16/05/2016
Em 2016, a Campanha Pra Toda Vida, promovida pela instituição, completa 10 anos de existência com o apelo de cuidar e proteger as crianças e adolescentes, e denunciar os maus-tratos
Há 10 anos, o Hospital Pequeno Príncipe, referência no atendimento de crianças vítimas de violência sexual e maus-tratos em Curitiba e na região metropolitana, promove a Campanha Pra Toda Vida – A violência não pode marcar o futuro das crianças e adolescentes. A campanha alerta a comunidade para a importância de cuidar e proteger os meninos e meninas, e denunciar qualquer suspeita de violência.
Em 18 de maio, Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, a discussão sobre esse tema ganha força, já que os números são cada vez mais alarmantes. Durante esses 10 anos, a quantidade de casos de suspeita de violência atendidos na instituição cresceu quase 50%, de 282 casos saltou para 415 em 2015. Somente de 2014 para 2015, houve um aumento de 42 ocorrências, em 2014 foram 373 casos. Quase metade desse total refere-se à violência sexual.
Para a psicóloga do Hospital Pequeno Príncipe, Daniela Prestes, a hipótese é de que cresceu o número de denúncias. “Há mais de 10 anos, tínhamos uma subnotificação dos casos de abuso sexual. Antes o número era muito maior de notificação de violência física, pois acredito que se falava menos das questões da sexualidade com relação aos menores”, ressaltou a especialista.
Ainda de acordo com a psicóloga, a maior divulgação do assunto na mídia, a discussão nas escolas e a veiculação do tema na comunidade contribui para que as pessoas conheçam mais sobre o assunto e denunciem. Somente em 2015, o Disque-Denúncia Nacional registrou mais de 80 mil ligações. “É importante estimular a denúncia e expor que ela pode ser anônima. Se observamos que um adulto não está dando conta de zelar pelos direitos de uma criança ou adolescente, cabe a qualquer cidadão resguardar aquele menino ou menina. O adulto precisa ser o porta-voz”, destacou a psicóloga. Os casos de agressão podem ser informados anonimamente ao Disque-Denúncia Nacional (100), Disque-Denúncia Estadual (181) ou a Prefeitura de Curitiba (156).
Dados preocupantes
Mais de 60% dos casos de violência atendidos no Hospital Pequeno Príncipe acontecem em ambiente intrafamiliar, ou seja, são praticados pelos pais, avós, tios, entre outros membros da família. Os dados são reforçados pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, que registrou quase 90% dos casos com essa característica. “Esse tipo de violência pode atingir qualquer classe, cultura e religião. Além disso, o público acredita que quem é próximo da vítima, não faria algo tão maldoso dessa forma e a suspeita é amenizada”, pontuou Daniela.
Os agressores são, em grande parte, homens e as vítimas, meninas. Cerca de 60% está na fase da primeira infância, ou seja, tem entre 0 a 6 anos. O dado é chocante, já que quanto mais precoce em termos de idade, mais afetado o indivíduo é. Segundo a psicóloga, as crianças vitimadas podem ser prejudicadas no desenvolvimento motor, intelectual e psíquico. “Por isso, o Hospital tem um trabalho multiprofissional com o intuito de atender as crianças e adolescentes o quando antes, para amenizar as sequelas e melhorar a qualidade de vida do indivíduo”, finalizou.
Sobre a Campanha Pra Toda Vida
O Hospital Pequeno Príncipe é referência no atendimento de casos de suspeita de violência desde a década de 1970, quando os profissionais iniciaram o atendimento diferenciado às crianças que chegavam à instituição com lesões incompatíveis com as histórias relatadas por seus responsáveis. Desde então, a instituição desenvolve ações de mobilização e conscientização sobre o tema.
Essas atividades foram formalizadas como parte da Campanha Pra Toda Vida – A violência não pode marcar o futuro das crianças e adolescentes. Por meio dela, desde 2006, é realizada a mobilização da sociedade, feita a distribuição de cartilhas para profissionais das áreas da saúde e da educação, e organizadas campanhas para estimular a denúncia. Tudo para contribuir com a redução dos casos de maus-tratos registrados no Brasil.
Fonte: Pequeno Príncipe