09/04/2009
Cinqüenta e quatro mil pessoas respondem a questionários por telefone e dizem que estão praticando mais exercícios,
comendo mais hortaliças e fumando menos
No Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia 7 de abril, o ministro da Saúde José Gomes Temporão anunciou dados
inéditos sobre indicadores de qualidade de vida no Brasil. A pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, Vigitel 2008, revelou que os brasileiros estão atentos com a sua saúde. "O brasileiro
faz mais atividade física, consome menos carne gordurosa, está fumando menos. Ampliou-se o acesso ao diagnóstico da hipertensão
arterial. O número de mulheres que fazem mamografia e exame preventivo do câncer foi ampliado. Por outro lado, persiste
o número de brasileiros com excesso de peso, obesos e o consumo de bebida alcoólica, principalmente beber e dirigir, voltou
ao padrão anterior da vigência da Lei Seca", afirma Temporão.
A pesquisa também mostra que é comum entre os brasileiros o hábito de dirigir após beber. "A luz amarela acendeu.
É uma questão que se enfrenta com fiscalização e com a construção de um novo padrão de consciência da população", comenta
o ministro da Saúde. Por isso, o Ministério da Saúde e o Ministério das Cidades lançam nesta quarta-feira, 8 de abril, campanha
de prevenção a acidentes voltada tanto para aqueles que dirigem alcoolizados quanto para os caminhoneiros que consomem anfetaminas
durante a longa jornada de trabalho.
O Vigitel 2008 foi realizado por amostragem com 54 mil pessoas residentes nas capitais e no Distrito Federal.
É o terceiro ano consecutivo que o Ministério realiza o levantamento. O questionário inclui perguntas sobre hábitos alimentares,
atividade física, auto-avaliação do estado de saúde, tabagismo, consumo de álcool, prevenção de câncer, excesso de peso
e obesidade.
Com os resultados do estudo, o Ministério da Saúde registra informações para subsidiar o monitoramento dos fatores
de risco e proteção para as doenças crônicas não transmissíveis (câncer, infarto, derrame, etc) e contribuir para o planejamento
de ações que reduzam a ocorrência dessas enfermidades.
Veja os principais resultados do estudo nas 27 capitais:
1 - Álcool e direção
Cresce consumo de álcool no Brasil
No Brasil, as informações sobre o consumo abusivo de álcool mostram tendência de crescimento. Em 2008, 19% declaram
ter consumido álcool de forma abusiva em alguma ocasião nos últimos 30 dias. Em 2007, foram 17,5%; em 2006, primeiro ano
do Vigitel, foram 16,1%. O consumo é mais freqüente em faixas etárias mais jovens - alcançando 30% dos homens e 10% das
mulheres entre 18 e 44 anos.
Consumo abusivo de álcool é 3x maior entre homens em relação às mulheres
Dados inéditos do Ministério da Saúde confirmam que o consumo abusivo de álcool continua mais freqüente e intenso
entre os homens em relação às mulheres. De acordo com dados do Vigitel 2008, o percentual de consumo abusivo de álcool para
o sexo masculino é de 29% dos entrevistados, 10 pontos percentuais acima da média nacional (19%) e três vezes maior do que
o registrado entre as mulheres (10,5%). De acordo com o estudo, o percentual de consumo abusivo de álcool entre homens em
2008 foi o maior desde 2006, quando teve início o Vigitel. Há três anos, 25,3% dos homens entrevistados afirmaram ter consumido
abusivamente o álcool, contra 27,2% (2007) e 29% (2008).
Mulheres aumentaram o consumo abusivo de álcool
As mulheres estão bebendo mais. De acordo com o Vigitel, em 2008 o percentual de consumo abusivo de álcool foi
de 10,5%, contra 9,3% em 2007 e 8,1% em 2006.
Beber e dirigir
O brasileiro voltou a beber e dirigir com mais freqüência nos últimos meses de 2008 em relação aos primeiros meses
da Lei Seca, em vigor desde junho do passado, e reverteu a tendência inicial de queda verificada pelo Ministério da Saúde.
Nos meses de julho, agosto, setembro e outubro do ano passado, os percentuais de pessoas que afirmaram ter consumido álcool
de forma abusiva e ter dirigido depois foram de 1,3%, 0,9%, 1,2%, 1,2%, respectivamente. Em novembro e dezembro, os percentuais
saltaram para 2,1% e 2,6%, dados bastante elevados em relação aos meses anteriores.
Com relação ao cenário nacional, o dado percentual médio do Brasil foi de 1,5%, menor do que os 2% verificados
em 2007, ano em que Vigitel iniciou a pesquisa sobre álcool e direção.
Comparativo do consumo abusivo de bebidas alcoólicas* e direção de veículo motorizado em capitais brasileiras,
entre julho a dezembro de 2007 e 2008 e primeiros meses de 2009.
* Para o estudo, foi considerado abusivo o consumo de mais de quatro doses de álcool para as mulheres e mais de
cinco para homens, em mesma ocasião, evento ou festa, nos últimos 30 dias. A avaliação considera como dose de bebida uma
lata de cerveja, uma taça de vinho uma ou uma dose de destilados como uísque ou vodka.
