O Conselho Regional de Medicina do Paraná e a Associação Paranaense de Psiquiatria (Appsiq) registram com pesar o falecimento do médico e professor Paulo Fernando de Moraes Nicolau (CRM-PR 5.008) ocorrido na tarde de terça-feira (16) em hospital de Londrina, onde se encontrava internado devido a complicações pela Covid-19. Passa a fazer parte, assim, da triste estatística de pelo menos 50 médicos já falecidos no Paraná por causa da doença, conforme levantamento até esta quarta (17) de manhã, quando também ocorreu a despedida do Dr. Paulo Nicolau no Parque das Alamandas, em Londrina. Deixa esposa e filhos. As condolências da classe médica aos familiares e amigos.

Especialista em Psiquiatria, Medicina de Trabalho e Administração Hospitalar, o Dr. Paulo Nicolau tinha 69 anos de idade e quase 46 de formação médica, tendo destacada atuação ainda como dirigente hospitalar (no Paraná e em São Paulo) e representante desse segmento enquanto diretor da área de psiquiatria na Fehospar (Federação dos Hospitais do Paraná), Sindipar (Sindicato dos Hospitais do Paraná) e Sindicato dos Hospitais de Londrina e Região.

O Dr. Paulo Nicolau nasceu em Ribeirão Preto (SP) em 3 de setembro de 1952. Formou-se em julho de 1975 pela Universidade de Vassouras. Também era professor catedrático da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste Campus I), em Presidente Prudente (SP), cidade onde fez a sua especialização e onde seu pai, o Dr. João Nicolau, iniciou as atividades como médico psiquiatra do Hospital São João, fundado no final dos anos 1950 e do qual passaria a proprietário na década seguinte. O Dr. Paulo Nicolau iniciou suas atividades no hospital logo depois de se formar e depois assumiu a sua direção em 1982. Também assumiria outro hospital fundado por seu pai, a Clínica Psiquiatra de Londrina, que depois ganharia a denominação de Hospital Vida. Ainda em Londrina, Dr. Paulo Nicolau fundou outra unidade psiquiátrica, o Vila Normanda, agora Hospital Nova Vida.

O Dr. Paulo inscreveu-se inicialmente no Conselho de Medicina de São Paulo (n.º 23.758), em setembro de 1975. Também fez sua inscrição secundária no CRM do Paraná no ano seguinte. Ele se dividia entre os dois estados para suas atividades enquanto médico, diretor de hospitais e professor da área de psiquiatria. Participou intensamente das mobilizações para impedir o desabastecimento assistencial de pacientes, recorrente nesse campo desde o final dos anos 1990, quando ocorreu o fechamento de parte dos hospitais especializados no Paraná, como Pinel e Nossa Senhora da Glória, em Curitiba; Pinheiros, em São José dos Pinhais; São Marcos, em Cascavel; e Franco da Rocha, em Ponta Grossa.

Manifestações

A notícia da morte gerou grande comoção nas redes sociais, logo após um dos filhos postar a triste notícia: “Com o coração despedaçado, deixo a notícia que meu pai faleceu hoje à tarde e que o velório será amanhã no Parque das Alamandas”. “Só tenho palavras de agradecimento por ter sido tão atencioso comigo. Deus o receba em seus braços. Paulo Fernando, você combateu o bom combate . Terá sua recompensa na eternidade. Seus conselhos, eu guardei , eu os sigo também. Gratidão por ter me honrado com sua atenção. Foi um excelente ser humano”, manifestou-se pelas redes sociais uma ex-paciente.

“Mais uma perda irreparável à psiquiatria do Paraná. Médico humanista, nosso grande amigo e parceiro. Um guerreiro em prol dos menos favorecidos pacientes e da manutenção da assistência a eles. Dedicou sua vida a uma grande causa”, registrou Maria Emília de Mendonça, diretora do Hospital Psiquiátrico de Maringá e amiga de infância do Dr. Paulo (os pais, psiquiatras, eram amigos e foram fundadores das unidades hospitalares que assumiram. “Ele participou, como palestrante, de várias jornadas de psiquiatria e saúde mental integral em nosso hospital”, lembrou Maria Emília, reforçando que havia conversado com o médico há apenas uma semana, logo após o falecimento de seu diretor administrativo, Luiz Boligon, também por causa da Covid.

Em outra postagem, reforçou: “Infelizmente, recomendamos a Deus, a alma de nosso querido amigo, Dr. Paulo Fernando Nicolau. A Psiquiatria do Paraná e de São Paulo perde um guerreiro de luz, humanista, sempre lutando em favor aos menos favorecidos pacientes! Descanse em paz amigo. À família, amigos e funcionários da Clínica Psiquiátrica de Londrina, nossos sinceros sentimentos de pesar e carinho!”

O ex-prefeito de Londrina, Antonio Belinati, inseriu mensagem nas redes sociais: “Adeus ao bom amigo. O médico Paulo Nicolau nos deixou no fim da tarde de hoje (16). Vítima do maldito Covid, estava internado, em estado grave, no Hospital do Coração de Londrina. Pai do meu grande amigo Fernando Nicolau. Dr Paulo quase não teve regalias na vida. Era apaixonado pelo trabalho. Em sua clínica psiquiatra era comum ele internar pacientes pobres, que nada podiam pagar. E todos recebiam tratamento semelhante aos mais abastados. Doutor Paulo Nicolau , homem simples, digna, uma vida cuidando com amor da saúde do próximo. Que o bondoso Deus o acolha na Paz Celestial.”