27/03/2023
Pediatras lançam campanha contra os maus-tratos de crianças e adolescentes
Com o mote “Diga não à violência”, Sociedade Brasileira de Pediatria visa alterar um triste cenário do Brasil: a normalização
da violência intrafamiliar contra a faixa etária até os 19 anos
Só é possível promover o desenvolvimento
físico e psíquico saudável de uma criança e de um adolescente com bom cuidado, carinho, diálogo,
estímulo e orientação dos pais e responsáveis. Esta é a mensagem que norteia a campanha
“Diga não à violência”, promovida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A iniciativa
visa alterar um triste cenário do Brasil: a normalização da violência intrafamiliar contra crianças
e adolescentes.
ACESSE AQUI O SITE DA CAMPANHA
Em levantamento realizado em 2021, a SBP jogou luz nesse cenário e revelou um dado alarmante:
pelo menos 103.149 crianças e adolescentes entre o nascimento e os 19 anos de idade foram mortos, vítimas de
agressões, entre janeiro de 2010 e agosto de 2020, sendo que grande parte dos agressores eram pessoas da família
ou próximas, que deveriam ter o dever de cuidar e proteger. A violência é uma das principais causas de
morbimortalidade da população pediátrica no País.
“Diante dessa realidade, buscamos propor uma reflexão para os pais e responsáveis
sobre a criança que foram um dia e a importância de repassar para os filhos atitudes que os fizeram evoluir,
nunca as que lhes causaram sofrimento. A campanha alerta sobre as cicatrizes que as violências físicas e psíquicas
deixam para toda a vida e o que deve ser feito diante dessas situações: orientar, tratar, proteger e denunciar”,
afirma o presidente da SBP, Dr. Clóvis Francisco Constantino.
Segundo a presidente do DC de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância
e Adolescência da SBP, Dra. Luci Pfeiffer, a campanha aborda a prevenção e o enfrentamento da violência
intrafamiliar. Tem como focos principais o alerta sobre em que se constitui a violência praticada pelos pais ou responsáveis,
seus danos, a orientação, o tratamento, a orientação e a denúncia, para o desencadeamento
das medidas de proteção de direito das crianças e adolescentes.
“Esse é um tema que merece um olhar diferenciado dos pediatras, uma vez
que as estatísticas mostram que a maior parte das violências na infância e grande parte das violências
na adolescência acontecem dentro das casas, caracterizando a violência intrafamiliar e doméstica, onde
as vítimas são reféns permanentes de seus agressores. O pediatra precisa estar atento aos sinais desta
doença, insidiosa, crônica e progressiva, durante todas as consultas e atendimentos de seus pacientes”,
frisa Dra. Luci.
Ela orienta que frente
à suspeita ou o diagnóstico de prática de violência contra a criança ou adolescente, seja
ela física, psíquica ou sexual, o pediatra deve seguir a avaliação do caso, orientar a família,
tratar e acompanhar a vítima, encaminhar os agressores para tratamento, quando passíveis de tratamento e, fazer
a Notificação Obrigatória.
CAMPANHA
Para alertar os pediatras e a população
sobre a prevenção e enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes, foram criadas
mensagens de alerta a serem divulgadas por meio das redes sociais, com informações e orientações
sobre como proceder.
O Ped Cast SBP trará
um podcast especial sobre o tema, com orientações aos pais e responsáveis sobre os traumas causados às
crianças e adolescentes vítimas de agressões físicas ou psíquicas. Também está
previsto um episódio do Famílias em Pauta sobre o tema, que será gravado e exibido no mês de maio.
Um documento científico voltado aos pediatras, com orientações sobre como proceder durante as consultas
ao detectar um caso de violência intrafamiliar.
“Para que a iniciativa alcance seus objetivos – a prevenção, a interrupção
e o tratamento da violência contra crianças e adolescentes - vamos juntos nessa missão, pediatras e população.
Compartilhe o conteúdo em suas redes sociais e nos ajude a espalhar essa importante mensagem a todo o Brasil. Toda
criança e adolescente merece crescer em um ambiente saudável, de amor, carinho, respeito, estímulos e
proteção a seu desenvolvimento, e, com os melhores cuidados”, conclama a Dra. Luci.