas drogas pode mudar esse quadro.
"Nos EUA, quem mais investe em pesquisas clínicas é o próprio governo, por meio dos Institutos Nacionais de Saúde", diz
Harada.
A escolha de temas prioritários também é positiva, segundo Harada. "É melhor fazer menos estudos com mais investimentos
e mais rápido do que fazer muita coisa ao mesmo tempo e sem foco."
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou também o lançamento da Plataforma Brasil, uma base de dados eletrônica
que vai unificar os registros de pesquisa envolvendo seres humanos.
Até agora, as pesquisas são submetidas ao Conselho Nacional de Ética em cópias impressas. O processo, agora, será informatizado.
Mas, para o representante das empresas envolvidas em testes clínicos, o site não elimina barreiras burocráticas.
"Hoje, os protocolos de pesquisa são aprovados pelo comitê do hospital e depois do Conep. Em vez de eliminar um passo,
a plataforma informatiza o mesmo processo que existe hoje. Isso é bom, mas não vai resolver o problema", afirma Harada.
Fonte: Folha de São Paulo