Estudo de grupo de pesquisadores da Escola de Medicina da instituição avaliou 77 pacientes internados com o novo coronavírus
Desde que a pandemia do novo coronavírus teve
início, ainda nos primeiros meses de 2020, vários estudos de revisão sugeriram que a formação
de radicais livres e o estresse oxidativo estariam ligados à gravidade da doença, contribuindo para um estado
clínico mais preocupante. Nenhuma pesquisa, porém, havia confirmado a hipótese. Isso até agora,
graças ao estudo de um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (PUCPR).
O trabalho
foi publicado recentemente em uma importante revista científica. Os pesquisadores analisaram o soro de 77 pacientes
e concluíram que, ainda que os níveis de estresse oxidativo estivessem elevados, a gravidade da doença
não é fator determinante o para as mudanças no perfil redox – sistema de defesa antioxidante –
de pacientes hospitalizados com Covid-19.
Professor
do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da PUCPR (PPGCS) e pesquisador responsável
pelo estudo, Ricardo Pinho explica que o estresse oxidativo é um evento celular causado a partir do desequilíbrio
entre a formação de moléculas chapadas de radicais livres e a capacidade antioxidante presente nas células,
tecidos ou órgãos. Se for prolongado e intenso, sem uma capacidade de resposta adequada do organismo, esse desequilíbrio
– mais radicais livres do que antioxidantes – leva a danos de vários componentes das células e contribui
para o desenvolvimento ou agravamento de várias doenças.
Segundo o professor, radicais livres são produzidos naturalmente no organismo e são
necessários para as células. O problema é que estímulos nocivos ao organismo, além de infecções
e doenças inflamatórias, caso da Covid-19, elevam muito a produção desses radicais livres, sem
melhorar a quantidade de antioxidantes. Isso pode comprometer o tratamento e agravar a doença.
“Há maneiras práticas que podem ajudar na redução
do estresse oxidativo, como adotar um modo de vida saudável, com boa alimentação e realização
regular de atividades físicas, além de manter o controle e tratamento de doenças que causam estresse
oxidativo. Quando necessário, faz-se o uso, com orientação profissional, de complementos ou suplementos
ricos em antioxidantes, o que parece ser o caso de pacientes com coronavírus”, diz Pinho.
MÉTODO E RESULTADOS
Para realizar o estudo, os pesquisadores selecionaram
77 pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 que foram internados em um hospital de Curitiba (PR). Eles foram divididos em dois
grupos: um de quadro clínico moderado e outro de quadro clínico grave. Além dos dados clínicos,
foram avaliados o perfil inflamatório e indicadores de estresse oxidativo.
Os resultados revelaram que pacientes graves que apresentavam alta contagem de leucócitos
séricos e níveis elevados de PCR (proteína c-reativa) permaneceram mais tempo internados. Não
foi observada, contudo, correlação entre os parâmetros de estresse oxidativo e o grau de severidade da
Covid-19 na pesquisa.
“Trata-se de
um estudo muito importante que, somado a outras informações na literatura médica, poderá contribuir
para terapias mais eficazes no controle da doença, em especial para pacientes hospitalizados”, afirma Pinho.
A pesquisa está inserida em um projeto
mais amplo, desenvolvido por vários pesquisadores da PUCPR, ligado ao novo coronavírus. O trabalho é
financiado pela PUCPR e com recursos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
A pesquisa completa foi publicada na revista científica
internacional Free Radical Biology & Medicine e pode ser acessada no link.