16/08/2006

Participantes enaltecem eficácia de telepatologias

Recepção de imagens de micro e macroscopia, exames radiológicos, informações clínicas, visualização de autópsia e discussão anátomoclínica. Estes são alguns dos recursos apresentados durante as aulas interativas transmitidas mês-a-mês da USP para os auditórios das sedes do CRM em Curitiba e da Regional de Maringá.

No dia 4 de julho último, a quarta edição do ano do programa de videoconferências teve a participação de quase uma centena de pessoas, entre estudantes, residentes, médicos e professores. Para o segundo semestre estão previstas mais quatro telepatologias, nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro, sempre na última terça-feira de cada mês, pela manhã. A próxima será realizada no dia 29 de agosto, nos auditórios do Conselho de Medicina nas sedes em Curitiba e Maringá.

Há quatro anos o Conselho do Paraná firmou convênio com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para transmitir, por videoconferência, as discussões anátomo-clínicas realizadas a partir de necropsia. O objetivo das chamadas telepatologias é fazer com que os estudantes das universidades paranaenses debatam o caso, apresentado em São Paulo, e cheguem a um consenso sobre o diagnóstico. Para isso, a equipe da USP realiza uma autópsia em tempo real, possibilitando a análise do histórico da "vítima", os sintomas apresentados antes e durante o período de internação e os exames realizados. Em seguida, trocam experiências, sugerem hipóteses e discutem o caso, sempre on line. Após a conclusão da necropsia os participantes chegam a um diagnóstico comum e discutem a melhor forma de preencher o atestado de óbito.

Para o diretor médico do Centro de Terapia Semi-Intensiva do Hospital das Clínicas da UFPR, Prof. Francisco Luiz Magalhães, cuidar diretamente de um doente é a forma mais eficaz de aprender e sedimentar conhecimento em Medicina. "Sendo o paciente objeto de estudo, a busca por informações se desenvolve de forma muito mais efetiva", afirma. O professor, especialista em Clínica Médica e Medicina de Urgência, acredita que o exercício anátomo-clínico é a melhor forma de estimular, desenvolver e aprimorar o raciocínio clínico. Por isso, ele é um dos incentivadores do programa, tanto que obteve a inclusão da atividade no programa teórico anual dos Residentes e do Estágio Obrigatório dos alunos do sexto ano do Departamento de Clínica Médica do HC/UFPR. A última transmissão também contou com a presença, no auditório do CRM em Curitiba, dos estagiários do 6.° ano e residentes do Hospital Evangélico do Paraná.

Também por acreditar no projeto de Educação Continuada do Conselho, o coordenador do curso de Medicina do Centro Universitário Positivo (UnicenP), Prof. Ipojucan Calixto Fraiz, reuniu mais de 170 alunos no auditório do Conselho durante a terceira edição do programa, realizada em 30 de maio, o que ajudou a transformá-la numa das mais concorridas entre todas as edições realizadas. Naquela oportunidade, além dos estudantes e professores do UnicenP, também estiveram presentes acadêmicos do Hospital das Clínicas da UFPR e Santa Casa de Misericórdia/PUCPR, no auditório do CRM em Curitiba. No auditório da Regional de Maringá, 63 alunos da UEM acompanharam a aula.

"São muitos os benefícios das Telepatologias. Primeiro, o uso da tecnologia da transmissão a distância, que permite a troca de experiência com escolas que tem o serviço muito bem estruturado, como a USP. Depois, o fato de ter alunos de várias séries, o que motiva o estudo e exercita o raciocínio clínico. E, por fim, a integração entre as escolas, permitindo aos alunos perceberem as deficiências de cada instituição, o que acaba servindo como controle de qualidade da escola", analisa o professor da UnicenP.


Avaliação dos acadêmicos

"Os eventos de tele-educação são dinâmicos e têm conseguido reunir um público heterogêneo, envolvendo desde alunos dos períodos básicos até professores experientes, passando por acadêmicos do sexto ano e vários residentes das Escolas Médicas".

A análise é do sextanista da Federal, Rafael Massuda, que participou pela primeira vez de uma edição e diz que a estrutura das telepatologias é fascinante. "Você discute o caso clínico de uma maneira muito completa: desde o início do atendimento até o óbito do paciente, com a necropsia. Essa noção dá orientação de raciocínio clínico, o que é muito importante", afirma. O estudante, defensor de projetos voltados à qualidade de ensino médico, ressalta também a importância da integração entre as escolas: "Quando se misturam as faculdades, pode-se contrapor os modelos de formação".


Videoconferências com mais 4 edições

As aulas por videoconferência duram normalmente de duas a três horas e são realizadas sempre na última terça-feira de cada mês, excetuando-se julho e dezembro face a interrupção das atividades acadêmicas. Excepcionalmente, a última edição do primeiro semestre foi realizada em julho, devido a coincidência de data de junho com a realização de jogo da Seleção Brasileira pela Copa do Mundo.

"As telepatologias associam conhecimentos de informática médica e patologia digital com recursos de telecomunicação, relacionando-se às modalidades da telemedicina de telediagnóstico, teleconsulta e tele-educação", ressalta Luiz Sallim Emed, conselheiro responsável pelo Programa de Videoconferências. Ele completa: "O objetivo é levar educação continuada aos profissionais e acadêmicos, contribuindo na formação dos futuros médicos."

A primeira edição deste ano ocorreu em 28 de março. Na capital, cerca de 60 pessoas acompanharam a transmissão, entre residentes, estudantes e professores das faculdades de medicina da UFPR, PUC-PR, Evangélica e UnicenP, além de um grupo de enfermeiras convidadas. Em Maringá, foram mais 60 participantes, entre professores e estudantes da UEM. Em abril a transmissão foi realizada no dia 25 e cerca de 70 pessoas estiveram reunidas no auditório da Santa Casa, em Curitiba, e outras 50 no auditório da Delegacia de Maringá. A próxima Telepatologia está prevista para o dia 29 de agosto.

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