Procedimento é anunciado com promessa de curas milagrosas de doenças graves, como câncer e AIDS
O Conselho Federal de Medicina aprovou o Parecer n.º 12/07, que expressa não haver comprovação científica de eficácia
do procedimento denominado de auto-hemoterapia, Tendo como relator o conselheiro Munir Massud, o parecer sustenta que "a auto-hemoterapia
não foi submetida a testes genuínos, não foi corroborada e nada há além de indícios de casos isolados narrados com dramaticidade
e que pouco se prestam a provar coisa alguma perante a ciência e que ampare o seu valor, sendo o seu uso atual em seres humanos
uma aventura irresponsável".
O procedimento, também chamado de auto-transfusão, corresponde à retirada de pequena quantidade de sangue por via intravenosa
e administrado na mesma pessoa por via intramuscular, com a pretensa finalidade - alegada por alguns dos seus defensores -
de estimular o sistema imunológico ou de atuar como "vacina autógena", e assim tratar ou prevenir infecções e também tratar
diversas doenças, in anima nobili, de etiopatogenias distintas.
Na ementa, destaca-se que o parecer acata que "a Medicina atual fundamenta seu saber em resultados de hipóteses genuinamente
testadas, em resultados que se repetem, em evidência enfática, razão, experiência e ceticismo e que compreende um processo
contínuo cujas atividades fundamentais são observar e descrever fenômenos e tirar conclusões gerais a respeito deles, integrar
novos dados com observações organizadas que foram confirmadas, formular hipóteses testáveis baseadas nos resultados dessa
integração, testar essas hipóteses sob condições controladas reprodutíveis, observar os resultados desses testes, registrando-os
de maneira não-ambígua e interpretá-los claramente e buscar ativamente a crítica dos participantes."
A posição do CFM foi solicitada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), diante da preocupação decorrente
da popularização desse tipo de terapia, que oferece baixo custo e é anunciada com a promessa de curas milagrosas para doenças
graves, como câncer e AIDS, o que não é comprovado pela ciência, de acordo com o parecer do Conselho, aprovado na Sessão Plenária
de 26 de outubro e agora repassada a todos os Conselhos Regionais. O relator analisou diversos estudos, artigos e revistas
científicas disponíveis sobre o tema, da década de 1930 aos dias de hoje.
A conclusão geral da análise é a de que "não existem estudos relativos à auto-hemoterapia desde a sua proposição como
recurso terapêutico na primeira metade do século XX até os dias atuais" e que "não há evidência científica disponível que
permita a sua utilização em seres humanos".
PROCESSO-CONSULTA CFM Nº 4.275/07 - PARECER CFM Nº12/07
INTERESSADO: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa
ASSUNTO: Auto-hemoterapia
RELATOR: Profº Dr. Munir Massud
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