Campanha de prevenção a acidentes
Quem bebe e dirige em seguida e os caminhoneiros são os principais focos da nova campanha de alerta sobre os
riscos dos acidentes de trânsito. Com o slogan "Por você e pelos outros, respeite as leis de trânsito", as peças publicitárias
serão veiculadas de 8 a 30 de abril em televisões, rádios, internet, revistas, jornais, mobiliário urbano e outdoors.
A preocupação é com o uso de anfetaminas feito por pessoas dessa categoria profissional para se manter acordadas
durante longas jornadas de trabalho. A droga é utilizada para reduzir o sono e o cansaço, permitindo ao profissional trabalhar
mais horas no dia.
2 - Obesidade
13% dos brasileiros são obesos
Excesso de peso se manteve estável nos últimos anos (43,3% dos brasileiros), mas a obesidade aumentou nos brasileiros,
especialmente nas mulheres. Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que hoje 13% dos adultos são obesos, sendo o índice maior
entre as mulheres (13,6%) do que entre os homens (12,4%). Em 2006, quando foi apresentada a primeira edição do sistema Vigitel,
11,4% dos brasileiros eram obesos. No ano seguinte, esse índice subiu para 12,9%.
3 - Tabagismo
Consumo de cigarros entre os jovens caiu à metade nos últimos 20 anos
O estudo Vigitel 2008 mostra que 14,8% dos jovens entre 18 e 24 anos têm o hábito de fumar. Em 1989, os jovens
fumantes eram 29%. De acordo com Deborah Malta, coordenadora da área de doenças e agravos não transmissíveis do Ministério
da Saúde, um dos fatores mais importantes no controle do tabagismo é evitar o início do vício entre adolescentes e jovens.
A tendência é de forte queda para o consumo de tabaco em todas as faixas etárias. A Pesquisa Nacional de Saúde
e Nutrição, realizada há 20 anos, mostrou que 35% da população adulta no Brasil era fumante. Segundo o Vigitel 2008, esse
índice caiu para 15,2%. Apesar de o Brasil estar entre os países com menor incidência de tabagismo do mundo, o objetivo
é reduzir esse número, em especial entre os jovens e mulheres fumantes. Em 20 anos, metade dos fumantes abandonou o tabagismo.
4 - Alimentação
Aumenta o consumo de frutas e hortaliças. Cai o consumo de carnes gordurosas
No Brasil, 15,7% dos brasileiros consomem a quantidade recomendada de frutas e hortaliças - quase três vezes mais
do que em 2006. Se há três anos apenas 5,6% dos adultos consumiam a quantidade de frutas e hortaliças recomendada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), que é de cinco porções em cinco dias ou mais da semana, hoje há motivos para comemorar.
5 - Prevenção de câncer e auto-avaliação de saúde
71% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram mamografia nos últimos 2 anos
De acordo com o estudo do Ministério da Saúde, 71% das mulheres brasileiras entre 50 e 69 anos fizeram o exame
de mamografia nos últimos dois anos. As maiores freqüências de realização do exame foram registradas em Belo Horizonte (84,1%),
Vitória (81,9%) e Florianópolis (80,6%). As cidades de Palmas (49,2%), Rio Branco (51,1%) e Macapá (53,5%) estão entre as
cidades com menores frequência, abaixo da média nacional. O Vigitel revela que cobertura do exame aumenta com o nível de
escolaridade, chegando a 89,2%, para as mulheres com 12 anos ou mais de estudo.
Apenas 4,5% dos brasileiros declaram ter estado ruim de saúde
Em 2008, apenas 4,5% dos entrevistados do Vigitel afirmaram que estavam com a saúde fora de suas expectativas.
Embora as mulheres vivam mais, são elas quem mais avaliam pior o próprio estado de saúde. Isso porque as mulheres são mais
sensíveis e percebem mais os problemas de saúde do que os homens, que dão pouco importância ao seu próprio corpo. Quanto
maior a escolaridade, maior é a procura por avaliações de saúde por parte da população.
80,9% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame HPV nos últimos 3 anos
Prevenção do câncer do colo de útero - Segundo o Vigitel, a média nacional para frequência de realização do exame
Papanicolau, nos últimos três anos, foi de 80,9%, entre as mulheres entre 25 e 59 anos. O estudo mostra que a cobertura aumentou
para 89,8% nas pessoas com 12 anos ou mais de escolaridade. As cidades com as maiores coberturas do exame são nos foram
identificadas em São Paulo (92,7%), Porto Alegre (90,6%) e Florianópolis (90,5%). As menores coberturas do exame estão nas
cidades de Maceió (72,9%), Fortaleza, Distrito Federal e Belém (74,8%) e Natal (75%).
Cai o uso de proteção solar. 39% dos brasileiros se protegem contra UV
De 2007 para 2008, a média nacional de frequência de proteção contra radiação ultravioleta (uso de protetor solar,
chapéu ou sombrinha e roupas adequadas) caiu de 53,3% para 39%. As maiores freqüências de proteção foram declaradas por moradores
de Florianópolis (50,9%), Palmas (49,8%), Distrito Federal (47,7%) e Curitiba (47,2%), de acordo com o Vigitel. O Rio de
Janeiro é a capital com o menor percentual de proteção, 30,8%.
Fonte: Ministério Público