13/09/2019
Formado pela UFPR em 1957, ele foi presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira e é patrono desde 2010 do prêmio anual nacional da especialidade; é pai da também médica e militar Dra. Carla Clausi
O Conselho Regional de Medicina do Paraná registra com pesar o falecimento do Dr. Roberto Mario Clausi (CRM-PR 956), um dos primeiros intensivistas do Brasil e pioneiro em Curitiba, tendo presidido a AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Ele tinha 85 anos e faleceu na madrugada desta sexta-feira (13) no Hospital Sugisawa, na Capital, onde tinha sido internado. O corpo será velado a partir das 15h na capela 2 do Cemitério do Água Verde, onde ocorrerá o sepultamento às 17h ainda desta sexta. As condolências da classe médica à família e aos amigos.
Natural de João Ramalho (SP), o Dr. Roberto Clausi era casado com D. Maria Isabel de Jesus Miranda Clausi e pai da Dra. Carla Maria Clausi (CRM-PR 11.148), também médica e primeira mulher a alcançar a patente de tenente-coronel das Forças Armadas e, ainda, a assumir uma unidade militar de saúde. O Prof. Clausi atuou em vários hospitais da Capital, sendo responsável pela ativação de suas UTIs, como Hospital de Clínicas, São Vicente, XV e Sugisawa, tendo sido ainda diretor clínico da Unimed Cascavel. Esta semana, a Medicina paranaense já tinha perdido o Dr. Diether Henning Garbers (CRM-PR 187), presidente da Sociedade Paranaense de Pediatra por quase 30 anos, e o Dr. Emilio Rintaro Suzuki (CRM-PR 4068).
Trajetória
O Dr. Roberto Mario Clausi formou-se em Medicina pela
Universidade Federal do Paraná em 1957, tendo se registrado em novembro de 1960 no Conselho de Medicina. Tinha título
de especialista em Medicina Intemsiva. Em 2007 ele foi homenageado pelo Conselho na passagem dos 50 anos de formado, recebendo
o Diploma de Mérito Ético-Profissional pelas mãos da filha médica, que se formou em 1987 pela
mesma UFPR e tem especialidades em Medicina Intensiva e Cirurgia Geral. No ano passado ele tinha recebido a Medalha do Pacificador
do Exército Militar Brasileiro, uma condecoração criada para militares e civis que tenham prestado serviços
ao Exército.
Um dos maiores nomes da especialidade no país, ele era patrono do prêmio anual concedido pela Associação durante o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva. Em dezembro do ano passado, ao fazer a entrega do melhor trabalho em ventilação mecânica ‑ Prêmio Roberto Mario Clausi ‑, ele declarou: “Onde trabalho, e onde trabalhei, persiste uma atmosfera de preocupação positiva de busca por diagnóstico precoce, por tratamento eficaz e para solucionar este grave problema que nos aflige nos últimos 25, 30 anos. Sou um apaixonado pelo procedimento, que começou com um Bird MK7 e um ambu manual e acompanhei a evolução meteórica da tecnologia nessa área. Lembra-me as estrelas do céu: cada dia se descobre novas e desvendam seus segredos, o mesmo em VM. Precisamos manter a chama acesa, a paixão não pode fenecer”.
E prosseguiu: “A evolução da ventilação mecânica em nosso país é muito boa. Temos um número enorme de UTIs bem equipadas, com especialistas médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, que fazem um hercúleo esforço para salvar vidas. Por isso, faço esta contribuição (a premiação) para estimular os jovens e também os mais velhos, que poderão começar a conceder outros prêmios para engrandecer a nossa UTI.
Em agosto de 2016, na passagem do Dia dos Pais, a ABIB publicou em seu Portal material jornalístico para homenagear “os profissionais de UTI que tratam os pacientes como se fossem seus próprios filhos. Verdadeiros heróis, que trabalham incansavelmente pela saúde de outras pessoas e inspiram quem mais amam: suas famílias!”. Entre os exemplos de pais que se dedicaram à carreira com paixão e motivaram seus filhos a trilhar o mesmo caminho profissional, mencionaram o Dr. Roberto Mario Clausi, um dos primeiros intensivistas do Brasil, que já levava a filha para visitar hospitais quando ela tinha apenas seis anos.
“Desde pequena, sempre disse que queria ser como meu pai. Via o quanto ele se dedicava aos pacientes, o que me dava muita alegria. Ele me apresentou a melhor parte da medicina e me fez despertar para os grandes desafios da terapia intensiva. É meu melhor amigo e meu mestre para a vida”, relatou na ocasião a Dra. Carla Clausi, que desde os anos 90 é médica do Exército Brasileiro e há dois anos recebeu o título de Cidadania Paraibana após se tornar diretora do Hospital de Guarnição, em João Pessoa, feito inédito para uma militar mulher.
Manifestações
“Com imensa tristeza comunico o falecimento de nosso mestre, chefe, amigo Roberto Mario Clausi. Momento muito difícil para todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e tê-lo como uma grande referência não apenas na medicina, mas na vida”, registrou um colega de Hospital XV em grupo de médicos no WhatsApp.
“Hoje é um dia de luto para a Medicina Intensiva Paranaense e Brasileira. Faleceu o pioneiro da nossa especialidade, o Dr. Roberto Mário Clausi. Exemplo de paixão pela especialidade e de exercício da Medicina. Um professor motivado que nos contagiava com sua criatividade. Um amigo querido e solidário. Sempre feliz nos brindava com sua alegria. Quanta falta nos fará”, registrou nas redes sociais a Dra. Mirella Cristine de Oliveira, ex-presidente da Associação Brasileira.
A AMIB ainda registrou em seu Portal a triste perda: “O pneumologista e intensivista teve papel de grande relevância à medicina intensiva brasileira. Conheceu a área ainda nos anos 60, em Roma. Ao voltar ao Brasil, trabalhou pela instauração de leitos de UTI”.
Confira aqui um pouco mais da história do médico.